PlatôBR: Atraso das medidas de contenção de gastos públicos já impacta a vida real

A demora do governo para anunciar as medidas de controle das despesas públicas e conseguir gerenciar as expectativas do mercado tem um custo para os brasileiros. A volatilidade financeira diante da falta de consenso em torno das propostas potencializou o impacto de fatores externos aqui no Brasil e já repercute na economia real. A alta dos juros futuros e da taxa de câmbio encarecem o crédito para as empresas e afetam o preço de produtos agrícolas e industriais, respectivamente.

As expectativas em relação ao futuro e as tensões políticas são traduzidas em preços negociados diariamente no mercado financeiro por investidores, empresas e pessoas físicas. A taxa de juros projetada para o futuro é um deles, assim como a cotação da moeda estrangeira e os índices da bolsa de valores, a B3. E é aí que política e economia se cruzam com forte repercussão da primeira na segunda.

Depois de uma virada de ano e de um primeiro trimestre relativamente tranquilos, o mercado começou a elevar o estresse em maio com picos de nervosismo em junho e julho em função das expectativas quanto ao desempenho da economia nos Estados Unidos. O humor de investidores nos quatro cantos do mundo azedou e a cotação do real em relação ao dólar saiu da casa dos R$ 5,10 para R$ 5,80 num curto espaço de tempo.

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Governo se movimenta
Ciente de que uma virada no cenário internacional repercutiria internamente, o governo brasileiro fez alguns movimentos. Por exemplo, autorizou o aumento do preço da gasolina, sinalizando que não represaria reajustes pela Petrobras, que havia um ano não mexia no preço da gasolina. Além disso, anunciou um novo conceito de meta de inflação contínua de 3% ao ano, em substituição às metas que eram obrigatoriamente fixadas para cada ano-calendário.

Nesse meio tempo, o discurso de controle de gastos começou a ganhar força internamente no governo. As falas oficiais da equipe econômica inicialmente focaram no problema da indexação de algumas despesas e no gasto tributário, que é a renúncia de receitas em função de redução e isenção de impostos dados pelo governo como forma de estimular alguns setores.

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