Crítica | ‘Quando a Luz Arrebenta’ – Filmaço islandês comove o público dilacerando a dor que sufoca [Festival de Cinema Europeu]

Filme de abertura da Mostra Um Certo Olhar na última edição do Festival de Cannes, o longa-metragem islandês Quando a Luz Arrebenta consegue em um curto ciclo, projetando seu clímax para o luto solitário, dilacerar a dor que sufoca com vários respiros para as reflexões. Escrito e dirigido pelo excelente cineasta islandês Rúnar Rúnarsson – de Vulcão e outros belos trabalhos – somos atraídos a cada minuto de projeção pelas estradas conturbadas de uma protagonista de frente com o caos emocional provocado por uma fatalidade.

Una (Elín Hall) é uma jovem estudante de artes, integrante de uma banda nas horas vagas, que vive um romance não exposto com Diddi (Baldur Einarsson), esse último ainda num outro relacionamento. Quando uma inesperada tragédia acontece com seu amor, a personagem principal precisará enfrentar o luto e as verdades não ditas nas horas que se seguem.

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A roteiro explora com delicadeza os contrastes no campo dos sentimentos. Logo, o amor encontra as consequências da traição, a união no esbravejar a perda vira um movimento solitário, um oposto do que o momento pede. Pelos passos e sentimentos da protagonista, em uma cronologia de poucas horas entre os acontecimentos, vamos acompanhando uma história sobre a maturidade forçada pelo destino.

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Com todas suas locações na cidade de Reykjavík (capital islandesa), esse filme, selecionado para a 1 edição do Festival de Cinema Europeu Imovision, mostra como a sutiliza bem aplicada ao vazio existencial provisório nos leva a um mar de reflexões. Para isso, o uso das infinidades da linguagem e seus elementos são notórios. Com uma fotografia exuberante, que ajuda as objetivas composições de cena, encontrando sentido no pulsar das emoções profundas de uma protagonista e seu choque com a realidade, somos premiados com uma história marcante que já ganha a galeria dos melhores filmes exibidos no Brasil em 2025.

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O grande trunfo dessa ficção é a facilidade com o se identificar, a relação ‘história x público’. Quem nunca teve perdas na sua vida? Como você lidou com isso? Todo amor que você teve foi vivido intensamente cada momento? Seguindo por esse caminho, as camadas se abrem impulsionadas pelas hipocrisias de regras sociais e o medo do julgamento e olhar do outro. Nesse jogo de experimentos morais que mostra os pormenores das necessidades das interrelações, um ciclo se fecha, afinal a luz que arrebenta é a mesma que ilumina.

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