‘Não adianta ser negacionista sobre (o tema) diversidade’, diz diretora da Potencia Ventures

São Paulo, 22/02/2025 – Estratégias de diversidade e inclusão trazem resultados financeiros e de maior produtividade para as empresas, por isso a “desidratação” dessa agenda no cenário atual pode trazer efeitos negativos futuros que obrigarão as empresas a voltar atrás na decisão. A análise é da economista e investidora Itali Collini, diretora da Potencia Ventures, grupo focado em investimentos de impacto. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Como está o cenário para investimentos de impacto no Brasil?

Estamos vendo uma desidratação da pauta (de diversidade) nos últimos dois anos, por conta de alguns fatores. O primeiro é a mudança na abordagem política. Muitas discussões sobre diversidade e inclusão começaram a ser politizadas demais e afastadas do que realmente é importante, e, com isso, se criaram estereótipos. O segundo ponto, mais relacionado ao dinheiro, é que muitas empresas começaram essas políticas há cinco anos, e (desde então) não existe um método acordado sobre como fazê-las e como mensurar seus resultados. Assim, uma empresa que viu a onda acontecer e, após dois anos, não atingiu o que achou que deveria atingir acaba cancelando (investimentos na área).

Qual o marco temporal dessa ‘desidratação’?

Está mais intensificado de 2023 para cá. Estou receosa com o novo cenário político nos EUA, onde a liderança política (Donald Trump) rechaça essas pautas. Tem muito do empresariado e dos investidores do mercado corporativo que se aliam com essa visão. Às vezes, parece que damos dois passos para frente e um para trás. Estamos nesse passo para trás nesse momento.

Desde o ano passado havia um temor de que a volta de Trump à Casa Branca reforçasse um movimento anti-ESG, agravando os investimentos de impacto…

Esse temor faz sentido. O que me impede de ser uma pessoa temerosa são alguns resultados de pesquisas nos quais não adianta ser negacionista sobre se a diversidade tem impacto positivo ou negativo na produtividade ou no resultado de uma empresa. Há muitas pesquisas acadêmicas, discutidas em termos estatísticos, mostrando que diversidade traz mais dinamismo para o time, um potencial de receita melhor, mais lucro. É como olhar para a política de cotas no Brasil. Não tem como falar que não funcionou. Funcionou, e ponto. Várias empresas, no que diz respeito a diversidade e inclusão, estão repensando algumas coisas. Porém, o ponto é que diversidade e inclusão dá resultado prático e financeiro. Não se pode ignorar o fato de que, nos últimos dez anos, houve tantas empresas testando isso e que temos dados para mostrar que faz diferença não só na cultura organizacional, mas no lucro da empresa. O ponto é que existem argumentos que mantêm a agenda dentro da importância que ela merece. O que vai acontecer nos próximos anos é que as empresas que desidratam a pauta vão sentir esse efeito e vão ser obrigadas a voltar atrás.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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