Dólar fecha a R$ 5,91, maior cotação da história

O dólar fechou aos R$ 5,9141 na sessão desta quarta-feira, 27, a maioria cotação de fechamento da história, representando uma alta de 1,75% no pregão de hoje.

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cotação do dólar superou o recorde anterior, que era do dia 13 de maio de 2020. À época, em meio à pandemia, a moeda americana chegou aos R$ 5,9007.

A alta do dólar de hoje está atrelada à notícia de que o Governo deve anunciar ainda hoje uma isenção de Imposto de Renda para quem tem renda mensal de até R$ 5 mil.

A proposta, que é uma promessa de campanha do presidente da República, representaria uma renúncia fiscal relevante e, com isso, frustraria os anseios do mercado, que esperava um pacote de gastos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fará um pronunciamento de pouco mais de sete minutos ainda nesta quarta, 27, no qual deve falar sobre o pacote fiscal. O pronunciamento de Haddad será transmitido em Rede Nacional de Rádio e Televisão às 20h30.

Representantes do Governo, todavia, já confirmaram que a isenção de IR deve estar no pacote

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse que o pacote fiscal que ainda será anunciado incluirá a taxação de super-ricos e a isenção de imposto de renda. Em entrevista coletiva em Brasília, Marinho também disse que o conteúdo do pacote que será anunciado por Haddad será ‘completamente diferente do que vinha sendo ventilado’.

“(Estará) tudo. Supersalários, imposto para os super-ricos, vem tudo aí. Pacote completo”, disse.

Além do efeito negativo no câmbio, a bolsa de valores também respondeu às novidades, caindo 1,45% aos 128.035 pontos.

“O dia que deveria ser marcado pelo esperado pacote de contenção de despesas, poderá contar também com um aumento considerável nos gastos do governo. Na dúvida sobre se o anúncio será conjunto ou não, e sobre se o financiamento da isenção do IR será outro além do pacote de gastos, o mercado, claro, se posicionou de forma bastante defensiva. Afinal, se o financiamento desta isenção de IR vier do pacote de gastos, o valor de R$ 70 bilhões passa a ser irrisório”, explica Helena Veronese, Economista-Chefe B.Side Investimentos.

Renúncia fiscal será bilionária

Lula já isentou quem ganha até R$ 2.640 mensais, o que representou uma renúncia fiscal de R$ 3 bilhões mensais – ou R$ 36 bilhões anuais.

Atualmente mais de 30 milhões de brasileiros declaram Imposto de Renda, e a grande maioria entra na faixa de até R$ 5 mil mensais – ou seja, a renúncia fiscal seria ainda maior.

No ano passado, o ministério da Fazenda estimou o impacto da medida entre R$ 35 bilhões e R$ 40 bilhões ao ano, mas a projeção considera um desenho mais restrito da medida, com foco em rendimentos de até R$ 5 mil e possivelmente incluindo “rampas” para contribuintes ligeiramente acima dessa faixa.

Todavia, em um cenário menos restritivo, no qual a isenção alcançasse faixas superiores de renda ou sem medidas compensatórias, economistas estimam que o impacto fiscal poderia atingir R$ 100 bilhões anuais ou mais.

Dólar no ano

dólar fechou o ano de 2023 em R$ 4,85. Desta forma, a moeda americana acumula uma valorização de 22% desde então.

A valorização vem na esteira de incertezas sobre a política fiscal brasileira, já que o mercado tem intensificado a pressão por medidas mais robustas de contenção de gastos, ao passo que o Governo Federal ainda não apresentou soluções claras.

Nesse contexto, persiste o ceticismo quanto à capacidade do governo de assegurar a sustentabilidade fiscal e cumprir as metas previstas no novo arcabouço fiscal – especialmente de 2025 em dianete.

Além disso, também afetam o dólar fatores externos como a condução da política monetária nos Estados Unidos e a migração de investimentos de mercados emergentes, como o Brasil, para mercados considerados mais seguros.

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