Frigoríficos: com dólar e Newcastle no radar, como ficam as ações?

Foto: Canva

O movimento do dólar com tendência de alta pode preocupar a economia interna, mas monta o cenário ideal para as ações de frigoríficos. As companhias exportadoras contam com a queda de demanda interna para expandir as atividades internacionais, mas uma nova vertente ameaça esse plano: a Newcastle.

Como explicaram economistas ao BP Money, quanto mais valorizado o dólar, mais os frigoríficos exportadores recebem. Além disso, o território vizinho que mais chama a atenção do mercado, os EUA, traz novas perspectivas para os negócios das empresas brasileiras.

O candidato republicano Donald Trump e a candidata democrata Kamala Harris disputam que chegará à Casa Branca em novembro deste ano. Os planos de Trump, cuja política econômica tende a firmar sempre o melhor acordo para os EUA, já preveem um projeto de taxação das importações ao país.

No entanto, Jefferson Laatus, estrategista-chefe da Laatus, explicou que Trump fala em taxação a carros, alumínio, aço e outros produtos, não necessariamente produtos de alimentação. Então, por enquanto, esse setor não corre risco nesse sentido.

Para Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital, o cenário se apresenta mais instável, podendo variar conforme o favoritismo por um dos candidatos vá se confirmando.

“Empresas como a Marfrig e a JBS, por exemplo, estão entre a primeira e a quarta colocada no ranking de produtoras de carne nos EUA. Então, elas também têm uma grande parcela de faturamento local, o que não impactaria [sobre elas] nem as eleições nem o dólar”

A dependência de poucos mercados, não apenas para os frigoríficos, mas exportadoras em geral, é um risco, apontou Corano.

“O Brasil tem potencial e exporta carne para várias regiões do mundo, então acho que cabe a Apex e outras entidades manterem uma agenda muito dedicada para conseguir ampliar essa base de clientes”, avaliou.

Newcastle lança risco sanitário sobre frigoríficos e preço pode baratear no Brasil

Analisando outras vertentes que recaem sobre os frigoríficos, Laatus citou que o cenário mais arriscado para as empresas do setor já aconteceu: um caso de doença, como a Newcastle.

“sso pode gerar embargo de outro país. Nenhum país quer receber carne com risco de contaminação, seja EUA, China, ou outro”, disse o economista da Laatus.

O caso de Newcastle, uma doença viral que afeta as aves e se assemelha à gripe aviária, foi confirmado em uma granja comercial no Rio Grande do Sul (RS), na semana passada, pelo Ministério da Agricultura. 

A ameaça de embargo citada por Laatus já teve início e partiu do próprio Ministério, que travou as exportações de frango e derivados do RS para cerca de 15 países, enquanto outros 32 deixarão de receber produtos avícolas e ovos. 

“Esse embargo pode fazer com que plantas brasileiras de alguns frigoríficos fiquem sem poder exportar por um período até ser erradicado.  Ela tem que injetar no mercado interno esses produtos até os países que embargaram se sentirem confiantes novamente para poder importar novamente”, concluiu Laatus.

Corano vai na mesma linha que a avaliação de Laatus, e diz ser difícil prever estimativas de prejuízos, pela incerteza quanto ao tempo de validade das restrições impostas pelo Ministério. 

“Mas uma coisa muito provável é que se a produção, em um primeiro momento, seguir a mesma, as interrupções na exportação vão fazer o mercado interno ficar mais abastecido, o que gera a possibilidade da redução de preço local. Isso seria positivo, pensando na população e no combate à inflação”, finalizou ele.

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