
Aparentemente distante, mas brutalmente presente, a nova ofensiva tarifária de Donald Trump contra potências globais como China e União Europeia — com o Brasil atingido como dano colateral — reacendeu um debate que vai muito além da política externa americana. Afinal, o que significa um mundo americano mais protecionista para o investidor brasileiro? O que está em jogo? E, principalmente: o que você, investidor pessoa física, pode fazer agora?
A guerra silenciosa que encosta no seu bolso iniciou no dia 12 de abril de 2025, quando Trump anunciou um novo pacote de tarifas: 10% sobre importados chineses e europeus e 25% sobre produtos estratégicos como aço e alumínio. Embora o Brasil não tenha sido alvo direto, 14% da nossa exportação total depende de cadeias globais integradas aos EUA. O impacto, portanto, é indireto, mas real.
Exemplo prático: se uma montadora alemã nos EUA parar de importar componentes brasileiros, o efeito bate em São Paulo. Se a soja brasileira perde espaço na China por represálias contra os EUA, o agronegócio também sente.
Cenário doméstico e o investidor pessoa física
A situação atual pode parecer contraditória via incertezas e nebulosidade, mas ela oferece janelas táticas. Veja como o investidor racional pode reagir:
1. Queda do dólar: oportunidade nos títulos públicos americanos?
Com a taxa atual em 4,31% a.a. em dólares, num patamar historicamente elevado (acima da média dos últimos 10 anos), e o dólar acumulando queda superior a 8% em 2025, surge uma oportunidade estratégica: ao comprar esses títulos agora, o investidor pode capturar um carrego atrativo em moeda forte e se beneficiar de uma eventual reversão cambial ou de valorização dos títulos em cenários de estresse global. É uma alocação que une segurança, rendimento real e proteção internacional.
As Treasuries são títulos públicos emitidos pelo Tesouro dos EUA, considerados o principal benchmark global de taxa de juros de longo prazo sem risco de crédito. Já que são:
- Altamente líquidos e amplamente negociados;
- Esses papéis servem como referência para precificação de diversos ativos ao redor do globo.
Com a taxa atual em 4,31% a.a. em dólares, num patamar historicamente elevado (acima da média dos últimos 10 anos), e o dólar acumulando queda superior a 8% em 2025, surge uma oportunidade estratégica: ao comprar esses títulos agora, o investidor pode capturar um carrego atrativo em moeda forte e se beneficiar de uma eventual reversão cambial ou de valorização dos títulos em cenários de estresse global. É uma alocação que une segurança, rendimento real e proteção internacional.
2. O país dos juros reais: MEU BRASIL!
Desde 2010, a NTN-B com vencimento em 2035 passou 74% do tempo com taxas reais entre 5% e 6,5% ao ano. Dado que em maio de 2025 esse mesmo título é negociado com IPCA + 7,43%, estamos vivenciando uma janela estatisticamente rara: desde 2010, menos de 6% do tempo as NTN-Bs operaram com prêmios reais tão elevados. Historicamente, essas ocasiões foram breves e altamente lucrativas para quem se posicionou com visão de médio e longo prazo.
O fiscal brasileiro segue pressionado e o investidor tem hoje a chance de travar a maior taxa real da década, com base em uma das classes de ativos mais sólidas do país. Trata-se de uma assimetria positiva — baixa frequência, alta recompensa; o Brasil segue se destacando globalmente como o país dos juros reais, os títulos públicos indexados ao IPCA (Tesouro IPCA+) oferecem taxas superiores a 7% de juros reais ao ano — níveis extremamente elevados em padrão histórico e internacional.
Esses prêmios de risco refletem as incertezas fiscais, mas representam uma oportunidade única para o investidor que busca renda real, proteção contra a inflação e possibilidade de ganho com marcação a mercado. O que reforça o potencial estratégico de travar essas taxas enquanto durarem. Lembrando da marcação nesses papéis diariamente na visualização à mercado, o que até o vencimento pode evidenciar tanto o ágio quanto o deságio.
3. Liquidez e Flexibilidade
Fundos DI, CDBs curtos e LCIs/LCAs isentas também ganham espaço proporcionalmente à carteira como instrumentos de liquidez estratégica para quem deseja manter munição em caixa e entrar em outra janela em ativos de maior risco.
No gráfico elaborado na página https://maisretorno.com/, traçamos a performance dos últimos 10 anos para um investidor que tinha em sua carteira: papel 100% do CDI, papel de IPC-A + 7,43% e papel variação do dólar + 4,32%. A diversificação efetiva melhora a relação entre risco e retorno da carteira.
O que não pode haver é paralisia. Não há cenário sem risco. Há cenários com oportunidades escondidas para quem sabe onde procurar.
O post Agora você entende o peso de uma tarifa: o que a guerra tarifária de Trump tem a ver com você? apareceu primeiro em BPMoney.