O efeito das chuvas e o debate global

editorial

Debate global. Os gestores que tomaram posse na última quarta-feira (1º) têm entre os muitos desafios preparar a infraestrutura das cidades para o enfrentamento das chuvas. Os últimos três meses do ano e o início de janeiro dão mostras de temporais cada vez mais intensos, que levam a inundações e desabamentos. Tais imagens perpassam o noticiário nacional, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. O verão mal começou e só fecha com as águas de março.
Normalmente, as chuvas mais intensas ocorrem a partir da segunda metade de janeiro, mas a instabilidade climática mudou a sazonalidade. Outubro de 2024 registrou índices acima de anos anteriores; novembro e dezembro foram pelo mesmo caminho, e janeiro não parece ser diferente.
Tal cenário não deve surpreender, pois os climatologistas têm apresentado alertas frequentes sobre a instabilidade. A questão é a resposta de gestores e gestoras municipais. A Associação Mineira de Municípios programou para os dias 21, 22 e 23 um ciclo de discussões, especialmente para os executivos de primeiro mandato, em torno dos desafios da função. E são muitos, a começar pela infraestrutura das cidades.
No caso mineiro, a topografia é um agravante. Um expressivo número de municípios, entre eles Juiz de Fora, se situa em meio às encostas, o que amplia os riscos de desabamento. Como enfrentar essa demanda é uma das discussões, sobretudo em torno da captação de recursos para obras de contenção.
A mudança climática é tema recorrente neste espaço por conta de sua relevância e pelo descaso como o tema ainda é tratado em importantes instâncias. Os anos passam, e ainda há fortes resistências para a tomada de decisões, mesmo diante das evidências, que apontam os riscos para a população.
No dia 25 deste mês, Donald Trump volta à presidência dos Estados Unidos com a disposição de desmistificar algumas questões em torno do debate ambiental. Vai reforçar a exploração de petróleo, reduzir os financiamentos para a pauta climática e retirar os EUA de fóruns importantes sobre o tema.
As consequências só o tempo irá apontar, mas há um clima de incertezas quando o país mais rico do planeta dá essa guinada. Os muitos encontros para tratar da mudança climática repetem os anteriores ao apontar para os riscos de qualquer recuo. As chuvas são cada vez mais intensas, e as secas, mais prolongadas, mas Trump e outros líderes entendem que são situações distintas. A ciência discorda, mas na própria história do mundo a ciência tem ciclos em que suas observações foram relegadas. E os custos foram altos.
Às vésperas da posse, já há consequências. De acordo com a newsletter “Meio”, organizações como Morgan Stanley, Citigroup e Bank of America anunciaram que estão deixando a Net-Zero Banking Alliance (NZBA), um grupo global de bancos para o clima. Goldman Sachs e Wells Fargo já haviam adotado a mesma medida. As maiores instituições financeiras dos EUA estão sob pressão de parlamentares republicanos.
Desde decisões de alcance global a ações nos municípios, o componente ambiental deve ser prioridade. Além disso, o setor privado tem papel assertivo nessas questões, com as empresas cada vez mais aderindo a pautas como ESG, que envolvem meio ambiente, social e governança. O conjunto desses critérios leva a resultados importantes.

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