Pouca gente conhece o nome Lei Jun, mas quase todo mundo já ouviu falar da Xiaomi. Fundador e CEO da gigante chinesa, ele é uma das figuras mais influentes da tecnologia mundial — embora atue longe dos holofotes.
Quem é o CEO da Xiaomi?
Enquanto nomes como Elon Musk e Tim Cook aparecem com frequência nos noticiários, há um nome de peso na tecnologia que passa quase despercebido: Lei Jun, fundador e atual CEO da Xiaomi.
Desde 2010, ele comanda uma das empresas mais influentes da indústria de smartphones e tecnologia, mas com uma postura pública bem menos midiática. Lei Jun também é presidente do conselho e principal estrategista da companhia, com influência direta sobre os produtos e a cultura corporativa do grupo.
Engenheiro de formação, empreendedor desde a juventude e hoje um dos bilionários mais ricos da Ásia, Lei construiu sua reputação longe dos holofotes ocidentais, apostando em inovação acessível, gestão enxuta e forte conexão com os consumidores.
Seu estilo reservado contrasta com a escala do império que ajudou a erguer: a Xiaomi é hoje uma potência em smartphones, Internet das Coisas e, mais recentemente, mobilidade elétrica.
Qual é a fortuna de Lei Jun?
Apesar de manter um perfil discreto fora da China, Lei Jun está entre os bilionários mais ricos do mundo. Seu patrimônio é resultado direto do sucesso da Xiaomi e de sua atuação como investidor em empresas de tecnologia ao longo de mais de duas décadas.
Segundo o ranking da Forbes Internacional, em 2025:
- Lei Jun ocupa a 32ª posição entre as pessoas mais ricas do planeta
- Sua fortuna é estimada em cerca de €38,3 bilhões (aproximadamente US$ 42,5 bilhões)
- Ele é o quarto homem mais rico da China, atrás apenas de nomes como Zhong Shanshan (Nongfu Spring), Ma Huateng (Tencent) e Zhang Yiming (ByteDance)
A maior parte desse valor vem de sua participação na Xiaomi, onde ainda é o principal acionista individual, além dos ganhos acumulados com empresas como Kingsoft, UCWeb, JOYY Inc. e com o fundo de investimentos Shunwei Capital, que ajudou a fundar.

A Xiaomi nunca foi apenas sobre vender smartphones. Ela é um ecossistema. E nossa missão é tornar a tecnologia acessível a todos
Lei Jun, durante a conferência de lançamento da Xiaomi EV SU7, em março de 2024
Mesmo com uma fortuna bilionária, Lei Jun opta por manter um estilo de vida mais reservado do que a maioria dos CEOs globais. Não é visto em jatos particulares ou eventos de luxo, mas sim apresentando pessoalmente os lançamentos da Xiaomi ou respondendo fãs nas redes sociais chinesas.
A trajetória de sucesso de Lei Jun
A história de Lei Jun é um caso clássico de ascensão meteórica, mas construída com visão estratégica e decisões consistentes ao longo de mais de três décadas.
Nascido em Xiantao, na província chinesa de Hubei, em 16 de dezembro de 1969, Lei se formou em Ciência da Computação pela Universidade de Wuhan em 1991 — mesmo ano em que entrou para o mundo da tecnologia.
Seu primeiro grande passo foi na Kingsoft, empresa chinesa de software onde começou como engenheiro e, em 1998, já assumia o cargo de CEO. Durante sua gestão, a empresa abriu capital na bolsa de Hong Kong e se tornou uma das líderes nacionais do setor.
Em paralelo, fundou a livraria online Joyo.com, que foi adquirida pela Amazon em 2004 por US$ 75 milhões — um movimento visionário antes mesmo da internet decolar de forma massiva na China.

Entre 2007 e 2010, já fora da Kingsoft, Lei Jun se tornou investidor-anjo e apoiou mais de 20 startups chinesas. Ele teve participação em empresas como:
- JOYY Inc. (plataforma de streaming)
- UCWeb, onde atuou como presidente antes da fusão com o Alibaba
- Vancl (e-commerce de moda)
- Shunwei Capital, fundo que cofundou para fomentar novas empresas de tecnologia
Em 2010, ao lado de outros seis fundadores, Lei lançou a Xiaomi, com a proposta ousada de oferecer produtos de qualidade premium a preços acessíveis. O primeiro smartphone da marca foi lançado em 2011, e em menos de cinco anos a empresa já estava avaliada em US$ 45 bilhões — uma das startups mais valiosas do mundo à época.
A abertura de capital na bolsa de Hong Kong em 2018 marcou um novo capítulo. A Xiaomi captou US$ 4,7 bilhões na estreia e, no mesmo ano, entrou no ranking Fortune Global 500. Desde então, expandiu seu portfólio para wearables, eletrodomésticos inteligentes e carros elétricos, posicionando-se como uma das marcas mais diversificadas do setor.
