Haddad diz que não concordará sempre com Galípolo sobre atuação do BC

Haddad escolhe substituto de Campos Neto no BC para 2025
O escolhido de Haddad é Galípolo / Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Na avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), sua relação de confiança e proximidade com o economista Gabriel Galípolo, novo presidente do BC (Banco Central) não trará qualquer interferência do governo federal na condução da política monetária pela autarquia. O ministro afirmou que “cada um está em seu papel” e que não irão “concordar sempre sobre diagnóstico e o que fazer”.

O ministro reiterou, durante entrevista no programa Estúdio i, da “GloboNews” nesta terça-feira (7), que seu papel é “resolver tecnicamente o problema” e que era isso que fazia com Roberto Campos Neto, antecessor de Galípolo, e o que fará com o novo comando.

“Isso não significa dizer que nós vamos concordar sempre sobre o diagnóstico e o que fazer, mas cada um está no seu papel”, completou o ministro da Fazenda. 

“Eu posso chegar um dia para o Gabriel: será que vocês estão tomando a decisão correta? Mas a decisão [sobre a taxa básica de juros] é dele e do colegiado do Copom [Comitê de Política Monetária do BC]. Eu posso subsidiá-lo com informações, como ele consulta gente do mercado, ele consulta gente do governo, ele consulta gente do setor produtivo”, prosseguiu Haddad. 

Uma das afirmações de Haddad é que o BC “não consulta só os bancos’, tem um “apanhado” de informações e dialoga com a sociedade, porém, quando se trata da decisão, há um colegiado de nove pessoas que se reúnem, fecham as portas e tomam uma decisão autônoma. 

“Isso não vai mudar com o Gabriel, e eu tenho a absoluta confiança de que ele sabe qual a missão do Banco Central.”

Haddad reforçou o discurso já indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o governo não fará qualquer pressão sobre a autoridade monetária. 

“Eu vi e ouvi as conversas que precederam o convite do presidente ao Galípolo e o presidente deixou absolutamente claro que, independentemente de lei, ele ia tratar o Banco Central com a mesma deferência, com o mesmo respeito com que ele tratou o [Henrique] Meirelles [presidente do BC nos dois primeiros mandatos de Lula]”, concluiu.

Galípolo fez parte da equipe econômica do Governo Lula antes de chegar à presidência do BC, atuando como secretário-executivo do Ministério da Fazenda – cargo considerado o “número 2 de Haddad” na pasta.

Haddad avalia que intervenções do BC no dólar foram corretas

As intervenções realizadas pelo BC (Banco Central) no câmbio ao longo do mês foram corretas, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). O dólar encerrou a sessão desta segunda-feira (30), a última de 2024, cotado a R$ 6,17.

“O câmbio não é fixo no Brasil. O dólar este ano de 2024 termina muito forte no mundo todo, mas eu penso que as intervenções do Banco Central foram corretas, no sentido de dar liquidez para quem eventualmente está fazendo remessa, enquanto o mercado processava as informações a respeito das medidas fiscais”, afirmou Haddad a jornalistas nesta segunda-feira (30). 

“Penso que foi um movimento correto do BC”, completou o ministro. No decorrer do período a autoridade monetária fez nove intervenções no câmbio, com o objetivo de controlar a disparada do dólar frente ao real. 

Porém, mesmo com as intervenções, o real desvalorizou 27,35% contra a divisa norte-americana ao longo do ano. Este foi o pior desempenho negativo desde 2020, no auge da pandemia de covid-19.

Haddad também falou sobre a assinatura e publicação dos decretos para nomeação de Gabriel Galípolo como novo presidente do BC, bem como dos novos diretores indicados pelo presidente Lula. 

Isso aconteceu na tarde de segunda-feira, em um cerimônia fechada, no Palácio do Alvorada, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o “Valor”.

O ministro Fernando Haddad afirmou que os três novos nomes indicados às diretorias do BC não eram conhecidos de Lula pessoalmente. 

Nilton David, futuro diretor de Política Monetária; Gilneu Vivan, Regulação; e Izabela Correa, de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta passarão a integrar a autarquia a partir de 1º de janeiro. 

O mandato de Galípolo na presidência do BC também começa a partir desse dia e irá até 31 de dezembro de 2028.

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