‘Malu’, de Pedro Freire, estreia no Primeiro Plano

Malu Pedro Freire

Malu Pedro Freire
Filmes mescla realidade e ficção ao focar na história de Malu Rocha, mãe do diretor (Foto: Divulgação)

O Primeiro Plano, todo ano, dá a oportunidade aos juiz-foranos, principalmente, de terem acesso a filmes que não entram no circuito dos cinemas da cidade. São, geralmente, produções que têm chamado atenção no Brasil e que passaram por outros festivais. Neste ano, um desses casos é o filme “Malu”, primeiro longa assinado por Pedro Freire, exibido no Sundance e premiado no Festival do Rio deste ano. Em Juiz de Fora, sua estreia acontece neste sábado (16), às 21h, no Teatro Paschoal Carlos Magno. A entrada é gratuita.

“Malu” é um filme que mistura realidade e ficção a partir da vida da atriz Malu Rocha (interpretada por Yara de Novaes), mãe de Pedro Freire. A trama acompanha um recorte de sua história, quando ela morava em uma casa precária, junto de sua mãe (Juliana Carneiro da Cunha), em uma periferia do Rio de Janeiro. A relação das duas passa por momentos de conflito e calmaria – o que acontece durante toda a vida, não somente naquele tempo. Depois de uma temporada em Paris, Joana (Carol Duarte) visita sua mãe e sua avó naquele ambiente – o que também aumenta as sensações de conflito.

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Trabalho de psicanálise

Ao mesmo tempo que o filme mostra a vida da atriz e o que ela encontra para seguir produzindo arte, inclusive com um desejo de transformar sua casa em um espaço teatral, Pedro expõe uma série de violências que permeiam a história, que vão passando, em “Malu”, de mãe para filha, e o que isso gera em cada uma delas. Tudo isso, como afirmou o diretor, é fruto de suas próprias vivências e um trabalho e tanto com a psicanálise.

Joana, no filme, como contou Pedro Freire em diversas entrevistas, é uma mistura do próprio diretor com sua irmã, a atriz e produtora Isadora Ferrite. No entanto, a família morava no Recreio dos Bandeirantes, onde hoje é a comunidade do Terreirão. “Foi muito difícil voltar de viagem e me deparar com aquela situação precária, uma casa caindo aos pedaços, minha mãe e minha avó brigando. Decidi enfrentar aquele momento e fazer esse filme”, disse o diretor em entrevista à Veja.

Até chegar a esse momento específico da vida de sua mãe, pode-se dizer, de decadência, Pedro teve outras ideias para ‘Malu’. Sua mãe morreu em 2013, aos 65 anos, depois de uma complicação de uma doença que atinge os nervos. Ao Terra, ele afirmou que foi difícil encontrar o roteiro final e que, por vezes, ele chorou nesse processo – que é, também, de reconciliação e de se entender. Foram dez tratamentos de roteiro até chegar no que o público pode ver nas telas. Outro trabalho foi o de encontrar aquilo que diz respeito somente a ele e não a outras pessoas e deveria ser cortado. Sua psicanalista, inclusive, leu o roteiro e assistiu ao primeiro corte do longa.

Ao ser exibido no Sundance, Pedro conta que entendeu, finalmente, o propósito da história de “Malu”. Ao Terra disse: “Entendi que não era um filme para mim, para eu resolver meus traumas. Isso talvez seja consequência do todo, mas não era isso. Era um filme sobre minha mãe, sobre esses traumas. Eu precisava contar uma boa história”.

Premiações de “Malu”

As atuações têm chamado atenção da crítica. O troféu de atriz coadjuvante no Festival do Rio foi dividido entre Carol Duarte e Juliana Carneiro da Cunha, e o de atriz principal ficou com Yara de Novaes. O diretor Pedro Freire ganhou na categoria Melhor Roteiro.

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