Dólar sobe a R$ 6,05 com tarifas de Trump no radar

Após uma manhã marcada por trocas de sinal, o dólar ganhou força ao longo da tarde no mercado doméstico, acompanhando a valorização da moeda americana em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, em especial as latino-americanas. Destaque negativo para o peso mexicano, principal par do real, com perda de mais de 1,70%.

Teria pesado contra as moedas da região fala do Scott Bessent, indicado para ser o próximo secretário do Tesouro dos EUA, em audiência no Senado americano, sobre o plano de imposição de tarifas de importação na nova administração de Donald Trump.

Operadores ressaltam o ambiente externo abriu espaço para ajuste e realização de lucros, dado que o dólar acumulou desvalorização de 1,26% nos últimos três pregões. Pela manhã, a divisa chegou a furar pontualmente o piso psicológico de R$ 6,00, ao registrar mínima a R$ 5,9960, com relatos de entrada de fluxo estrangeiro.

Com máxima a R$ 6,0706, o dólar à vista terminou o pregão em alta de 0,47%, cotado a R$ 6,0533. Apesar do avanço de hoje, a moeda ainda acumula queda na semana (0,80%). Em janeiro, a divisa apresenta baixa de 2,05%, após ter avançado 2,98% em dezembro e encerrado 2024 com ganhos de 27,34%.

Segundo Besset, o governo Trump deve avaliar a imposição de tarifas com três objetivos: remediar práticas de comércio, “como taxas sobre o aço da China”, aumento de receitas e substituição de sanções, como no “caso do fentanil (opióide) vindo do México”.

Besset defendeu que um aumento de tarifas não resultaria em inflação, argumentando que “com 10% de tarifas” a China continuará a exportar com reduções de custos. Ele não apontou qual será o nível de taxas que a próxima administração adotará para qualquer país.

“Os mercados operavam até com certo otimismo pela manhã, com o dólar oscilando ao redor de R$ 6,00. O que azedou foi a fala mais forte do Bessent. O início do governo de Trump deve mexer muito com as moedas emergentes”, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, lembrando que o presidente eleito dos EUA deve impor tarifas mais pesadas contra China, Canadá e México.

Em alta na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o dólar recuou em relação ao euro e ao iene, o que levou o índice DXY a operar abaixo da linha de 109,000 ao longo da tarde, após alta no início do dia. As taxas do Treasuries recuaram em bloco, com queda de mais de 1% do yield do papel de 10 anos.

Após as leituras benignas da inflação ao produtor e ao consumidor nos EUA nesta semana, o diretor do Federal Reserve Christopher Waller disse que não descarta possibilidade de corte de juros em março e afirmou que há chances de três ou quatro reduções da taxa neste ano caso a inflação se mantenha nos trilhos. Após a fala de Waller, cresceram as chances de o Fed cortar os juros em maio, embora junho continue sendo a data mais provável.

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