Pardal diz que é preciso ‘tirar um pouco da polarização que existe a nível nacional’

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A Rádio Transamérica entrevistou, nesta quarta-feira (27),  Luiz Otávio Fernandes Coelho, o Pardal (União), na série com os vereadores eleitos em Juiz de Fora. Ele foi eleito para o quinto mandato, após receber 4.282 votos.

Transamérica: Vereador, você está agora caminhando para o quinto mandato e a primeira pergunta que nós temos feito a nossos entrevistados, é: em quem você vai votar para a presidência da Câmara? Sabe-se que você também pode se candidatar para a presidência da Câmara em uma nova legislatura.

Pardal: Nós tivemos a iniciativa de colocar (essa candidatura), até para ter uma possível segunda opção de avaliação, mas nós tivemos essa iniciativa de abrir mão desse processo, até porque entendemos que o vereador Zé Márcio, hoje o presidente nessa atual legislatura, eu acho que é importante ele também dar continuidade para o próximo período. É um processo natural. Quando fui presidente, nós tivemos várias possibilidades de essa ou aquela mesa que estava sendo criada e tínhamos aquelas discussões sadias, com o objetivo até de criar uma situação para não ficar de forma unânime, conforme não ocorreu naquele período. Mas, dessa vez agora, com o presidente Zé Márcio, a gente teve a oportunidade também de estar participando. Não vejo ainda para o próximo período nenhuma possibilidade de nós não estarmos apoiando ele também, haja vista que todos os colegas vereadores também têm essa intenção. Então vamos trabalhar em torno disso, não vejo problema de estar apoiando o vereador Zé Márcio, desde que ele queira e que a gente possa, é óbvio.

Vereador, vamos falar agora deste seu quinto mandato. Você já tem alguma meta de outros projetos que pretende apresentar agora, já no início do mandato nessa nova legislatura? 

A gente tem que estar sempre procurando aprimorar, né? Conforme você disse, nós estamos caminhando aí, com a graça de Deus e aos amigos, para esse nosso quinto mandato e uma das coisas que mais incomoda a gente é aquilo que nós estamos observando, infelizmente, na nossa cidade: que é o problema focado na área da saúde. Isso não é o papel direto do vereador, mas a gente também tem oportunidade de procurar também achar algumas alternativas, alguns caminhos e aprovar matérias que possam ser de interesse do Executivo. Na condição de líder nesse período, não sei se isso vai estar acontecendo a partir do ano que vem, temos que procurar melhorar um pouco mais a saúde. Porque a gente precisa estar cuidando de tudo que é necessário aqui para o nosso município, em todos os seus segmentos, mas as famílias precisam ter uma atenção maior, principalmente no que diz respeito à parte da saúde, que são liberação de exames, cirurgias eletivas e vários outros componentes que realmente é necessário a gente melhorar. 

A nossa expectativa é que a prefeita também, com a sua inteligência, sabedoria e competência, vá achar o caminho para que nós possamos fazer muito diferente. Precisamos melhorar muito – e essa é a minha expectativa. Um dos pontos principais desse novo mandato é buscar alternativa para que a gente possa contribuir com os nossos cidadãos aqui na nossa cidade, também no que diz respeito à saúde.

Sobre aquela UBS lá do Bairro Manoel Honório, em que pé está a obra, Pardal?

Está dentro da programação de 18 meses para poder tirar do papel aquilo ali, depois de 40 anos. Agora começa essa parte de fazer o acabamento. A nossa expectativa é muito grande, porque foi uma luta incessante ali, tivemos uma participação do então deputado Charles para disponibilizar R$ 2,5 milhões, a prefeita foi e abraçou também os projetos necessários. Hoje a gente pode vislumbrar que está em uma fase já de 70, 75%. A expectativa nossa é que realmente possamos tirar 40 anos de desassistência dos moradores ali do Bairu, Manoel Honório, Centenário, Ladeira, todo mundo sempre precisa e nunca tinha opção e agora, graças a Deus, que a gente pode estar em breve inaugurando aquela obra, que vai ser muito importante para os moradores.

Você foi quatro vezes vereador em uma legislatura com 19 vereadores. Teremos agora, a partir de 2025, 23 e, digamos assim, você pode ser renovado como líder do governo lá na Câmara Municipal. Como será a lida, você percebe alguma mudança? Hoje há uma bancada de oposição bem assertiva. Você como líder, claro que você tem que ser reconduzido pela prefeita, mas qual o papel que você acha que o líder terá pela frente agora e, claro, algumas dificuldades que certamente poderão surgir?

Pardal: Olha PC, é uma pergunta muito interessante e importante. O que a gente deixa aqui é para que as pessoas tenham essa conscientização, principalmente nós vereadores, que nós precisamos tirar um pouco dessa polarização que existe a nível nacional. Em Juiz de Fora, o papel do vereador não tem essa extensão de seguir aquilo que está sendo um debate muito ativo lá dentro do Congresso Nacional, dentro da Assembleia. Se a gente puder ter essa oportunidade de focar para aquilo que nós somos eleitos, dentro daquilo que necessariamente nós possamos contribuir, como vereador, para que a vida das pessoas possa melhorar, eu acho que essa é a expectativa. O papel do líder, na realidade, ele também não entra muito nessa seara de partidos que vão estar disputando coisas a nível nacional. Eu não sei se é benefício para a nossa cidade, mas é exatamente aprovar as matérias de interesse dos nossos cidadãos, das nossas pessoas, matérias essas que são oriundas do Executivo, e esse é um dos papéis principais.

