Mercado de capitais ultrapassa empréstimos bancários; o que explica?

Mercado de capitais
Foto: Freepik

Quando se trata de fonte de financiamento para as empresas, o mercado de capitais já é uma realidade muito mais viável e eficiente quando comparado ao empréstimo bancário.

O aquecimento do setor em 2024 chama a atenção: segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), as empresas captaram R$ 484,2 bilhões no mercado de capitais no acumulado dos oito primeiros meses do ano, valor recorde para o período na série histórica iniciada em 2012.

O montante já supera o contabilizado em todo o ano de 2023 (R$ 467,3 bilhões). Considerando apenas agosto, as ofertas chegaram a R$ 47,3 bilhões, volume 30,7% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado.

De acordo com João Fossaluzza, especialista em estruturação e operações de crédito no mercado financeiro e de capitais, o aquecimento é explicado pela vantagem financeira do negócio.

“O acesso ao crédito via mercado de capitais é mais vantajoso porque as empresas conseguem captar recursos diretamente com investidores, sem passar pelos bancos, o que acaba sendo mais barato”, disse Fossaluzza.

Além disso, Ana Luiza Fernandes, diretora de negócios, marketing e pessoas da Grafeno, destaca o caráter de resiliência da indústria de fundos. “O mercado de capitais demonstra resiliência na gestão dos créditos, mesmo com o cenário mais adverso de juros e inflação, com consistência nos retornos esperados, perda de crédito relativamente baixa e uma base analítica crescente”, enfatizou.

Fernandes também chama a atenção para a maior flexibilidade e fluidez do acesso ao crédito por meio da indústria de fundos. “A diversificação das fontes de crédito fortalece a saúde financeira das empresas, reduzindo a dependência dos bancos e dos produtos de crédito convencionais”, completou.

Acesso ao crédito via mercado de capitais está ameaçado com juros altos?

O cenário de política monetária restritiva é um impasse para o acesso ao crédito por meio do mercado de capitais. Isso porque, com os juros mais altos, o crédito fica mais caro, explicou Fossaluzza.

“Isso pode dificultar o financiamento para empresas e pessoas, além de reduzir o interesse por investimentos mais arriscados”, pontuou o especialista.

Mas nem tudo está perdido, já que há, também, oportunidades. Ana Luiza esclarece que a alta da Selic, ao impactar o custo de captação, a alavancagem das empresas e o tamanho do endividamento nos balanços, reduz a disponibilidade e qualidade de ativos e garantias com bom risco de crédito.

“Isso impacta a atratividade do mercado de capitais, as margens e retorno esperado dos investidores. Com isso, as empresas devem buscar maior eficiência operacional na gestão do negócio para manter a capacidade de pagamento do recurso captado”, afirmou Fernandes.

A diretora da Grafeno pontuou ainda que a diversificação de fontes de crédito e o amadurecimento dos investidores no mercado de capitais brasileiro abrem espaço para operações estruturadas e alternativas a juros competitivos.

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