
A Americanas (AMER3) voltou ao vermelho no primeiro trimestre de 2025, registrando um prejuízo líquido de R$ 496 milhões, segundo balanço divulgado na noite desta quarta-feira (14).
O resultado contrasta fortemente com o lucro de R$ 453 milhões obtido no mesmo período de 2024, quando a empresa se beneficiou de receitas extraordinárias ligadas ao seu plano de recuperação judicial.
De acordo com a varejista, o desempenho negativo neste início de ano foi influenciado, em grande parte, pela ausência de R$ 1,3 bilhão em “outras receitas” que impulsionaram os números do primeiro trimestre do ano anterior. Esses valores estavam relacionados à execução do plano de reestruturação financeira da companhia, e não se repetiram agora.
O balanço também mostrou que o Ebitda ajustado — indicador que reflete o desempenho operacional da empresa antes de impostos, juros, depreciação e amortização — ficou negativo em R$ 20 milhões, revertendo o Ebitda positivo de R$ 243 milhões registrado um ano antes.
A receita líquida da companhia encolheu 17,4% em relação ao primeiro trimestre de 2024, somando R$ 3,06 bilhões.
Um dos principais fatores apontados para a queda nas vendas foi o calendário: com a Páscoa de 2025 ocorrendo em abril, boa parte do movimento sazonal ficou fora do trimestre analisado.
“A Páscoa para a gente é quase tão importante quanto o Natal”, afirmou Leonardo Coelho, presidente da Americanas, em entrevista à Reuters. Segundo ele, o fato de a data ter sido empurrada para o segundo trimestre impactou significativamente o desempenho dos primeiros três meses do ano.
A Americanas segue em processo de recuperação judicial e enfrenta o desafio de equilibrar suas operações e resultados em meio a um cenário de ajuste financeiro e reposicionamento no varejo brasileiro.
Americanas tenta virar a página com reestruturação e expansão planejada
Apesar dos desafios enfrentados nos últimos anos, a Americanas (AMER3) começa a mostrar sinais de recuperação. De acordo com o CEO Leonardo Coelho, a receita líquida da empresa cresceu cerca de 10% quando se compara o acumulado de janeiro a abril de 2025 com o mesmo intervalo de 2024 — uma sinalização positiva para um grupo que ainda tenta se reerguer após a maior crise de sua história.
O processo de recuperação, no entanto, exige decisões difíceis. A companhia fechou 26 lojas nos primeiros três meses deste ano, todas consideradas inviáveis segundo os parâmetros atuais da empresa.
Em 2024, já havia encerrado cerca de 80 unidades. O foco, agora, está em reequilibrar a rede, com uma estratégia voltada à performance: cortar o que dá prejuízo e investir onde há potencial.
Nesse sentido, a Americanas planeja abrir novas lojas ainda em 2025, priorizando regiões com maior perspectiva de retorno — especialmente no Nordeste, segundo informou o executivo.
A empresa continua em recuperação judicial após o escândalo contábil bilionário que envolveu a antiga diretoria e abalou a confiança do mercado. Coelho reconhece que o caminho de volta é longo, mas acredita no avanço gradual da operação.
“Essa não é uma crise da qual você sai rapidamente”, afirmou. “É como uma operação de coração, você não sai da sala de cirurgia para no dia seguinte correr uma maratona.”
A companhia encerrou março com uma dívida bruta de R$ 1,8 bilhão, formada majoritariamente por debêntures públicas. Além disso, há R$ 61 milhões em financiamentos de curto e longo prazo de empresas do grupo que não estão incluídas no processo de recuperação judicial.
Mesmo diante de um cenário desafiador, a empresa aposta em uma combinação de corte de custos, melhoria operacional e expansão seletiva para retomar a confiança do mercado e reconstruir sua posição no varejo nacional.
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