Lojas Renner: balanço fraco e esclarecimento sobre bônus; entenda caso

Foto: Divulgação

As ações da Lojas Renner (LREN3) sofreram um forte impacto na Bolsa de Valores na última sexta-feira (21). A contração veio com investidores reagindo ao balanço considerado fraco da companhia e, simultaneamente, ao anúncio de bônus aos colaboradores.

O lucro da varejista caiu 7,5% na comparação anual, para R$ 487,2 milhões. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado recuou 4,1%, somando R$ 963,2 milhões.

A remuneração destinada a conselheiros e executivos em 2024 foi de R$ 50 milhões, um aumento de 25% em relação a 2023. No entanto, Angelo Belitardo Neto, analista da Hike Capital, não vê um ganho expressivo na geração de valor ao acionista. “Em cenários de alta nos juros globais e no CDS (seguro contra calote), o custo de capital das empresas (WACC) tende a subir de forma agressiva, reduzindo a geração de valor ao acionista (EVA = ROIC – WACC), momento em que a remuneração dos conselheiros deveria ser reduzida”, afirmou.

Além disso, a política de remuneração executiva da companhia tem como base o crescimento da receita. Segundo ele, isso pode incentivar a expansão sem foco em produtividade e ganho de escala.

“A concessão de um bônus cinco vezes maior aos executivos em um ano de resultados financeiros mais fracos levanta um importante debate sobre governança corporativa e alinhamento estratégico”, acrescentou Thiago Eik, CEO da Bankme.

Especialistas apontam que o aumento expressivo dos bônus sugere um possível desalinhamento entre a política de remuneração da empresa e sua realidade operacional. Recompensar a alta administração de forma desproporcional ao desempenho financeiro pode comprometer a credibilidade da companhia e afetar a relação com investidores.

Especialistas divergem sobre o caso das Lojas Renner

Com a repercussão negativa do caso, que levou à queda das ações da Lojas Renner (LREN3), a empresa esclareceu o funcionamento do programa de participação nos resultados (PPR), destinado aos colaboradores. A companhia destacou que o cenário atual é de pressão sobre as margens.

Em nota, a Renner afirmou que o PPR totalizou R$ 150,7 milhões em 2024 e será distribuído a aproximadamente 21 mil colaboradores da varejista, excluindo os administradores, que não são elegíveis ao programa.

“O modelo estruturado de incentivos, conhecido como PPR, premia os esforços coletivos no alcance de metas pré-estabelecidas e aprovadas pelo Conselho de Administração, por recomendação do Comitê de Pessoas e Nomeação”, explicou a empresa em comunicado.

Diante do contexto, alguns especialistas têm uma visão diferente, como Caroline Sanchez, analista de varejo da Levante Corp. Para ela, a Renner é uma das maiores varejistas da Bolsa e tem uma forte geração de caixa. “A empresa possui uma posição de caixa líquido, o que a torna muito robusta e consolidada, garantindo flexibilidade para investimentos e para atravessar períodos macroeconômicos mais difíceis”, afirmou ao BP Money.

Ela destacou que a empresa consegue operar de maneira mais estável mesmo em cenários adversos, especialmente no Brasil, onde os juros costumam estar elevados.

Atualmente, a Selic (taxa básica de juros) está em 13,25% ao ano, o que impacta negativamente o setor varejista. Além disso, as restrições ao crédito prejudicam empresas endividadas — o que não é o caso da Renner.

Por fim, Sanchez ressaltou que a repercussão negativa se baseou exclusivamente no balanço do quarto trimestre. Assim, metas utilizadas para a bonificação consideram o desempenho do ano inteiro, e não apenas um período isolado.

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