IBGE: juros, inflação de alimentos e dólar explicam queda da indústria

Indústria siderúrgica
Indústria siderúrgica / Foto: Pixabay

Em um quadro com a confiança de empresários e consumidores abalada por influência da piora nas expectativas com as taxas de juros, a inflação dos alimentos e a valorização do dólar, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) acredita ser a fonte da queda na produção industrial brasileira. 

André Macedo, gerente do IBGE responsável pela Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), tem uma percpectiva de perda “clara” da intensidade da indústria no quarto trimestre de 2024, a partir dos resultados de outubro (-0,2%) e novembro (-0,6%).

“O resultado de novembro está em linha com questões importantes. O nível de confiança do empresário e do consumidor em arrefecimento. Ainda não acho que haja efeitos diretos [do juro], porque leva um tempo para impacto [na atividade], mas a expectativa acaba afetada”, afirmou o profissional do IBGE sobre o efeito dos juros no resultado.

Porém, as taxas de juros não têm uma influência isolada. Macedo apontou que também se observa aumento no preço dos alimentos, o que afeta a renda disponível das famílias. Além disso, há ainda o reflexo do dólar na demanda, e especialmente na parte de custos e nas decisões sobre o ritmo de produção.

“Por trás [da queda da indústria] está o endurecimento da política monetária, o aumento de custo de produção, a piora das expectativas para o empresário e o consumidor e mais inflação de alimentos”, completou Macedo, segundo o “Valor”.

O executivo do IBGE também disse que o desempenho mais negativo nos meses de outubro e novembro difere do que é historicamente observado no fim do ano, com os preparativos da indústria para atender a demanda as datas de consumo do fim do ano, como Black Friday e Natal.

“É claro que os últimos meses de qualquer ano são historicamente caracterizados por maior ritmo para atender esses pedidos, mas cada ano tem suas peculiaridades”, acrescentou.

O executivo indicou que esse movimento de preparação para as vendas de fim de ano foi observado nos meses de agosto e setembro, com crescimento acumulado de 1,1%, ou até mesmo com o crescimento acumulado de 4% da produção entre junho e setembro.

IPCA-15 sobe 0,34% e fecha 2024 em 4,71%, diz IBGE

IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), conhecido como prévia da inflação, registrou uma alta de 0,34% em dezembro, encerrando 2024 com um crescimento acumulado de 4,71%, segundo divulgação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nesta sexta-feira (27).

Em comparação, a prévia da inflação para 2023 foi de 4,72%, com uma variação de 0,40% em dezembro.

O IPCA-E, que reflete a variação do índice de forma trimestral, ficou em 1,51% entre outubro e dezembro deste ano.

Dos nove grupos de produtos e serviços analisados, cinco apresentaram alta em dezembro. O grupo Alimentação e Bebidas não só teve a maior variação do mês (1,47%), como também exerceu o maior impacto no índice (0,32 p.p.).

O grupo também foi responsável pela maior variação acumulada do ano (8,00%) e a maior contribuição para o índice (1,68 p.p.).

Além disso, destacam-se as variações de Despesas Pessoais (1,36% e 0,14 p.p.) e Transportes (0,46% e 0,09 p.p.) em dezembro. Por outro lado, o grupo Habitação teve o maior impacto negativo (-0,20 p.p. e -1,32%). Os outros grupos apresentaram resultados mais moderados, com Artigos de residência registrando queda de 0,52% e Vestuário avançando 0,34%.

O post IBGE: juros, inflação de alimentos e dólar explicam queda da indústria apareceu primeiro em BPMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.