Horário de verão realmente economiza energia? Saiba a verdade

O governo federal do Brasil está considerando a reimplementação do horário de verão como uma estratégia para reduzir o consumo de energia.

Essa discussão ocorre em um cenário de preocupação com o suprimento de energia, especialmente em função da seca que tem comprometido os reservatórios das usinas hidrelétricas.

Mas será que essa alteração realmente gera um impacto significativo na economia energética? Para esclarecer essa questão, consultamos especialistas que compartilharam suas análises sobre o tema.

Realidade do consumo individual

Os especialistas ouvidos pelo Metrópoles explicam que a verdade sobre a economia de energia durante o horário de verão pode variar dependendo de como olhamos para a situação.

Para o consumidor individual, a economia pode não ser tão perceptível. O engenheiro eletricista Jovanilson Freitas destaca que, embora haja uma redução na demanda energética durante o horário de pico — que costuma ocorrer entre 18h e 21h —, essa economia na conta de luz pode ser difícil de notar para o consumidor comum.

Ivan Camargo, professor de engenharia elétrica da Universidade Nacional de Brasília (UnB), ressalta que a utilização da luz solar, que representa a principal fonte de economia durante o horário de verão, abrange apenas parte do dia.

Ao considerar a economia em relação às 24 horas totais, ela se torna insignificante. Essa percepção de economia reduzida é uma das razões pelas quais muitos consumidores criticam a ideia de retomar o horário de verão.

Embora a economia de energia individual possa parecer insignificante, especialistas afirmam que seus impactos são significativos em um contexto coletivo.

Freitas destaca que a redução do consumo durante horários de pico diminui a necessidade de geração de energia, essencial para a estabilidade do sistema elétrico, especialmente em períodos de seca como o atual no Brasil.

Camargo ressalta que, durante o horário de verão, a demanda por energia geralmente coincide com o pico de produção das usinas solares, que operam durante o dia e precisam de alternativas, como usinas térmicas, à noite.

Essas usinas, além de mais caras, são poluentes, tornando a economia de energia em horários críticos vital para a eficiência do sistema.

Atualmente, a discussão sobre a volta do horário de verão ganhou relevância devido à baixa nos níveis dos reservatórios de hidrelétricas, o que forçou o governo a considerar o uso de termelétricas.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, mencionou que a suspensão do horário de verão em 2019 elevou os custos de energia e contribuiu para a crise elétrica de 2021.

Ainda não há decisão final sobre o retorno do horário de verão, mas o governo está avaliando as necessidades do abastecimento energético e tarifas acessíveis.

Uma reunião iminente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para decidir os próximos passos está sendo planejada.

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