Com relação a essas possíveis brigas, vamos dizer assim, entre aspas, que possam estar ocorrendo, não sei se está muito certo ou muito errado, ali é um parlamento, é local de se discutir mesmo. A gente respeita, mas vamos torcer para que a gente não bote isso em primeiro plano em função daquilo que necessariamente dentro das nossas competências, do que cabe ao vereador, buscar melhorar a vida das pessoas no que diz respeito a tudo aquilo que é de interesse do dia a dia.

Estamos falando sobre a próxima legislatura, mas eu não posso deixar de perguntar sobre a atual legislatura, já que está na Câmara a lei orçamentária para 2025. Ela deve entrar agora, na semana que vem, não é? Havia discussões de alguns pontos pendentes. Já foram superados? 

Realmente é uma peça que é fundamental a cada ano, a peça da lei orçamentária, realmente tem já esses estudos, que são reunidos no Executivo, dentro daquilo que é uma programação que nós precisamos estar aprovando e possibilitar com que o Executivo possa, de fato, colocar em prática. Mas sempre tem algumas alterações, algumas formas que as pessoas também precisam fazer uma complementação, ter algumas discussões. Nós estamos em uma expectativa muito boa de que realmente é necessário fazer essa aprovação e algumas alterações necessárias ali pequenas, eu acho que também vai ser possível.

Aquela questão do pagamento dos hospitais, que também estava pendente, você entrou na discussão também, você fez pedido de informação.

Realmente isso é uma coisa que faz um mal muito grande, quando eu comecei aqui na minha fala, ao seu lado, falando sobre a saúde, é um dos pontos principais. Porque participei junto com membros da Comissão de Saúde, da Câmara, junto com o promotor doutor Rodrigo e outros promotores também, para tentar achar uma solução com relação a esses problemas, que são os serviços prestados pelos hospitais da nossa cidade e o repasse não está chegando a eles, ou seja, eles também têm compromisso. Então tem um conjunto, uma cadeia que está realmente muito complicada, porque se os prestadores fazem o serviço e não são repassados pela Prefeitura esses recursos, aí começa a ter uma complicação muito grande, principalmente porque a Prefeitura não está se negando de repassar também esse recurso, mas tem uma lei que foi feita, uma emenda.

Essa lei é obrigada, primeiro, a mostrar o trabalho que foi feito, né? 

Exatamente, esse trabalho que foi feito é automaticamente feito, essa amostragem já sai direto a forma de pagamento, mas tem um impedimento agora, que é uma emenda, de um projeto que foi construído, que impossibilita que o Executivo possa fazer o repasse de R$ 30 milhões, que já está dentro dos cofres do município, para poder fazer o pagamento desses profissionais que prestam serviço. Tem um impasse danado, e a gente faz até uma pergunta. A Prefeitura está procurando fazer a parte dela, mas inviabilizada pela forma que a lei não autoriza ser feito. E aí, o que se faz? É uma pergunta que eu também não sei responder.  A Prefeitura não se nega a pagar, mas é impossibilitada por força de uma lei federal.

O promotor de justiça, Dr. Rodrigo, também está cobrando para que os prestadores de serviço também façam aquilo que é necessário para atender a população. Eles também estão no direito de, talvez, não fazer, não sei se está certo, mas também se não estão recebendo, por que também continuar fazendo a prestação de serviço? Resumindo, fica uma situação sem solução. Agora vamos levar para um lado mais traumático, mais perigoso… e se todas essas partes que podem resolver o problema da saúde, não fizerem, e desassistir as pessoas de um atendimento? E se as pessoas nos hospitais começam a vir a óbito? Quem é que vai pagar essa conta? A Prefeitura tem um dinheiro, não faz o pagamento porque tem uma lei que impede. Os prestadores de serviço não vão continuar trabalhando para prestar o serviço, porque também não estão recebendo. Nós também não temos resposta para uma situação dessa. Agora a gente espera que tenha alguma solução de forma imediata.

Vocês esperam construir essa solução nessa semana agora que começam as sessões? 

Eu acho que sim. Eu acho que é fundamental nós acharmos um caminho, apesar de ser uma interrogação sem tamanho, sem fim, porque não sabemos aonde se busca a resposta. O fato é que, no produto final, as pessoas que estão lá no atendimento, não estão tendo a assistência necessária, podem vir a óbito e a partir daí a gente não sabe o que pode estar ocorrendo. 

Sobre o Hospital Regional, você acha que é possível retomar ou esperar o resultado dessa ação que o Ministério Público está movendo em parceria com a Prefeitura contra o Estado? 

Olha, eu acho que tem que ter respeito com o dinheiro público, né? Porque já se vão em média 15 anos, um pouco mais, com relação àquele prédio que está ali sem nada.

Quanto tem de dinheiro dos cidadãos aqui da nossa cidade? Investimento alto. Ah, ali não era o local ideal, mas porque não se viu antes? Nós tivemos o governo do PSDB a nível estadual e também a nível municipal, que tem todo o meu respeito e a minha admiração, mas tinha que ter visto isso na hora, porque tem muito dinheiro ali. Então, necessariamente, é preciso esse respeito com aquilo que é objeto de pagamento de impostos dos cidadãos aqui do nosso município.

Tem uma ação agora movida pelo MP. E a Prefeitura está, por meio dos consórcios, também nesse processo. Vamos esperar o resultado.

Vamos torcer para que realmente a gente possa fazer daquele espaço ali uma forma de continuidade e atendimento às pessoas da nossa cidade e da região. 

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