
Vergonhoso é termo brando para descrever o constrangimento que Donald Trump impôs ao presidente da África do Sul, em visita recente à Casa Branca. Usou mentiras e deturpações da realidade, repelidas pelo próprio visitante e, em seguida, pelos meios de imprensa do país no Norte.
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É capítulo novo de uma fórmula velha. Com o peso político, econômico e militar nos ombros, governantes estadunidenses instalam seus objetivos estratégicos, que são movimentos no cenário da política internacional para responder a demandas internas do país, e constroem argumentos para justificá-los. Não necessariamente nessa ordem.
No radar dos Estados Unidos, as Três Fronteiras da Argentina, Brasil e Paraguai são enredadas em um jogo de “caça às bruxas” para manter um inimigo externo ativo e perigoso aos propósitos da nação que se faz, pela força, a predestinada a salvar a democracia e os bons valores no mundo. No caso da fronteira, vale acusação sem prova.
Reportagem do H2FOZ foi a fundo para descortinar o que envolve a oferta da embaixada estadunidense de US$ 10 milhões como recompensa por informações sobre eventual mecanismo financeiro de atuação do Hezbollah na região. Apesar do montante de dinheiro, não foram apresentadas evidências da prática que se alega querer coibir.
Ouvido, o professor universitário e analista internacional Mamadou Alpha Diallo avalia que o fato de haver na área fronteiriça uma comunidade árabe grande, que atua no comércio, é usado para confundir. “A remessa de dinheiro é naturalmente consequência da imigração”, pois a colônia mantém vínculos, não haveria de ser diferente, com familiares no país de origem.
Para o docente, requentar o assunto, já usado em vários outros momentos contra as Três Fronteiras, é um mecanismo da comunicação do presidente dos Estados Unidos. “As decisões e atos do Trump ao dia são muitos, e os jornalistas não conseguem acompanhar”, pontua – estratégia para dar atenção a alguns temas, tirando outros do foco. Isso é desinformação.
No xadrez atual, a política externa dos Estados Unidos estreita o espaço de atuação com os governos da Argentina e Paraguai. São temas de interesse que vão de Taiwan, em relação à China, até suspeitas, bem ao gosto de Israel, de casos de terrorismo na região, incluindo recursos naturais e infraestrutura.
A retórica até pode avançar, dado o poderio dos mecanismos que a engendra. O que não se pode subtrair é a verdade de que os povos vivem em harmonia na região trinacional. Pelo exemplo, lembram ao mundo que é possível construir laços e comunidades integradas, e que a paz e o diálogo devem prevalecer à truculência e à sanha beligerante.
O post Três Fronteiras sob mira dos EUA: geopolítica e fábrica de inimigos apareceu primeiro em Últimas Notícias de Foz do Iguaçu e Região – H2FOZ.