Destaques de janeiro no MM: nova estratégia da linha de iPhones

Destaques de janeiro de 2025

A Apple sempre foi uma empresa capaz de equilibrar inovação e estratégia de mercado para manter sua base fiel de usuários feliz e seus acionistas, satisfeitos.

Afinal, não é nada fácil sustentar um ritmo contínuo de inovação e lançamentos interessantes por muitos anos seguidos. Nos últimos tempos, parece que temos visto justamente isso na linha de iPhones: um foco maior em incrementos do que em grandes revoluções.

Esta, entretanto, não é a opinião do CEO 1 da Apple, Tim Cook, que durante a conferência referente aos resultados financeiros do primeiro trimestre fiscal de 2025 da empresa (realizada no último dia 30), declarou que “Não poderia estar mais otimista” com o futuro da linha de iPhones e que ainda há muito o que evoluir.

Após as inovações significativas introduzidas no iPhone X, em 2017 — como o Face ID, a tela de ponta a ponta e a navegação por gestos —, a Apple passou a apostar em aprimoramentos graduais para a sua linha de smartphones, deixando de lado mudanças realmente disruptivas.

Se eu tivesse que apontar a maior transformação nos iPhones nos últimos anos, (in)felizmente diria que foram as melhorias nas câmeras. Claro, tivemos adições como as telas ProMotion e a Ilha Dinâmica (Dynamic Island), mas o que mais? O botão de Ação? O Controle da Câmera? Novidades bem modestas, não acham?

Entretanto, parece que esse ciclo está prestes a mudar — ou pelo menos sofrer uma chacoalhada. Nos últimos meses, acompanhamos diversos rumores sobre um possível redesenho da linha de iPhones.

A começar pelo famigerado “iPhone 17 Air/Slim”, que deverá ostentar a menor espessura já vista em um iPhone (5,5mm em seu ponto mais delgado). Esse novo design poderá atrair clientes que valorizam estética e leveza, acima de tudo.

Além disso, um novo módulo da câmera traseira, agora disposto horizontalmente na parte superior do aparelho (como nos aparelhos da linha Google Pixel), certamente trará um ar de novidade ao modelo. Vale notar que essa disposição poderá até se estender aos modelos “Pro”, conforme alguns rumores vêm sugerindo.

Não estou dizendo que uma mudança visual como essa deva ser considerada uma inovação. A menos que ela traga benefícios adicionais ainda desconhecidos — como foi o caso da Dynamic Island em 2022 —, essa mudança servirá mais para diferenciar os novos modelos dos anteriores do que para representar uma verdadeira revolução. E não há nada de errado nisso.

Cá entre nós, há consumidores que trocam de iPhone todo ano apenas para exibir o modelo mais recente. Ou seja, uma mudança estética mais marcante (como esse possível novo módulo de câmeras) poderia incentivar esse comportamento e impulsionar as vendas no último trimestre de 2025.

Esse esforço para renovar o design dos iPhones também pode ser visto como uma estratégia da Apple para diferenciar melhor seus modelos premium dos mais acessíveis, como o iPhone SE. Rumores indicam que este será atualizado ainda no primeiro trimestre, adotando o corpo do iPhone 14, uma tela OLED de 6,1”, o botão de Ação e apenas uma câmera única de 48MP na traseira.

Com o iPhone SE herdando tantas características dos modelos mais caros, um redesenho da linha principal ajudaria a reforçar a identidade dos dispositivos premium, evitando que os modelos mais baratos canibalizem as vendas dos topos-de-linha.

Enquanto o iPhone SE (ou “16e”, caso os rumores se confirmem) teria um design mais simples e discreto, os modelos mais caros poderiam ostentar um módulo de câmeras mais imponente na traseira, reforçando a diferenciação entre os segmentos.

Essa separação mais clara entre as categorias permitiria que a Apple direcionasse os consumidores para os dispositivos de maior valor agregado, aumentando a receita por unidade vendida e impulsionando os resultados financeiros. E é isso que paga as contas, não é mesmo?

Para adicionar mais combustível a essa discussão, rumores sobre um novo visual para o aplicativo de câmera no iOS 19 sugerem um possível redesign do sistema como um todo.

Inspirado na interface translúcida do visionOS e talvez até com ícones arredondados, esse novo visual poderia representar um esforço da Apple para trazer um ar de “inovação” aos seus aparelhos — mesmo que seja apenas por meio de mudanças cosméticas. Resta ver se haverá também melhorias significativas na usabilidade.

Em resumo, a Apple parece estar em um momento de transição estratégica, redesenhando sua linha de produtos para diferenciar seus aparelhos de uma maneira mais estética, alcançar um público mais amplo e consolidar ainda mais sua posição no mercado de smartphones.

Como eu disse, nos dias de hoje, a Apple é muito mais estratégica do que inovadora.

Notas de rodapé

1    Chief executive officer, ou diretor executivo.
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