O sucesso de Lei Jun não foi fruto de uma ideia isolada, mas sim de uma combinação entre conhecimento técnico, leitura de mercado e habilidade de execução em larga escala.
Sua capacidade de antecipar movimentos da indústria e alinhar produtos à demanda real do consumidor fez da Xiaomi um dos poucos conglomerados chineses com influência global.
O perfil e o estilo de liderança de Lei Jun
Enquanto muitos executivos constroem sua imagem em eventos de gala ou entrevistas em grandes mídias, Lei Jun prefere o palco dos lançamentos e a conversa direta com seus consumidores. Ele é conhecido por seu estilo de gestão direto, focado em eficiência, proximidade com o público e entregas rápidas.
Seu jeito de liderar frequentemente é comparado ao de Steve Jobs. E não é apenas pela estética minimalista nas apresentações, com camiseta preta e jeans. Ele valoriza o controle sobre os produtos, a clareza nas decisões e a cultura de experimentação rápida, onde errar custa pouco e o aprendizado é imediato.
Lei Jun se posiciona como um líder acessível e altamente engajado com a comunidade, especialmente nas redes sociais chinesas
Mas, diferentemente de Jobs, Lei se posiciona como um líder acessível e altamente engajado com a comunidade, especialmente nas redes sociais chinesas. Seus perfis no Weibo e Douyin (TikTok chinês) somam mais de 70 milhões de seguidores, e ele costuma responder diretamente a sugestões e críticas dos fãs da marca.
Tal interação constante com a base de usuários moldou o DNA da Xiaomi como uma empresa que escuta, adapta e entrega, algo raro entre gigantes do setor.
Outro traço marcante é sua visão de longo prazo. Em vez de buscar ganhos imediatos, Lei orientou a Xiaomi para operar com margens de lucro reduzidas nos produtos de hardware, compensando com volume, fidelização e a oferta de serviços integrados, como Mi Cloud, Mi Video e Mi Music.
Ele também apostou cedo em integração de ecossistemas, conectando smartphones, TVs, eletrodomésticos e wearables dentro de uma lógica de uso fluido.
Além disso, seu estilo de gestão valoriza:
- Estrutura organizacional horizontal, com equipes pequenas e ágeis
- Cultura de engenharia e produto, com incentivo a melhorias incrementais constantes
- Visibilidade total dos custos, inclusive divulgando margens publicamente como forma de compromisso com o consumidor
- Tomadas de decisão rápidas, com base em dados e no retorno direto dos usuários
A combinação de carisma, método e pragmatismo tornou Lei Jun um dos CEOs mais admirados dentro e fora da China, mesmo que seu nome ainda passe despercebido por muitos fora do radar da mídia ocidental.
Quais são as maiores contribuições de Lei Jun para a Xiaomi?
Desde a fundação da Xiaomi em 2010, Lei Jun foi o arquiteto da estratégia e da cultura da empresa. A marca nasceu com uma missão clara: democratizar a tecnologia de ponta. E foi sob sua liderança que a Xiaomi se transformou de uma startup de smartphones em um conglomerado global de eletrônicos, IoT e mobilidade elétrica.
Uma das principais decisões estratégicas foi apostar em um modelo de negócios centrado em margens baixas e fidelização. Enquanto concorrentes buscavam lucros elevados em cada unidade vendida, Lei Jun optou por crescer em escala, mantendo os preços acessíveis e compensando com serviços digitais e vendas recorrentes. Isso aproximou a Xiaomi de um público que desejava performance sem pagar por grife.
Outro marco importante foi a estruturação de um ecossistema completo, conectando smartphones, TVs, eletrodomésticos, câmeras de segurança, patinetes, pulseiras e até guarda-chuvas inteligentes por meio de uma mesma interface. A empresa construiu a maior plataforma de IoT de consumo do planeta e agora está vendendo até carros — e isso só foi possível graças à visão integrada de Lei Jun.

Nos últimos anos, ele também liderou a entrada da Xiaomi no setor automotivo, com o lançamento do carro elétrico SU7 em 2024. A iniciativa exigiu reposicionamento de marca, contratação de engenheiros automotivos e desenvolvimento de novas cadeias de produção, mais uma vez, sob sua supervisão direta.
Abaixo, confira as principais contribuições de Lei Jun para a Xiaomi:
Contribuição | Descrição |
---|---|
Modelo de negócio com margens baixas | Estratégia de alto volume e fidelização, com hardware acessível |
Criação de um ecossistema integrado | Integração de centenas de produtos via software e IoT |
Venda direta e engajamento com fãs | Modelo de venda online, flash sales e participação ativa dos consumidores |
Expansão internacional | Crescimento em mercados como Índia, Europa e América Latina |
Aposta em veículos elétricos | Desenvolvimento e lançamento do Xiaomi SU7, ampliando a atuação da marca |
Cultura de engenharia | Times enxutos, entregas ágeis e foco em aprimoramentos constantes |
Comunicação direta | Uso intenso das redes sociais para falar com usuários e receber feedback |
Essas frentes consolidaram a Xiaomi como uma das poucas marcas globais capazes de competir com Samsung e Apple em diversas categorias, mantendo uma identidade própria e uma base de usuários extremamente leal.
