Inflação persistente corrói pessimismo do mercado

A inflação crescente vem corroendo as expectativas do mercado financeiro e forçando o BC (Banco Central) a manter uma postura conservadora, com projeções de 5,65% para 2025 e um cenário de juros elevados, o que desafia o crescimento econômico no Brasil.

O ambiente doméstico continua sendo marcado por uma inflação resistente, com analistas revisando para cima as projeções de preços e destacando os impactos da taxa de juros elevada no consumo e no crescimento econômico. 

O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (24), revelou o 19º aumento consecutivo nas expectativas de inflação, que subiram de 5,60% para 5,65% para 2025, mantendo-se acima do teto da meta do BC. 

A elevação de 100 pontos-base na Selic, que agora está em 13,25%, reflete uma postura conservadora da autoridade monetária diante da pressão inflacionária.

Pedro Ros, CEO da Referência Capital, apontou que “a revisão para cima das projeções do IPCA sinaliza que a dinâmica inflacionária, especialmente em serviços e alimentos, continua resistente, mesmo diante de uma Selic elevada”. 

Para o executivo, o controle da inflação continua sendo um desafio importante para a economia brasileira.

Por outro lado, Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, destacou que a Selic, que estava em 10,5%, subiu para 13,25% em um momento de forte expansão econômica. 

Eyng acredita que, apesar do aumento necessário, “a atividade econômica começa a desacelerar”, o que abre espaço para uma possível redução da taxa de juros. 

Ele sugere que o nível mais adequado para a Selic poderia ficar entre 11,5% e 12%, considerando a expansão econômica e a necessidade de ajuste fiscal.

Desafios econômicos

Em meio a esse cenário, o mercado interno enfrenta desafios adicionais, como o impacto da política monetária contracionista sobre setores como o varejo, imobiliário e indústria.

Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, ressaltou que o aumento da Selic para 15% reflete “a preocupação do Banco Central com a inflação persistente”, que, apesar da tentativa de controle, gera uma desaceleração do consumo e dos investimentos.

Os efeitos das altas consecutivas da Selic também têm gerado incertezas no mercado, com o Boletim Focus refletindo um cenário de “maior preocupação com a inflação persistente”, como afirmou Pedro Ros. Ele também apontou que, embora a política monetária tenha impactos a longo prazo, a valorização do real, que fechou em R$ 5,99 por dólar, pode ajudar a conter a pressão inflacionária.

João Kepler, CEO da Equity Fund Group, reforçou que o aumento das projeções de inflação para 2025 é um reflexo de uma “recuperação lenta” da economia brasileira, onde os juros elevados continuam a impactar negativamente o consumo e os investimentos.

 Além disso, o aumento de 1 ponto percentual na Selic, combinado com a desaceleração econômica, gera um cenário difícil de ser equilibrado, com o mercado aguardando respostas do governo para o controle da inflação e o estímulo ao crescimento.

Felipe Uchida, Head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital, afirmou que “a expectativa para o IPCA de 2025 registrou a 19ª alta consecutiva no Boletim Focus”, o que reflete a crescente dúvida quanto à eficácia das políticas monetária e fiscal adotadas pelo Brasil.

O Banco Central, por sua vez, continua monitorando de perto as metas de inflação, com a expectativa de um controle mais preciso até 2026. 

No entanto, os desafios impostos pela taxa de juros alta e a resistência inflacionária ainda exigem cautela nas decisões futuras, com o Brasil enfrentando um cenário de inflação persistente e um crescimento econômico cada vez mais difícil de sustentar.

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