Salão de Xangai 2025 coloca carros chineses em ‘outro patamar’ tecnológico

Salão de Xangai 2025 coloca carros chineses em ‘outro patamar’ tecnológico

Salão de Xangai 2025 coloca carros chineses em ‘outro patamar’ tecnológico
Foto: Diogo de Oliveira/Estadão

A preferência dos chineses por marcas de carros locais e suas tecnologias inovadoras marcou a abertura do Salão do Automóvel de Xangai, na China. Gigantes do país oriental, como BYD, GAC, Geely e GWM atraíram a maioria do público presente na feira com uma profusão de lançamentos que, em breve, ganharão o mundo, incluindo o Brasil e a América do Sul.

Se a China abraçou o carro elétrico como forma de reduzir a poluição do ar (ainda com níveis preocupantes e que deixam quase sempre a paisagem cinza), as marcas locais falam em “multienergia”, com a revelação de modelos elétricos e híbridos de vários tipos. Assim, novas tendências surgem e ganham força no mercado chinês, com potencial global.

Por exemplo, a (ainda desconhecida) Leapmotor revelou seu primeiro sedã 100% elétrico, o B01. Mas, além dos modelos exclusivamente a bateria, como os SUVs B10 e C10, ambos confirmados para estrear no 2º semestre no Brasil, a marca parceira do grupo Stellantis aposta alto na tecnologia REEV (sigla de Range Extended Electric Vehicle ou veículo elétrico de autonomia estendida).

“O sistema REEV é muito interessante para certos mercados. É uma tecnologia que reduz a ansiedade do consumidor em relação à preocupação com a carga e o alcance da bateria”, pontou Zhu Jiangming, chairman da Leapmotor, na coletiva com jornalistas brasileiros.

A tecnologia REEV adiciona um motor a gasolina que atua como gerador para alimentar a bateria. Assim, permite o funcionamento do carro mesmo quando a bateria está descarregada. Entretanto, o veículo funciona sempre com elétrico. Trata-se de um sistema muito parecido com o que a BMW tinha no elétrico i3, que foi vendido no Brasil ao longo da última década. E que a Nissan comercializa no Japão e no México, sob o nome e-Power.

Produção em novas regiões é o foco

Inegavelmente a China se tornou a maior fábrica de carros do planeta. Entretanto, para efetivamente alcançar o topo das vendas globais, as marcas do país oriental agora trabalham na localização de fábricas e não apenas com foco nas exportações.

Na GWM, o chairman e dono do grupo, Jack Wei, falou sobre o processo de internacionalização da empresa, com a produção de veículos em outros países e regiões como peça-chave para a expansão “overseas”.

“A fábrica no Brasil é essencial para nos dar volume na região. E para tornar a companhia mais competitiva. Montar carros em esquemas de SKD e de CKD não é uma solução para longo prazo. É necessário uma cadeia completa de produção para competir nos mercados internacionais”, resumiu o executivo.

Segundo o fundador e dono da GWM, a expansão global não virá com exportação de carros da China, mas com a produção em outros países e regiões. “Não haverá crescimento se os veículos forem produzidos só na China”, decretou Jack Wei.

Chineses apostam em veículos “multienergia”

Nos últimos três anos, marcas chinesas surpreenderam o mundo com sistemas elétricos e híbridos até então pouco comuns em carros de marcas tradicionais. Modelos do tipo plug-in a gasolina tornaram-se um diferencial nas vendas de veículos no Brasil, Europa e outros mercados.

Entretanto, agora, as chinesas falam em “plataformas multienergia”. Com os desafios na venda de carros puramente elétricos em certas regiões, a solução é adotar plataformas que oferecem diferentes tipos de motorização. Inclusive, modelos somente a combustão continuam no foco, apesar de parecerem obsoletos diante da eletrificação.

A GAC Motor, por exemplo, vai iniciar sua operação no Brasil no fim de maio com três veículos elétricos e um híbrido completo (HEV). A marca vai começar sua oferta com modelos mais caros, mas, conforme o chairman Mr. Wei Hai Gang, chefe de operações internacionais, a empresa também planeja comercializar carros a combustão no Brasil, com tecnologia flex.

“Vamos começar nossa operação no Brasil com elétricos e híbridos, e, no fim de 2025, lançaremos modelos a combustão. Será um segundo passo. Temos uma gama completa na China, com diferentes tipos de motorização para atender as necessidades de cada mercado”, confirma o executivo da GAC.

Segundo Wei Hai Gang, a montadora terá mais de 20 concessionárias abertas no País até o fim do próximo mês de maio. A linha Aion de elétricos será a principal aposta da marca, que também vai atuar com modelos da marca de luxo Hyptec. Apesar disso, o chairman promete preços competitivos e modelos flex ainda no fim de 2025. E até produção nacional.

Europeias se rendem para vender na China

Enquanto marcas chinesas avançam nas vendas dentro e fora da China, montadoras ocidentais buscam alternativas para voltar ao jogo no mercado chinês, que é o maior do mundo (em 2024, o país comercializou mais de 22 milhões de veículos novos).

É o caso da Volkswagen, que mostrou três protótipos em Xangai feitos para o mercado local (veja aqui). Já a Audi, que também faz parte do grupo VW, apresentou uma nova marca local, a AUDI – sem as quatro argolas e com o nome em caixa alta e por extenso.

E na ala das fabricantes japonesas, a Nissan, que vive profunda crise financeira, revelou a nova geração da picape Frontier, um de seus produtos mais importantes e com maior potencial global. A picape surgiu completamente reformulada, com visual bem mais moderno e nova plataforma, com um inédito conjunto híbrido do tipo plug-in. Além disso, a caminhonete tem cabine bem “chinesa”, com duas telas no painel e um enorme multimídia central.

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