Enquanto vários fatores apontam para um cenário de preços mais positivo no Brasil em 2025, ajudando no esforço do governo de desinflacionar a economia, o câmbio é a maior incerteza atualmente. E é, também, fonte de atenção da equipe econômica, dado o seu potencial para pressionar a inflação dos alimentos, que tem impactado fortemente na avaliação do governo e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Interlocutores graduados da equipe econômica ressaltam, no entanto, que, apesar de toda a volatilidade no mundo nas últimas semanas, diante da guerra comercial travada especialmente entre Estados Unidos e China, os sinais são razoáveis, já que a cotação da moeda estrangeira segue oscilando em torno do patamar de R$ 5,80. O valor é bem menor do que os R$ 6,19 do fechamento de 2024.
O problema, avalia o governo, é que muitos preços ainda sofrem, este ano, a influência da alta na cotação do dólar registrada em 2024, quando o real se desvalorizou 21,82%, chegando a bater em R$ 6,30. Na última quinta-feira, 17, taxa de câmbio estava em R$ 5,80.
“O IPCA cheio é bem menos sensível ao câmbio do que o IPCA dos alimentos”, avalia um integrante do governo, referindo-se ao índice oficial de inflação. Itens de destaque na pauta de exportação do Brasil, os alimentos acompanham os preços internacionais onde são comercializados, cotados em dólar. É o caso da soja, do milho, do café, da carne, entre outros.
“Tivemos pressões de preços em produtos representativos, como o de proteínas, e a causa não é uma única”, diz um integrante da equipe econômica, citando fatores que contribuíram para alta dos preços dos alimentos como o ciclo do boi, problemas climáticos e choques externos.
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Para ele, a solução para combater essa situação também não é única. “Não existe uma bala de prata e é difícil romper com esse ciclo”, admite, lembrando que o país viveu “um forte choque de preços no final de 2024”. A mesma fonte lista vários pontos que ajudam no esforço do governo para desinflacionar a economia em 2025: a safra recorde prevista para este ano, a estratégia de crédito para fomentar a agricultura de pequenos e médios produtores e o incentivo aos grandes, além da redução da alíquota de importação de produtos como azeite de oliva.
“Isso tudo significa que vamos ter deflação dos alimentos? Não. A comida no mundo está cara. Mas, certamente, não veremos mais altas significativas de um mês para outro. Vamos ter queda moderada”, prevê.
Incerteza e volatilidade
A equipe econômica já vê os primeiros sinais positivos. “O preço no atacado já começa a cair”, prossegue. Por isso, destaca o interlocutor oficial, “é preciso manter o câmbio estável”. E é aí que pode morar o problema. A taxa de câmbio no Brasil teve uma valorização de cerca de 6% desde o início do ano.
No entanto, a maior parte desse ganho para a moeda brasileira ocorreu de janeiro até meados de fevereiro, quando Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos, mas não anunciou o tarifaço esperado já naquele primeiro momento.
A partir do final de fevereiro, o clima mundial começou azedar diante das projeções de possível recessão nos Estados Unidos vindas do Banco Central de lá, o Fed, e com o anúncio do Dia da Libertação, quando Trump deu os primeiros passos efetivos para uma guerra comercial com o resto do mundo.
Agora, a incerteza e a volatilidade estão instaladas no mundo. O prazo de 90 dias de trégua anunciado pela Casa Branca está longe de dar tranquilidade ou mesmo indicar uma pacificação mais à frente.
Não à toa, a poderosa presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, em coletiva à imprensa na quinta-feira, 17, deixou transparecer que o pior ainda pode estar por vir e que o mundo vive um momento de “inacreditável imprevisibilidade”
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