Decolar sob investigação: auditoria aponta irregularidade em bilhetes

Foto: Decolar/reprodução

A Despegar (controladora da marca Decolar no Brasil) foi acusada de utilizar um método irregular para comercializar passagens aéreas por meio de uma tarifa chamada “tarifa operador”, conforme revelado por fontes ao jornal Valor. 

Esse desconto de até 20% é oferecido pelas companhias aéreas às operadoras para estimular a venda de pacotes. A empresa afirmou que identificou a fraude, demitiu os responsáveis e que, atualmente, está sendo alvo de ameaças de um ex-funcionário.

A Decolar admitiu que uma auditoria interna detectou a irregularidade, mas destacou que o volume de transações envolvidas era pequeno. A empresa também afirmou estar sendo “extorquida” por um ex-empregado, que seria o principal responsável pela fraude e que teria ameaçado denunciar a companhia. No entanto, fontes indicam que o valor das transações foi considerável, o que resultou em várias demissões. As companhias aéreas estão conduzindo investigações sobre o caso.

Fraude de Despegar é descoberta por Latam

A prática irregular da Decolar, envolvendo o uso da tarifa operador com desconto para comercializar passagens aéreas, foi descoberta após uma investigação da Latam, um de seus principais parceiros

Essa tarifa, que normalmente é oferecida às operadoras para incentivar a venda de pacotes, não deveria ser repassada diretamente ao consumidor final. Contudo, a Decolar aplicava o desconto para aumentar seu Ebitda, absorvendo a redução no preço e vendendo os bilhetes ao valor integral, sem repassar a economia ao cliente.

Esse esquema foi inicialmente identificado quando a Latam, que utiliza o sistema de vendas da Decolar em sua plataforma de viagens, percebeu a irregularidade e conduziu uma auditoria interna. 

A partir disso, a Decolar iniciou sua própria investigação. Embora a Latam tenha se recusado a comentar o caso, fontes afirmaram que a prática irregular também foi detectada em transações com outras companhias aéreas, como Gol e Azul, que não se pronunciaram sobre o assunto.

A tarifa operador é um acordo entre as aéreas e as operadoras de turismo, que permite à empresa aérea vender passagens com desconto para voos com baixa ocupação, beneficiando-se de melhores indicadores. No entanto, essa tarifa deve ser “opaca”, ou seja, não pode ser vendida diretamente ao consumidor, mas sim atrelada a algum outro serviço, como um pacote. Qualquer violação dessa regra pode resultar em multas e até no término da negociação da tarifa.

Para as operadoras, a tarifa oferece a vantagem de preços mais baixos para seus produtos. Sem o desconto, elas geralmente acrescentam uma margem de cerca de 10% sobre a tarifa base. Com o desconto, a operadora pode oferecer passagens com uma redução de até 20%. Ao não repassar essa vantagem ao consumidor, a Decolar aumentava sua margem de lucro.

Esse esquema de irregularidade gerou desconforto também junto à Prosus, controladora do iFood no Brasil, que adquiriu a Despegar (empresa controladora da Decolar) em dezembro por US$ 1,7 bilhão. De acordo com fontes do setor, existem questionamentos sobre a possibilidade de revisão do preço da aquisição devido a essas descobertas.

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