
Mais de 40 cães estão em situação de vulnerabilidade em uma granja em Caeté, na Zona Rural de Juiz de Fora, segundo a protetora de animais Tatiana Araújo, que pede ajuda da população e dos órgãos competentes para salvar os animais. Os cachorros eram cuidados por uma idosa, de 78 anos, que precisou se ausentar após fraturar o fêmur, e por um homem, 50, que também estaria com problemas de saúde. Denúncias levaram à presença da Polícia Militar do Meio Ambiente (PMMA) e da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), junto com a equipe do Canil Municipal. No entanto, medidas adotadas, como a retirada de alguns cães para castração, supostamente sem o isolamento adequado, teriam levado ao adoecimento e à morte de, pelo menos, oito cachorros, conforme a protetora.
Segundo Tatiana, antes da intervenção da PJF, havia 57 cães no local e, até o Domingo de Páscoa (20), foram contabilizados 44. A protetora aponta que os órgãos competentes, como Prefeitura e Canil Municipal, têm poder e verbas para tratar esses cães em isolamento. “Porém, foram até lá sabendo que se tratava de animais que nunca saíram daquele local e, enfim, fantasiando a realidade, encaminharam animais para o Canil, sem cuidados necessários para evitar que esses não fossem acometidos por doenças. Castraram quatro animais na primeira ida e, logo depois, animais começaram a morrer por parvovirose. Um dos cães foi internado em meu nome, e tenho como provar que ele está lá tratando a parvo”, assegura.
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No último sábado (19), a PMMA registrou a ocorrência, após denúncia de protetores, que estariam indo ao local pelo menos três vezes por semana, para levarem ração, aplicar vermífugos e realizar a higiene do local, com ajuda de doações. Naquela data, eles constataram a falta de alguns animais e localizaram quatro cães mortos aos fundos da residência. Um deles estava caído na vegetação, e outros três dentro de sacos plásticos. Dois dias antes, o homem que ajudava a cuidar dos animais havia pedido ajuda, ao perceber que alguns cães estariam “amuados”.
Naquela data, a PM contabilizou cerca de 40 cães no local, de tamanhos e raças diversas, aparentemente sadios, sem ferimentos visíveis, com ração e água à disposição, e apenas fezes frescas, considerando que as cuidadoras haviam limpado o imóvel no dia da denúncia. “Os animais foram localizados soltos no interior da residência e pelo quintal da granja. Na presente fiscalização, não foram verificados indícios da prática de maus-tratos aos cães”, afirma a PM, que chegou a fazer contato com o Canil Municipal, recebendo informações de que o setor de Zoonoses da Prefeitura já está acompanhando o caso e que já fez algumas castrações. Na oportunidade, a PM destacou que o homem que atuaria como caseiro também vive em situação de vulnerabilidade, em meio aos animais, e também encontra-se com certa restrição de mobilidade, devido a uma ferida aberta no pé esquerdo. Na oportunidade, as protetoras presentes também relataram não terem condições de assumir a guarda dos cães.
Dois dias depois, na segunda-feira (21), a PJF retornou ao local, cerca de 20 dias após a primeira visita e em meio à repercussão do caso nas redes sociais. Com a presença do secretário do Bem-Estar Animal, Márcio Guerra, e do coordenador dos veterinários do Canil Municipal, a PM do Meio Ambiente voltou a registrar a ocorrência. Na ocasião, as autoridades afirmaram que o Canil começou a realizar ações para mitigar os problemas desde que foi acionado e recolheu os animais que constatou estarem doentes. Naquele dia, mais oito animais foram levados para castração. O coordenador dos veterinários também afirmou à PM que, a partir desta terça, começaria a vacinar os animais e a realizar uma grande higienização no local, “pois caso haja alguma virose acometendo os animais, essas medidas irão bloquear o avanço da virose”.
“Foram encontrados 39 cães de raça não definidas e de diversas idades, convivendo no ambiente interno e externo (amplo) da residência. Os cães apresentavam boa condição clínica e corporal identificados por meio de inspeção visual. Havia oferta de água e ração satisfatória para todos, assim como disponibilidade de abrigo para todos. Não foi observado, no momento da vistoria, animais enfermos ou que precisassem de atendimento veterinário imediato. Em compromisso com o programa de controle populacional pela PJF, nesta data foram encaminhados oito cães para o Canil Municipal para castração. Estes também serão vacinados, microchipados e desparasitados. Os demais cães não castrados dessa residência também serão encaminhados para esses procedimentos de forma escalonada. E também foi agendado o início de um protocolo vacinal para evitar surtos de doenças infecciosas e zoonoses nesse abrigo”, diz o relatório do especialista, que consta no boletim de ocorrência.
Idosa sofreria da Síndrome de Noé, diz protetora de animais
A protetora de animais Tatiana Araújo conta que a idosa, que era a cuidadora dos animais, sofreria da Síndrome de Noé, condição psicológica caracterizada pelo acúmulo excessivo de animais. “A senhora sempre cuidou desses animais como podia, até se acidentar e quebrar o fêmur em duas partes. Desde então, ela está sendo cuidada pela sobrinha, pois não tem parentes na cidade. E não consegue mais se locomover.”
Para Tatiana, os animais não podem permanecer nessa situação. Diante disso, ela faz campanha nas redes sociais para que os animais sejam adotados ou tenham um lar solidário. “Tive conhecimento dessa caso há quase um mês.” Ela teme que os outros oito animais levados para castração na segunda-feira voltem com virose. “Retornaram lá (PJF) porque se negaram a recolher os animais mortos no domingo, quando acionamos a polícia.” Para ela, “com o vírus instalado na casa”, é preciso que pessoas possam adotar ou dar um lar solidário, enquanto cada animal seja encaminhado para uma clínica veterinária para fazer exames, vacinar e castrar, com ajuda que ela está recebendo de alguns parlamentares. Segundo ela, o apoio da PJF deveria ser mais efetivo, inclusive na limpeza do local e na alimentação dos cães, que estariam recaindo sobre os protetores. “A casa está sem luz, e a água é precária”, complementa.
PJF garante tomar medidas adequadas ao caso
Questionada sobre a situação denunciada pela protetora, que inclui a morte de pelo menos oito animais, a PJF confirmou que a Secretaria do Bem-Estar Animal (Sebeal) esteve em Caeté no dia 31 de março, junto com a Secretaria de Assistência Social (SAS), com equipes do Canil Municipal e de Zoonoses e com a Polícia Militar Ambiental para verificar “in loco” um chamado sobre cães de uma mulher que, naquele momento, se encontrava hospitalizada.
“Acionada pela Polícia Militar Ambiental e constatada a necessidade de alimentação de parte dos animais, a Sebeal levou sacos de ração ao local. Além disso, o Canil Municipal fez a castração de quatro cães, e seis filhotes receberam vacinação e vermifugação.” A PJF também mencionou o retorno na ultima segunda, “para apurar novamente a situação”, mas não comentou os óbitos. “Oito cachorros foram encaminhados para castração no Canil Municipal. Cabe informar que todas as vezes em que a Polícia Militar Ambiental, órgão responsável pela constatação se há ou não maus-tratos aos animais, foi acionada, não foi verificado crime pela mesma.”
Ainda conforme a PJF, “todos os cães pertencem a essa tutora, que possui um profissional (caseiro) responsável direto pelo cuidado desses animais”. A Prefeitura garante que “a Secretaria do Bem-Estar Animal segue oferecendo todo o suporte necessário a esses animais, que não podem ser acolhidos pelo canil, pois têm tutora legal, e segue atenta ao caso e tomando todas as medidas necessárias”.

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