
O cineasta James Cameron, conhecido por sucessos de bilheteria como ‘Avatar’ e ‘Titanic’, compartilhou recentemente suas opiniões sobre o polêmico uso de Inteligência Artificial (IA) nos filmes de Hollywood. Contrariando uma possível visão de resistência, Cameron não se mostrou fundamentalmente contra a ferramenta.
Segundo o The Hollywood Reporter, Cameron expressou ressalvas sobre a imitação de estilos de diretores consagrados por meio de prompts de IA:
“Acho que deveríamos desencorajar os prompts de texto que dizem ‘no estilo de James Cameron’ ou ‘no estilo de Zack Snyder’”, disse, admitindo que essa prática o incomoda.
No entanto, Cameron reconhece o potencial interessante da IA em criar conteúdo que emula grandes talentos.
“Eu aspiro a estar no estilo de Ridley Scott, no estilo de Stanley Kubrick. Esse é o meu prompt de texto que roda na minha cabeça como cineasta. No estilo de George Miller: Lente grande, baixa, acelerando, chegando a um close apertado. Sim, eu quero fazer isso. Eu conheço minhas influências. Todo mundo conhece suas influências”, explicou.
Como membro do conselho da Stability AI, empresa por trás do modelo de imagens Stable Diffusion, Cameron explicou sua decisão de se juntar à companhia:
“Nos velhos tempos, eu teria fundado uma empresa para descobrir isso. Eu aprendi que talvez essa não seja a melhor forma de fazer isso. Então eu pensei: tudo bem, vou me juntar ao conselho de uma boa empresa competitiva com um bom histórico”, explicou. “Meu objetivo não era necessariamente fazer uma fortuna. O objetivo era entender o espaço, saber o que está na mente dos desenvolvedores, o que eles estão mirando, qual é o ciclo de desenvolvimento deles e quantos recursos são necessários para criar um novo modelo que atenda a um propósito específico. E meu objetivo era integrar isso em um fluxo de trabalho de VFX”.
O cineasta ainda abordou a possibilidade do uso de IA para diminuir o custo do filme.
“Se quisermos continuar a ver os tipos de filmes que eu sempre amei e que gosto de fazer, grandes filmes de efeitos pesados, temos que descobrir como cortar os custos pela metade”, disse ele. “Não se trata de demitir metade da equipe de efeitos, mas de dobrar a velocidade deles para concluir uma cena, aumentando a cadência e o ciclo de produção, permitindo que os artistas passem para outros projetos. Essa é a minha visão”.
Ao abordar a controversa questão do “treinamento” de modelos de IA, Cameron sugeriu que reguladores e advogados deveriam concentrar-se mais no resultado gerado pela IA do que nos dados de treinamento.
“Em Hollywood e no entretenimento em geral, há muita hesitação sobre o material fonte dos dados de treinamento, sobre quem merece o quê, e a proteção de direitos autorais. Acho que as pessoas estão olhando isso da forma errada”, afirmou. “Eu sou um artista. Qualquer pessoa que seja um artista, qualquer ser humano, já é um modelo. Você já tem um computador de carne de três quilos e meio”.
Ele acrescentou: “Se eu copiar exatamente Star Wars, vou ser processado. Mas, como roteirista, há um filtro ético que me impede de fazer isso. Sei de onde vêm minhas influências e sei o quanto preciso me afastar para criar algo original. Acho que tudo isso precisa ser gerido do ponto de vista legal, focando no resultado final”.
Cameron vislumbra um futuro onde ferramentas de IA mais específicas auxiliam os cineastas a realizar suas visões de forma mais eficiente.
“Olhe para o OpenAI, o objetivo deles não é fazer filmes com IA generativa. Somos uma pequena parte do que eles estão fazendo. Eles querem criar produtos para 8 bilhões de pessoas”, disse Cameron. “E tenho certeza de que a Meta é parecida… filmes são apenas uma aplicação pequena. O problema é que vai ser mais fácil para grupos menores e mais focados de desenvolvedores de IA generativa, que eu posso chamar e dizer: ‘Ei, eu tenho um problema aqui. Ele se chama rotoscopia’”.