Brasileiros recorrem à internet para garantir uma renda extra

Em um Brasil marcado por desigualdades históricas e desafios econômicos persistentes, a internet deixou de ser apenas um meio de comunicação para se tornar um vasto território de oportunidades… e armadilhas. Cada vez mais brasileiros enxergam na rede um caminho para aumentar a renda ou até garantir o sustento principal. Mas enquanto o ambiente digital se mostra fértil para o empreendedorismo, também se torna um terreno fértil para fraudes cada vez mais sofisticadas.

A digitalização da economia, impulsionada pela penetração massiva da internet e pela busca por autonomia financeira, está transformando a forma como os brasileiros trabalham, aprendem e consomem. O Brasil possui hoje a segunda maior população de influenciadores do mundo. Em 2024, esse setor movimentou mais de R$ 18 bilhões, convertendo perfis em redes sociais em verdadeiros negócios digitais.

O comércio eletrônico seguiu a mesma trilha de crescimento. Dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico apontam um aumento de 12% no faturamento do setor no último ano, impulsionado por um exército de novos lojistas que exploram desde grandes marketplaces até as vendas diretas por aplicativos de mensagem. A educação, por sua vez, vive uma explosão de cursos livres online: de acordo com a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), a procura cresceu 20% em 2024, com especialistas de diversas áreas monetizando seu conhecimento na rede.

Programadores, designers, consultores, redatores — trabalhadores autônomos de perfis diversos encontram nas plataformas de freelancing um mercado dinâmico e globalizado, muitas vezes mais acessível do que o mercado tradicional.

O outro lado da moeda: o avanço das fraudes digitais

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revelou um cenário preocupante: os golpes financeiros aplicados por canais digitais representaram um prejuízo de R$ 10,1 bilhões em 2024, uma alta de 17% em relação ao ano anterior, conforme dados divulgados pela entidade no início de 2025. E os criminosos não operam mais como amadores: valem-se de técnicas sofisticadas de engenharia social, inteligência artificial e um profundo conhecimento das fragilidades humanas e tecnológicas.

Os golpes se espalham por todas as vertentes da nova economia digital. No universo dos influenciadores, é comum o roubo de identidade digital, com perfis clonados oferecendo falsas parcerias comerciais. No comércio eletrônico, pipocam lojas fantasmas e produtos falsificados. E o setor de cursos online, promissor por natureza, virou campo fértil para falsos gurus que vendem promessas de enriquecimento rápido — muitas vezes sem qualquer base real, beirando o estelionato.

Jogos online e falsas promessas de lucro: uma nova fronteira de risco

Entre os segmentos mais visados pelos golpistas está o dos jogos online que prometem retorno financeiro. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem emitido alertas recorrentes sobre investimentos e apostas disfarçadas que podem configurar esquemas de pirâmide ou captação irregular de recursos.

Recentemente, uma investigação detalhada sobre fraude associada aos famosos “Jogos da Frutinha” expôs como plataformas ilegais se aproveitam do apelo lúdico e da promessa de ganhos fáceis para enganar usuários. Existem vários outros exemplos: o mesmo ocorre com os chamados “robôs de jogos crash”, que são algoritmos supostamente infalíveis que garantiriam vitórias em jogos de aposta de alta velocidade. Na prática, trata-se de armadilhas que cobram assinaturas ou depósitos iniciais e nada entregam.

Outro ponto de atenção são os jogos do tipo play-to-earn, que utilizam ativos digitais como NFTs. Embora atrativos à primeira vista, muitos desses ativos se mostram voláteis, sem liquidez e, em alguns casos, sem qualquer valor real de resgate.

Informação é a melhor proteção

Diante desse cenário, cresce a pressão por uma regulação mais ágil e eficaz. Mas, até que os marcos legais acompanhem o ritmo da inovação (e da criatividade criminosa), a primeira linha de defesa continua sendo o próprio cidadão.

Especialistas em segurança digital alertam: desconfie de promessas mirabolantes, verifique sempre a reputação das plataformas e jamais faça pagamentos antecipados para liberar supostos ganhos. O uso de senhas robustas, autenticação em dois fatores e atenção aos dados pessoais também são medidas essenciais.

Mais do que nunca, é preciso questionar o discurso do enriquecimento fácil, que continua seduzindo milhares de brasileiros e alimentando a engrenagem das fraudes online.

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