Café: preços podem ficar mais baixos até o final do ano

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Foto: Wenderson Araujo / Trilux / Arquivo CNA

Há uma expectativa no mercado de que os preços do café caiam cerca de 30% até o final deste ano, motivada por uma projeção de queda no consumo em razão da escalada dos preços e expectativas de uma melhora na safra brasileira no ano que vem. Isto é o que aponta uma pesquisa da “Reuters” com 12 analistas.

A expectativa dos entrevistados é de uma queda de 6% nos preços do café arábica ao final de 2025, em relação ao final do ano passado, e de cerca de 30% em relação aos preços atuais.

“As respostas apontaram para uma queda de 30% nos preços em Nova York e uma queda de 28% nos preços em Londres, então Nova York recuaria para 295 centavos de dólar por libra-peso”, explica o gerente de Inteligência de Mercado de Café da StoneX, Fernando Maximiliano.

Há expectativas de quedas nos preços devido especialmente à safra brasileira de canéforas, com uma projeção de safra maior que a do ano passado. “Isto deve aliviar um pouco o quadro mais apertado do arábica”, comenta o presidente do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Márcio Ferreira.

Nesse contexto, agentes do mercado estão atentos especialmente ao clima. “Estamos torcendo por um clima ameno, com chuvas significativas até a aproximação do período de colheita, para passarmos ilesos pela época de frio, quanto há risco de geada”, diz Ferreira.

Como os preços do café chegaram ao patamar atual?

A partir do final de 2023 e ao longo de 2024 houve um forte avanço nos preços globais do café, liderado especialmente pelo café robusta. Isto ocorreu em razão dos impactos do clima, uma vez que houve El Niño no final de 2023 e início de 2024.

Esse cenário, unido a conflitos no Oriente Médio, trouxe um aumento expressivo nos preços de robusta, o que suportou o avanço nos preços de arábica. Esperava-se que houvesse um alívio a partir da metade de 2024, com expectativas de um clima mais favorável.

Porém, esse não foi o caso e, em agosto do ano passado o clima estava seco e quente nas regiões produtoras no mês de agosto, além de terem ocorrido geadas. O clima também não ajudou no período de florada do grão, entre setembro e outubro, causando um impacto severo sobre o café arábica no Brasil, destaca Maximiliano.

Todos esses fatores contribuíram para alta nos preços do café ao consumidor mundialmente. Enquanto nos EUA a inflação do café acumulada nos últimos 12 meses até janeiro foi de 14,6%, na Europa ela chegou a 8,2% e, no Brasil, alcançou 50,35%.

“Os volumes expressivos de exportação mostram que a gente tem uma oferta reduzida aqui no mercado doméstico, porque exportou-se muito e a produção nos últimos anos não tem sido tão abundante como se esperava”, comenta Maximiliano.

A disparada dos preços também ocorre porque, desde que o custo começou a subir, a indústria tem trabalhado no modelo “just in time”, ou seja, não constrói estoques e, portanto, é obrigada a adquirir a matéria-prima a preços altos.

“As indústrias já sinalizaram que enquanto os preços seguirem valorizados no preço da matéria-prima, do café cru que a gente fala, a indústria vai se ver obrigada a repassar esse aumento desses preços para o consumidor final e a expectativa é que isso traga um impacto negativo para o consumo”, aponta Maximiliano.

Esse cenário tem causado grande volatilidade. “Com os estoques atuais de café em todo o mundo em níveis mais baixos (inclusive os estoques certificados) e a alta comercialização da safra Brasileira de 2024/25, o mercado se tornou mais sensível a quaisquer perspectivas de aperto da oferta”, comenta a analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets, Laleska Moda.

A expectativa da StoneX para a produção nesta safra é de uma queda de 10,5% na produção brasileira de café arábica, que deve ter um recuo para 40 milhões de sacas.

Em período de entressafra, oferta está limitada

No momento, a produção brasileira de café está em período de entressafra, que deve continuar até o mês de abril, com o início da colheita, prevista para a segunda quinzena do mês que vem. É esperado um ritmo mais acelerado a partir de maio.

Até lá, a oferta deve permanecer reduzidas e o mercado vai estar de olho na produção brasileira, destaca Maximiliano. O presidente do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Márcio Ferreira, explica que o cenário tem beneficiado produtores.

“Estamos no período de entressafra, tanto nos canéforas (conilon e robusta), quanto no arábica. Todavia, com os preços elevados, as ofertas têm fluido, no geral, em níveis muito favoráveis aos produtores. A estrutura do mercado segue invertida nas duas bolsas, premiando (pagando mais) os cafés no curto prazo”, afirma.

Espera-se que a nova safra seja menor que a atual, o que deve reduzir o volume de café exportado neste ano, após o recorde alcançado em 2024, de 50,5 milhões de sacas embarcadas.

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