EUA: negociações fora da Bolsa comprometem eficiência do mercado

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EUA (Foto: unsplash)

Nos EUA, a maior parte das negociações envolvendo ações não é mais pública, sendo realizada fora da Bolsa, conforme apontaram dados compilados pela Bloomberg. Esse fenômeno pode comprometer a eficiência do mercado, considerando que menos ordens são visíveis publicamente, tornando a descoberta de preços menos transparente.

Além disso, o cenário pode aumentar os custos de negociação. Ou seja, com menos liquidez nos “books públicos”, pode haver maior discrepância entre preços negociados em ambientes off-exchange e aqueles registrados nas bolsas reguladas.

“As negociações em mercado de balcão têm melhorado a transparência na formação de preços pelo avanço tecnológico, mas continuam apresentando maior risco devido à baixa liquidez e menores requisitos para as empresas negociarem suas ações”, comentou Bruno Corano, economista da Corano Capital, ao BP Money.

A predominância do mercado de balcão e das dark pools — plataformas privadas de negociação que possibilitam a execução de grandes volumes de ações sem que essas ordens sejam publicamente exibidas antes da execução — pode beneficiar investidores institucionais, reduzindo o impacto de ordens de grande porte sobre os preços e diminuindo a volatilidade momentânea, segundo Bruna Allemann, head da mesa internacional da Nomps.

Segundo levantamento da Bloomberg, as negociações em dark pools caminham para um recorde de 51,8% do volume negociado em janeiro.

EUA: Trump implementa medidas voltadas para o mercado financeiro, mas não restringe negociações

O atual presidente dos EUA, Donald Trum/p, já anunciou que está inclinado a implementar diversas medidas voltadas para o mercado financeiro. No entanto, não há uma política específica para restringir negociações fora das bolsas reguladas ou incentivar uma migração de transações para a NYSE e a Nasdaq.

“A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) tem discutido formas de aumentar a transparência e trazer mais operações para as bolsas tradicionais, mas mudanças regulatórias significativas nesse sentido ainda não foram implementadas”, comentou Bruna Allemann.

Caso a administração adote políticas para priorizar negociações em mercados regulados, poderíamos ver um crescimento da liquidez e da transparência. Contudo, essa movimentação também poderia impactar os custos de transação e a flexibilidade para grandes investidores institucionais.

Dark pools afetam investidores institucionais e de varejo

O ambiente de negociações fora da Bolsa afeta de maneiras diferentes investidores institucionais e de varejo. “Grandes fundos e instituições utilizam dark pools para executar ordens volumosas sem impactar diretamente os preços do mercado, evitando desvantagens como a alta artificial gerada pelo aumento da demanda”, explicou Allemann.

Já os investidores de varejo podem ser prejudicados pela falta de transparência dessas operações, pois não têm acesso aos mesmos dados de mercado que os institucionais. Esse cenário pode resultar em preços menos favoráveis nas ordens executadas e dificultar a tomada de decisões com base em informações completas.

Além disso, o mercado off-exchange pode facilitar práticas de manipulação, como ordens falsas e front-running — operações de compra e venda de valores mobiliários antes dos clientes que as encomendaram —, tornando mais difícil para reguladores monitorarem abusos.

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