Caso Carrefour (CRBF3): deputado do MDB quer criar comissão contra empresa

Deputado Alceu Moreira / Foto: Divulgação

Alceu Moreira (MDB-RS), deputado federal, apresentou nesta segunda-feira (25) um requerimento para criar uma comissão temporária externa para “acompanhar e monitorar as declarações de boicote auferidas pelo Carrefour (CRBF3) quanto à comercialização de carnes do Mercosul”.

A polêmica em torno do Carrefour começou quando o CEO, Alexandre Bompard, divulgou um comunicado em que afirma que a varejista francesa se compromete a não vender carnes advindas do bloco econômico Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. 

Segundo o executivo, essas mercadorias não cumprem “requisitos e padrões”. Sendo assim, a avaliação do deputado Moreira é que a posição do Carrefour  “é uma atitude absolutamente irresponsável, falaciosa e discriminatória, em uma clara afronta protecionista ao setor agropecuário brasileiro”.

Para o emedebista “o Brasil possui uma das legislações mais rigorosas do mundo no que diz respeito ao controle ambiental”, de acordo com o “InfoMoney”.

Além disso, o deputado diz que “causa estranheza a despreocupação do Sr. Bompard com as operações da empresa no Brasil, já que 80% do abastecimento interno é realizado por fornecedores brasileiros”. 

A comissão proposta por Moreira vai avaliar a conduta e as “constantes denúncias da companhia no Brasil”. O deputado citou também “antecedentes graves das operações, ligados a violações raciais, ambientais e trabalhistas”.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que pretende colocar o projeto para a Lei de Reciprocidade Ambiental.

Com a proposta, o governo brasileira estaria proibido de firmar acordos internacionais com restrições ambientais à exportação de produtos brasileiros, sem que os países signatários adotem medidas correspondentes.

Carrefour (CRBF3): Fávaro diz que boicote é ‘desproporcional’

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), afirmou que o boicote do Carrefour às carnes do Mercosul representa um “protecionismo desproporcional”. Ele falou sobre o assunto em entrevista à “GloboNews” nesta segunda-feira (25).

Ele também reforçou que apoia a decisão dos frigoríficos brasileiros de cessar a venda de produtos para o Carrefour e outras empresas do grupo (como o Atacadão), em retaliação.

“Se, para o povo francês, o Carrefour não serve comprar carne brasileira, que o Carrefour também não compre carne brasileira para colocar nas suas gôndolas aqui no Brasil. É uma questão de soberania nacional”, disse.

O Carrefour anunciou que ia parar de comprar carnes do Mercosul na quarta-feira (20). A decisão do grupo foi tomada em solidariedade ao agronegócio francês, que é contrário ao acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.

“O Brasil tem uma agricultura de larga escala, de volume, segurança de fornecimento. A reação é desproporcional. Tanto que todos os outros países da comunidade europeia já compreenderam a situação e são favoráveis ao acordo”, afirmou Fávaro.

O ministro também reforçou o destaque do Brasil em sanidade animal, rebatendo críticas. “Não dá nem para comparar com a qualidade francesa”, disse.

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