Ideologia política: afinal, o que faz uma pessoa ser de esquerda ou de direita?

A polarização política é um fenômeno global que desperta curiosidade em diversos campos científicos. Nos últimos anos, a ciência tem se debruçado sobre como fatores como educação, genética e experiências de vida influenciam nossas escolhas ideológicas.

Dois nomes proeminentes no Brasil, Lula e Jair Bolsonaro, ilustram bem os embates entre ideologias opostas. Mas, afinal, o que leva uma pessoa a se inclinar mais para a esquerda ou para a direita?

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Polarização política é uma realidade latente no Brasil – Imagem: Reprodução

Especialistas sugerem que, além da educação, nossa biologia pode ter influência significativa sobre nossas preferências políticas. A ciência já identificou que experiências infantis e adolescentes, aliadas à neuroplasticidade, impactam fortemente nossas convicções.

No entanto, o cérebro de cada indivíduo apresenta uma receptividade única a essas influências educacionais.

Estudos sobre atividade cerebral e ideologia

Pesquisas realizadas nos Estados Unidos revelam diferenças nas atividades cerebrais de liberais e conservadores.

Em situações de conflito, os liberais demonstram maior atividade na circunvolução cingulada anterior, uma região ligada à resposta emocional. Isso sugere maior sensibilidade neurocognitiva em relação a situações que demandam mudanças comportamentais.

Por outro lado, conservadores mostram maior volume de massa cinzenta nessa região, relacionando-se com a amígdala, parte do cérebro emocional.

Essas distinções cerebrais podem influenciar a forma como esses grupos lidam com novas informações e experiências, mas ainda é incerto se são causas diretas das orientações políticas.

Hormônios e ideologia

A ocitocina, conhecida por promover empatia, foi tema de estudos que revelaram sua influência nas respostas ideológicas. Inalações do hormônio em cidadãos holandeses mostraram respostas mais favoráveis a conterrâneos, sugerindo que hormônios também podem moldar atitudes políticas.

Além disso, altos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, foram associados a menor participação eleitoral.

Papel dos genes na formação ideológica

Desde 1986, estudos exploram a possibilidade de que genes influenciem posturas sobre temas polêmicos, como aborto e imigração. Pesquisas com gêmeos mostram que aqueles geneticamente idênticos tendem a compartilhar opiniões políticas, sugerindo uma possível influência genética.

Contudo, é preciso cautela, pois fatores ambientais e sociais também desempenham papel crucial.

Experiências traumáticas, como o 11 de setembro, podem provocar mudanças significativas nas orientações políticas. Eventos de grande impacto social frequentemente direcionam indivíduos a posições mais conservadoras, destacando a complexidade da interação entre experiências de vida e predisposições biológicas.

Assim, enquanto a educação continua sendo um pilar essencial na formação de nossa ideologia, a ciência sugere que fatores biológicos desempenham um papel não desprezível. Compreender como esses elementos interagem pode nos ajudar a entender melhor a complexidade das nossas convicções políticas.

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