Lula: gestão deve dar resposta insuficiente para temor fiscal, diz executivo

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O diretor da Eurasia Group para as Américas, Christopher Garman, afirmou nesta segunda-feira (6) que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve dar novas respostas às preocupações fiscais no Brasil. Contudo, ele afirmou que elas serão “tímidas” e “insuficientes” em um cenário global mais adverso, com a volta de Donald Trump à presidência dos EUA.

“A gente acredita que a resposta tende a ser tímida e não suficiente para apaziguar as preocupações que estamos enxergando hoje”, disse o diretor em coletiva de imprensa nesta tarde. As informações foram obtidas pelo “Broadcast”.

A coletiva foi realizada para comentar o relatório da Eurasia sobre os principais riscos globais para 2025.

Segundo Garman, é esperado que o governo adote algumas novas medidas de contenção de gastos para tentar cumprir a meta fiscal de 2025, além de mais ações do lado das receitas. Por outro lado, o governo Lula não deve conseguir ir além, visto que a janela política para a aprovação de reformas fiscais já passou.

“Achamos difícil que o governo faça uma nova rodada de reformas fiscais sobre os gastos obrigatórios que requerem PEC ou lei complementar. A janela para reformas mais difíceis foi no fim do ano passado”, afirmou.

Governo Lula tentou apaziguar os ânimos, mas crise de confiança persiste

Na perspectiva de Christopher Garman, o Brasil vive uma “crise de confiança”. “O real se desvalorizou 27% no ano passado. O governo tentou apaziguar esses ânimos com o pacote de cortes de gastos, mas foi frustrado porque a repercussão não foi capaz de acalmar essas preocupações”, avaliou.

Para 2025, o cenário base da Eurasia para o Brasil prevê juros reais mais altos, um real mais depreciado e o cenário internacional exacerbando essas dificuldades. Além disso, no exterior, deve ocorrer aumento das tarifas comerciais na gestão de Donald Trump, o que pode pressionar o Fed (Federal Reserve) a manter os juros elevados. Ou seja, pode haver uma nova rodada de desvalorização de moedas emergentes, incluindo o real, e um crescimento econômico mundial mais baixo.

“Tudo isso tende a aumentar a preocupação no Palácio do Planalto sobre a eleição de 2026”, projetou Garman. “Uma grande história é quando essa combinação de cenário externo e doméstico leva a uma queda na aprovação do presidente Lula”, afirmou o especialista.

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