Crítica | Incrível História Real Com Atores Detentos Alicerça Indicações ao Oscar de ‘Sing Sing’

Homens diversos vestindo uniformes verdes posando juntos.

Essa época do ano é a grande festa dos cinéfilos. É a época em que temos a chance de nos depararmos com histórias incríveis, inacreditáveis, que inspiram de alguma forma e são transformadas em filmes – que estreiam geralmente aqui no Brasil durante o verão, época das grandes premiações no hemisfério norte. Assim nos deparamos com o longa ‘Sing Sing’, produzido em 2023 mas que chega no circuito nacional a partir do dia 13 de fevereiro, e tem colecionado diversas indicações nesta temporada, incluindo 3 indicações ao Oscar.

Grupo de homens de uniforme em fila, olhando sérios.

Divine G (Colman Domingos, de ‘A Cor Púrpura’) é um detendo muito dedicado aos estudos do Direito, pois tenta encontrar uma prova que possa usar para defender seu caso e conquistar a liberdade. Para escapar da realidade terrível, Divine G também é dramaturgo, e ajuda a gerenciar um grupo de teatro dentro da penitenciária ‘Sing Sing’, onde cerca de dez detentos dedicam seus tempos interpretando peças distintas para apresentar ao resto de seus colegas. Certo dia, um novo integrante chega no grupo: é Divine Eye (Clarence Maclin), um detento cheio de raiva, que entra desafiando a dinâmica do grupo ao sugerir que a próxima peça a ser ensaiada fosse uma comédia, criada por eles.

O mais incrível (no real sentido da palavra, ou seja, de ser difícil de acreditar, e aqui vai um pequeno spoiler do bem) em ‘Sing Sing’ é que tirando Colman Domingo e Paul Raci do núcleo principal, todo o resto do elenco é composto por detentos reais da penitenciária. Ao final do filme há pequenos clips do verdadeiro grupo de teatro performando as peças, e esse ponto convida o espectador a sair da ficção e encarar a beleza do que esse conjunto de pessoas conseguiu alcançar mesmo encontrando-se em estado de confinamento.

Dois homens sentados, um em primeiro plano com capuz roxo.

Escrito por John H. Richardson, Brent Buell e Clint Bentley, o roteiro faz uma escolha incomum de centrar sua história essencialmente no processo, não necessariamente no final feliz. Isso significa que tanto o roteiro quanto o diretor Greg Kwedar optaram por mostrar o talento desses atores na jornada de construção de seus personagens (na peça e no filme) do que se aprofundar no drama esperado de filmes de cárcere. Assim, os dilemas que os personagens enfrentam têm a ver com seus conflitos internos versus a apresentação cênica, e não com suas vidas primevas ou a luta jurídica. Dessa escolha, brilham os atores secundários, mas, em contrapartida, o espectador não se aprofunda nos dramas individuais, nem no drama coletivo.

E provavelmente esse tenha sido a principal motivação da produção: construir um filme que iluminasse o trabalho desse grupo teatral e os levasse para o mundo pelos seus talentos, não pelas motivações que os levaram ao confinamento carcerário. Agora que fomos apresentados a tantos talentos, vai ser difícil a indústria ignorar os trabalhos de Sean San José, Patrick Griffin, David Giraudy, Mosi Eagle, Sean Dino Johnson, Dario Peña e James Williams.

Sing Sing’ colocou as intenções acima das ambições, e é isso que faz desse filme algo tão especial. Para além de uma história real inspiradora, é um filme que nos lembra quantos talentos estão por aí no mundo, precisando de uma mão que os puxe para o holofote.

Homem com coroa olhando sério, fundo azul com pássaros.

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