
O agravamento das tensões comerciais entre EUA e China, com tarifas chegando a 245% sobre produtos chineses, tem gerado incertezas no comércio global. Apesar de o Brasil ser beneficiado em alguns setores, como o agropecuário, a demanda chinesa por minério de ferro — especialmente o da Vale (VALE3) — pode ser impactada negativamente.
A China é o maior consumidor mundial da principal commodity, e qualquer desaceleração em sua economia pode afetar diretamente as exportações da Vale. Além disso, a valorização do real frente ao dólar no primeiro trimestre de 2025 pressionou as receitas da empresa, que são majoritariamente denominadas em moeda estrangeira.
Diante desse cenário, a Hike Capital apontou que o resultado do primeiro trimestre de 2025 da mineradora deve ser mais fraco.
“Estimamos uma receita líquida de US$ 8,3 bilhões, uma queda de 2% em relação ao mesmo período do ano anterior”, afirmou o analista Ângelo Belitardo Neto, da Hike Capital.
A casa também projeta um lucro líquido de US$ 1,57 bilhão, representando uma redução de 3,85% na comparação anual. Já o EBITDA ajustado é estimado em US$ 3,297 bilhões, uma diminuição de 4,1% em relação ao primeiro trimestre de 2024.
Em linha com a perspectiva pouco otimista, a XP Investimentos destacou que segue considerando a “perspectiva para o minério de ferro como pouco inspiradora e o principal fator detrator da narrativa de equity da Vale, com os níveis atuais de commodities em torno de US$ 100/t sendo negativamente assimétricos em relação ao nível de ~US$ 90/t que consideramos justo”.
Na última atualização sobre os papéis da Vale, a XP observou que, com várias das pendências da mineradora sendo concluídas (ou próximas da conclusão), a narrativa microeconômica aparece como um ponto positivo em meio a um ambiente macroeconômico prejudicado.
“Considerando tudo isso, acreditamos que o valuation é pouco atraente, com (i) um dividend yield de ~6,5% para 2025E considerado justo, (ii) um desconto de EV/EBITDA de 24% em relação aos principais concorrentes, alinhado à média histórica recente, apesar de (iii) um desconto relativo de 29% em relação aos preços do minério de ferro, sugerindo uma assimetria positiva, embora limitada, para as ações”, acrescentou a XP.
Investidores devem observar produção e custos operacionais da Vale
Quando questionado sobre o que os investidores devem observar para evitar surpresas no próximo trimestre, Ângelo Belitardo Neto apontou que a produção, as vendas e os custos operacionais devem ser o foco.
Em relação aos custos operacionais, o especialista destacou que, excluindo a compra de terceiros, o custo caixa está estimado em US$ 22,4 por tonelada — representando uma redução de 4,4% em relação ao mesmo período do ano anterior — reflexo de melhorias operacionais e maior diluição de custos fixos.
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