Apple Vision Pro para uso profissional: o fim do começo

Conta-se que, após o primeiro ataque arrasador dos nazistas contra os aliados na Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill (então primeiro-ministro do Reino Unido e conhecido como grande orador), fez um discurso ao país.

Não é o fim.

Não é sequer o começo do fim.

Mas é, talvez, o fim do começo.

Foi mais ou menos essa a sensação que tive após testar, por 15 dias, o Apple Vision Pro com foco profissional. Parece até um contrassenso usar o sufixo “Pro” e ter que explicar o uso profissional de um dispositivo, mas a verdade é que o uso massivo do recente lançamento da Apple tem sido para entretenimento.

Certamente você já viu diversos reviews sobre o Apple Vision Pro, todos excelentes — inclusive vários conteúdos aqui no MacMagazine (que estão dispostos abaixo). Mas, nos 15 dias em que fiquei com o device, procurei usá-lo intensamente, buscando explorar os principais apps para o trabalho, fazer reuniões, utilizá-lo em conjunto ao MacBook e em outras atividades.

Seguem, aqui, as minhas impressões.

Primeiras impressões

A caixa é enorme, e a experiência de tirá-lo dela é tão interessante quanto a de outros produtos da Apple. Instalar é fácil, mas essa bateria externa, que certamente foi interessante para diminuir o peso, é absolutamente ridícula e parece que você está andando com uma bolsa de soro pendurada do lado.

Como quase todo mundo que testou o AVP, quando liguei o aparelho, tive aquela sensação de estar no futuro. Quando aparece o símbolo da Apple no “meio do nada”, realmente é fantástico! O próximo passo foi testar a famosa experiência do dinossauro, os vídeos imersivos, entrar no show da Alicia Keys e assim por diante.

Os primeiros momentos com o Apple Vision Pro lhe fazem pensar: “Vou ter que levar esse aparelho para mim.” Mas, com o tempo, as coisas mudam um pouco.

Mergulho no trabalho

Após o primeiro dia de instalação, testes e diversão, vamos ao trabalho!

Não foi muito fácil emparelhar o Mac (pode ter sido inabilidade minha), mas depois comecei a abrir outros apps de uso, como o Lembretes (Reminders), o Notas (Notes) e o Freeform. Em seguida, comecei a fazer ligações e participar de algumas reuniões.

As interações foram interessantes, mas a reação de todos os participantes foi que a Persona criada ainda é bem estranha em relação à aparência normal — rendeu comentários e piadas, até um susto de algumas pessoas ao entrar nas ligações.

Nem todos os meus colegas de trabalho possuem MacBooks ou iPhones recentes, e isso foi um problema. Os que estavam com esses aparelhos mais antigos não conseguiam me ver, embora eu conseguisse vê-los — provavelmente algum conflito de configuração.

Trabalhos com foco já não foram tão bem-sucedidos. Ainda que mais leve que um Meta Quest (já testei ele também aqui), trabalhar muito tempo com ele começa a ficar cansativo. A sensação de peso na cabeça é incômoda, ele esquenta e traz uma sensação de desgaste nos olhos.

A prática de movimentar os apps com a pinça das mãos é muito interessante no começo e parece muito tecnológica, mas com o tempo o braço passa a cansar com a repetição dos gestos. Outro detalhe que encanta no começo e depois começa a incomodar é o destaque dos apps conforme você movimenta os olhos.

A compatibilidade dos apps ainda está bastante incipiente. No compartilhamento de tela até vai bem, mas se você quer usar com mais qualidade, poucos apps estão disponíveis. No dia a dia, precisando trabalhar rápido e intensamente, o Apple Vision Pro definitivamente está longe de ser funcional, produtivo e útil.

Conclusão

Nos primeiros dias, foi muito legal ter um dispositivo tão moderno e futurista. Assisti a dois episódios de uma série, uns vídeos de um curso que estava fazendo e li também. Passando o terceiro dia, já não tinha mais vontade de pegá-lo para ver vídeos, me forcei um pouco mais por dois ou três dias e, então, voltei ao MacBook. A sensação foi de alívio!

A mesma coisa foi acontecendo com outros itens. Para o trabalho, eu me forcei a usá-lo todos os 15 dias. Ao final da experiência, também fiquei feliz de voltar aos meus outros devices tradicionais.

Não tenho dúvidas de que a Apple sabia o que estava fazendo ao lançar o Vision Pro. Não tenho dúvidas de que existe um projeto arrojado para os próximos anos. Mas também não tenho dúvidas de que ainda estamos muito, mas muito longe de um óculos que seja funcional, prático e realmente usável no dia a dia.

Aquela vontade inicial de ficar com ele passou rapidamente e devolvê-lo foi uma ação bem feliz, diferente do que eu imaginava. Mesmo se eu tivesse dinheiro a ponto de jogar pela janela, não compraria o AVP, porque certamente ele acabaria em um canto da casa abandonado — como hoje está o Meta Quest (aliás, se você quiser comprá-lo, pode falar comigo). 😉

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