Fed deve manter juros pela última vez e abrir a porta para um corte em setembro

O Federal Reserve deve manter a taxa de juros na reunião de política monetária desta semana mas abrir a porta para um corte já em setembro, reconhecendo que a inflação se aproximou da meta de 2% do banco central dos Estados Unidos.

Antes da reunião de 30 e 31 de julho, as autoridades do Fed relutaram em se comprometer com o momento de um primeiro corte nos juros, mas aplaudiram os dados recentes que mostraram que as pressões dos preços estavam diminuindo de forma geral, com a inflação se aproximando da meta do banco central e as evidências dos mercados de trabalho, imobiliário e outros sugerindo que essa tendência continuará.

Dados de sexta-feira mostraram que o índice de preços PCE –medida de inflação preferida do Fed que estava em 7,1% em uma base anual em 2022 — subiu 2,5% em junho, após um ganho de 2,6% em maio. Desde março, de fato, as variações anualizadas do PCE mostram uma alta de apenas 1,5% – meio ponto percentual abaixo da meta do Fed. Uma medida complementar, excluindo os preços voláteis de alimentos e energia, está tendendo a 2,3% no mesmo período.

Combinados com uma sensação mais ampla de que as pressões dos preços estão diminuindo, esses dados podem ser suficientes para que as autoridades do Fed mudem sua descrição da inflação como “elevada” no comunicado e observem o aumento da confiança de que o ritmo de aumento dos preços voltará a 2%.

Batalha contra inflação

As autoridades têm dito que devem começar a cortar os juros antes que a inflação retorne totalmente à meta e, se os próximos dados se mantiverem em linha com os dos últimos meses, eles podem estar ficando sem tempo.

O Fed “está a apenas 50 pontos-base da meta… portanto, parece que não está muito longe”, disse Jim Bullard, ex-presidente do Fed de St. Louis e atual reitor da Mitchell E. Daniels Jr. School of Business da Universidade de Purdue.

“Ainda está elevado? Claro, mas não tão elevado quanto antes”, disse Bullard. Uma pequena mudança no comunicado, talvez descrevendo a inflação como “moderadamente elevada”, “enviará um sinal importante aos mercados de que está levando em conta toda a desinflação ocorrida no último ano e que acha que ela é real e que não acredita que vá mudar”.

O Fed elevou sua taxa de juros de referência para desacelerar a economia após o aumento da inflação e a mantém na faixa atual de 5,25% a 5,50% desde julho do ano passado, tornando a atual política monetária restritiva uma das mais longas das últimas décadas.

Apesar dos alertas no ano passado de que essas condições financeiras apertadas poderiam desencadear uma recessão, o Fed, pelo menos por enquanto, parece ter atingido um ponto ideal. A inflação caiu e, embora a taxa de desemprego tenha aumentado gradualmente, ela permanece em 4,1%, em torno do que muitas autoridades do Fed consideram representar o pleno emprego.

Alguns dados, incluindo as recentes vendas decepcionantes de moradias e o aumento da inadimplência de empréstimos, podem indicar fraqueza. No entanto, o relatório mais recente sobre a produção econômica geral foi surpreendentemente forte, com um crescimento de 2,8% em taxa anualizada no segundo trimestre. O Fed considera que o crescimento potencial subjacente da economia, consistente com uma inflação estável, é de em torno de 1,8%.

“Os dados de inflação foram encorajadores… É evidente que a economia está desacelerando. O balanço de riscos é diferente do que era há quatro meses. Ponto final”, disse Nathan Sheets, economista-chefe global do Citi. “Parece que eles querem ter um pouco mais de certeza, então sinalizam em julho e cortam em setembro.”

O banco central dos EUA divulgará seu comunicado de política monetária na quarta-feira às 15h (horário de Brasília), e o chair do Fed, Jerome Powell, dará coletiva à imprensa meia hora depois.

Reconhecer que as reduções dos juros são iminentes colocaria o Fed em sintonia com os investidores que consideram quase certo que ele fará um corte de pelo menos 0,25 ponto percentual na reunião de 17 e 18 de setembro, o primeiro passo para reverter a série mais rápida de aumentos de juros em quatro décadas.

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