Publicações e falas marcantes
Apesar de manter uma postura discreta fora da China, Lei Jun é um comunicador atento e cuidadoso com as palavras, principalmente quando fala com seus públicos mais próximos — investidores, usuários da Xiaomi e o governo chinês.
Ao longo da carreira, ele já concedeu entrevistas importantes, escreveu artigos, palestrou em fóruns internacionais e publicou reflexões em redes sociais chinesas. Embora não seja autor de livros, muitos de seus discursos e postagens ganharam ampla repercussão, tanto pela forma direta quanto pela carga estratégica.
Algumas falas ajudam a entender sua visão de negócio:
Nosso objetivo nunca foi competir em preço, e sim oferecer valor real. Um bom produto não precisa custar caro.
Lei Jun, em coletiva durante o IPO da Xiaomi, 2018
As empresas que sobrevivem são as que têm disciplina e humildade. Não é sobre vencer todos os dias, é sobre ser útil por muito tempo
Publicado em sua conta no Weibo, em resposta a críticas após a entrada da Xiaomi no setor automotivo
Outro marco de comunicação aconteceu em março de 2024, no evento de lançamento do carro elétrico Xiaomi SU7, quando Lei Jun declarou:
A Xiaomi não é só uma fabricante de dispositivos eletrônicos. Somos uma empresa que conecta pessoas, ideias e possibilidades. O SU7 é a materialização dessa filosofia
Além disso, ele costuma publicar atualizações técnicas, bastidores dos lançamentos e até dicas pessoais de leitura, produtividade e gestão, atraindo seguidores não só pela marca, mas pela figura de empreendedor que construiu tudo com consistência.
Sua forma de comunicar traduz um traço-chave da liderança de Lei Jun: transparência com estratégia, onde cada fala pública reforça a missão da empresa e antecipa movimentos do mercado. É também por isso que muitos fãs e analistas o acompanham de perto, mesmo que ele apareça menos na mídia ocidental.
Lista de curiosidades sobre o presidente da Xiaomi
- Nasceu em Xiantao, China, em 1969, e cresceu em uma família humilde; seus pais eram professores.
- Formou-se em Ciência da Computação pela Universidade de Wuhan em apenas dois anos — o curso normalmente dura quatro.
- Foi influenciado por Fire in the Valley, livro sobre a história do Vale do Silício, que leu durante a faculdade e o inspirou a empreender.
- Fundou a Joyo.com, uma das primeiras livrarias online da China — vendida à Amazon em 2004 por US$ 75 milhões.
- Começou como engenheiro de software e se tornou CEO da Kingsoft aos 28 anos.
- É conhecido por repetir mantras como “Foco no usuário” e “menos é mais” em reuniões internas e lançamentos.
- Participa ativamente do desenvolvimento dos produtos da Xiaomi — muitas decisões de design passam por ele pessoalmente.
- Costuma se vestir de forma simples: camiseta escura e jeans, à la Steve Jobs, em todas as apresentações da marca.
- Apesar da fortuna bilionária, mantém uma vida pessoal reservada, longe de ostentações ou exposições em tabloides.
- Seus perfis no Weibo e Douyin (TikTok chinês) somam mais de 70 milhões de seguidores — e ele responde fãs com frequência.
- Acompanha de perto o projeto dos carros elétricos Xiaomi, inclusive testando pessoalmente protótipos do modelo SU7.
- Em 2019, anunciou que doaria integralmente um bônus de US$ 1 bilhão recebido da Xiaomi para instituições filantrópicas.
- É representante do Congresso Nacional do Povo da China desde 2013, apesar de não ter filiação partidária.
- Gosta de esquiar nas horas vagas, mas seu Instagram — com menos de 200 mil seguidores — não é atualizado há mais de quatro anos.
- Foi apelidado pela imprensa chinesa de “Lei Jobs”, pela semelhança com o estilo e a postura de Steve Jobs.
Onde Lei Jun quer chegar?
A história de Lei Jun é, em muitos aspectos, a síntese de uma nova geração de líderes tecnológicos: menos focados em celebridade, mais comprometidos com produto, estratégia e impacto real.
Mesmo fora dos holofotes internacionais, Lei continua moldando o futuro da tecnologia global a partir de Pequim. E se a trajetória até aqui já impressiona, os próximos capítulos — com carros elétricos, inteligência artificial e expansão internacional — indicam que seu nome ainda vai circular muito mais do que ele faz questão.
Fonte: Xiaomi, Instagram, Wikipédia, Forbes e Britannica Money
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