
A ArcelorMittal é a maior produtora de aço do Brasil. O uso de sucata em aciarias elétricas é um dos exemplos mais significativo da circularidade. “Por ser infinitamente reciclável, o aço é material-chave na transição para uma economia mais sustentável. Por isso, somos também um dos maiores promotores das questões de sustentabilidade na indústria”, afirma Guilherme Abreu, Gerente Geral de Sustentabilidade da ArcelorMittal Brasil.
O executivo afirma que a empresa utiliza os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU) como guias, traduzindo-os em 10 diretrizes para integrar o desenvolvimento sustentável em todas as operações. A circularidade é um dos focos principais, buscando reduzir os impactos ambientais de forma gradativa.

No Grupo ArcelorMittal, a usina de Juiz de Fora é considerada como um modelo de sustentabilidade, ao utilizar sucata no processo de produção de aços longos. “Juiz de Fora também tem um outro particular dentro da circularidade que eu gosto de destacar bastante que é a questão do carbono. Na forma tradicional de se fazer aço, nós usamos o carbono de origem fóssil, oriundo do carvão mineral. A maior parte do aço produzido no Brasil e no mundo inteiro é assim. Mas o Brasil tem uma particularidade: usar o carvão vegetal também como um dos insumos”, explica o executivo.
“O carvão vegetal é um agente redutor do minério de ferro. Ele vai roubar o oxigênio do minério de ferro e só vai deixar o ferro para ser produzido aço. Quando o carbono combina com o oxigênio, ele vira CO2 e vai para a atmosfera. As árvores, as florestas de eucaliptos que nós temos plantadas crescem absorvendo o CO2 da atmosfera. E aí o ciclo do carbono se fecha. O carbono fica fixado na madeira usada para produzir o carvão vegetal. O carvão vegetal é usado para produzir o aço, gera o CO2, é absorvido pela madeira, pela floresta, vira madeira, e aí nós temos ciclos fechados”, observa Guilherme Abreu.
Para assegurar que todo o processo produtivo seja feito de maneira sustentável, ética e respeitando as pessoas e o meio ambiente, a ArcelorMittal busca certificações rigorosas de sustentabilidade, indo além das exigências legais. Isso inclui certificações para mineração como a Initiatitive for Responsible Mining Assurance (IRMA), para florestas – Forest Stewardship Council (FSC), e para os processos de produção de aço, a ResponsableSteel. Esta última engloba 13 princípios que abrangem questões ambientais, sociais e de governança como mudanças climáticas, direitos humanos, transparência e integridade, responsabilidade na cadeia de fornecimento de matérias-primas e engajamento com comunidades e partes interessadas. A usina de Juiz de Fora é uma das plantas certificadas na ResponsableSteel.
Descarbonização e o Futuro da Produção de Aço
A meta da empresa é alcançar a neutralidade de carbono até 2050. “Ser carbono neutro num processo de produção de aço não é fácil. Juiz de fora tem um footprint, uma pegada de carbono muito baixa, por questões de uso do carbono vegetal, de sucata e tudo mais. Mas não se resume somente a isso. Os grandes processos de produção de aço são os volumes maiores. Essa descarbonização passa pela mudança na forma de se fazer aço”, afirma Guilherme ao enfatizar que isso envolve transformações significativas na produção de aço, com novas tecnologias substituindo os processos existentes.
O hidrogênio verde surge como uma alternativa promissora para substituir o carbono de origem fóssil, embora ainda existam desafios em termos de custos aceitáveis, volumes e logística de produção e nos novos reatores que substituirão os alto fornos existentes para o uso do hidrogênio. A transição para um futuro mais sustentável na produção de aço envolve um processo de adaptação gradual com novas tecnologias surgindo constantemente.
“Nós já investimos, globalmente, cerca de 300 milhões de euros. Só em pesquisa. Começamos a apresentar alguns resultados em plantas-piloto da Europa”, afirma Guilherme. Segundo ele, toda a tecnologia investida lá pode ser aplicada aqui com algumas adaptações regionais. “No Brasil eu diria que a gente tem algumas vantagens. A matriz energética do país é 91% renovável. É uma matriz elétrica. Somente a Noruega tem uma coisa similar a isso”, diz.
“Outra vantagem que a gente tem no Brasil é a questão do espaço. Somos um país grande, continental. A taxa de insolação é alta. Então, a produção de energia renovável, solar e até eólica que decorre isso também, ela é possível. Nós temos um litoral imenso, que possibilita ter contatos com transporte não só de produtos verdes, mas também de intercâmbio com essas questões tecnológicas dos outros países”, conclui.
Principais pontos
- A produção de aço da ArcelorMittal Brasil tem foco na sustentabilidade, alinhando-se aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) por meio de 10 diretrizes.
- A circularidade na produção de aço é crucial, com destaque para o uso de sucata e carvão vegetal.
- A usina de Juiz de Fora exemplifica a circularidade, combinando sucata e carvão vegetal, reduzindo a pegada de carbono.
- Certificações de sustentabilidade, como IRMA, FSC e ResponsibleSteel são buscadas para garantir altos padrões.
- A meta é a neutralidade de carbono até 2050, investindo em pesquisas, novas tecnologias e hidrogênio verde.
- O Brasil possui vantagens comparativas o mercado global, como matriz energética renovável e dimensões continentais para energia solar e eólica.
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