

A Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã desta sexta-feira (13), o ex-ministro do Turismo Gilson Machado no Recife (PE). Segundo a PF e a Procuradoria-Geral da República (PGR), ele tentou obter um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cidm ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e alvo de mandatos da PF também nesta sexta.
Inicialmente, investigadores disseram à TV Globo que Mauro Cid também tinha sido preso. Minutos depois, a informação era de que o mandado de prisão tinha sido revogado, portanto, ele nem chegou a ser detido. A defesa de Cid diz que ele deverá depor à Polícia Federal ainda nesta sexta.
A operação da PF deflagrada nas últimas horas é motivada pela investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre uma suposta tentativa de Mauro Cid de obter cidadania portuguesa e, em seguida, fugir do Brasil.
Mauro Cid, Bolsonaro e outras 29 pessoas são réus por uma tentativa de golpe de Estado para manter, segundo a PGR, o ex-presidente no poder após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.
De acordo com a Polícia Federal, informa a TV Globo, Gilson Machado teria atuado junto ao Consulado de Portugal em Recife (PE), em maio de 2025, a fim de obter a emissão de um passaporte português para Cid, o que teria a finalidade de viabilizar a saída dele do território nacional.
Procurada, a defesa De Mauro Cid nega que o tenente-coronel tenha pedido passaporte português ou tenha tentado deixar o País. Os advogados afirmam que ele tem cidadania portuguesa e a carteira de identidade de Portugal – e que isso foi informado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Quem é o ex-ministro Gilson Machado

O ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL), titular da pasta durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) , tem 57 anos, é formado em Medicina Veterinária, mas atua como empresário dos ramos de eventos, turismo e radiodifusão. É sobrinho de Gilson Machado Filho, deputado que atuou na Constituinte e esteve no Congresso até meados da década de 1990.
É um aliado próximo de Bolsonaro, tendo se aproximado do ex-presidente ainda em 2018. Foi secretário do Ministério do Meio Ambiente durante a gestão do ex-presidente e, em maio de 2019, foi indicando para a presidência da Embratur, estando à frente da estatal por mais de um ano.
O Estadão tenta contato com os representantes do ex-ministro.
Sanfona
Machado ganhou destaque por aparecer tocando sanfona em lives de Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19. O ex-ministro é sanfoneiro, já gravou com nomes como Zé Ramalho e atua na banda Brucelose até hoje. Ele já deu aulas do instrumento para Bolsonaro.
“A música me deu tudo na vida. Já fiz mais de três mil apresentações pelo Brasil, mais de 30 anos de carreira”, afirmou Machado ao quadro Joga no Google, do Estadão.
Em dezembro de 2020, foi remanejado para o Ministério do Turismo. Na época, o então titular da pasta, Marcelo Álvaro Antônio, envolveu-se em um embate com Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria-Geral da Presidência da República. Álvaro Antônio acusou o ministro de pedir a Bolsonaro a entrega da pasta de Turismo para o Centrão. O ex-presidente exonerou Álvaro Antônio da pasta, substituindo-o por Gilson Machado.
Em 2022, Machado foi candidato a senador de Pernambuco. Com uma cadeira em disputa, o ex-ministro do governo Bolsonaro teve mais de 1,3 milhão de votos, 29,5% dos votos válidos, perdendo o pleito para Teresa Leitão, do PT, que obteve mais de 2 milhões de votos, 46,1% dos votos válidos.
Após o pleito, em novembro de 2022, retornou ao comando da Embratur, sendo substituído no cargo em janeiro de 2023 por Marcelo Freixo, nomeado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Campanhas de ‘Pix’ e candidato a prefeito de Recife
Mesmo após o fim do governo Bolsonaro, o ex-ministro permaneceu próximo ao ex-chefe do Executivo, tendo atuado em campanhas de “vaquinhas” e na divulgação de atos em apoio a Bolsonaro. Em 2023, Machado foi um dos principais articuladores da campanha de doações via Pix para o ex-presidente. A ação difundida por aliados do ex-presidente arrecadou mais de R$ 17 milhões, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
No mês passado, Machado passou a divulgar uma nova campanha de doações a Bolsonaro, alegando que o ex-presidente já gastou mais da metade do valor arrecadado há dois anos e necessitava de recursos para pagar advogados, médicos e ajudar Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado (PL-SP) que passou a ser investigado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2024, Machado candidatou-se à prefeitura do Recife. Durante a campanha, em uma sabatina, o ex-ministro disse que sua proximidade com o presidente dos EUA, Donald Trump, seria proveitosa para o Recife. Segundo o ex-ministro, o republicano prometeu ajudar a capital de Pernambuco com o que pudesse. O trecho com a declaração viralizou nas redes sociais.
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