Bitcoin (BTC) em queda: ‘do povo, para o povo’ é mito?

Bitcoin/ Foto: Pexels

As criptomoedas foram criadas sob o fundamento de se esquivarem das relações políticas entre países, mas, na última segunda-feira (5), os preços do Bitcoin (BTC) despencaram, bem como os de outras criptos. A queda seguiu a contração das Bolsas globais e foi decorrente da reação de investidores aos temores sobre uma possível recessão nos EUA.

O analista de Research da Web3Valley, Gabriel Morciani, apontou que as criptomoedas foram desenvolvidas para “serem ‘do povo, para o povo’”. Esse, de fato, é um dos fundamentos para a criação do ativo, mas essa perspectiva não se sustentou por muito tempo.

“Investidores como fundos de investimento e grandes baleias não investem pensando no fundamento, mas sim no lucro, e acabam por controlar sua volatilidade”, explicou Morciani ao BP Money.

Os temores de uma possível recessão nos EUA, somados às altas dos juros no Japão, levaram as bolsas globais às mínimas. O movimento também foi observado entre os criptoativos, que foram influenciados pelas movimentações geopolíticas. Logo “derrubou” a tese de que os ativos são o “ouro digital”.

“As fases de uma queda de inflação após altas de taxas de juros são sempre seguidas de desemprego e queda no consumo. Esse movimento, apesar de assustador, faz parte de um ciclo econômico de depressão de mercado”, disse o especialista.

Durante a manhã da véspera, o Bitcoin chegou a cair 15%, em meio a investidores com aversão ao risco nos mercados globais. Em sete dias, a cripto desvalorizou 26%, sendo a sua maior contração desde a falência da FTX.

Já o Ethereum (ETH), a segunda maior criptomoeda, recuou 22% nas últimas 24 horas, encerrando na segunda-feira.

Bitcoin: é ‘mito’ que criptoativos estão blindados de instabilidades geopolíticas, diz analista

“Este ‘mito’ de que criptoativos estão blindados de instabilidades geopolíticas sempre foi exatamente isso, um mito”, afirmou Atahualpa Padilha, economista e advogado do escritório Benício Advogados.

Padilha disse que as criptomoedas existem no mesmo universo que outros ativos. Assim, movimentos que geram impacto sobre todos os ativos — abalando a segurança de investidores — também atingirão as criptomoedas.

Ele apontou que a tese de que as criptomoedas não são afetadas por “instabilidades geopolíticas” deve ter surgido porque “diferentes governos não têm ingerência direta sobre os criptoativos”.

Contudo, ele acrescentou que “variações de mercado, causadas ou não por estes governos ou sofridas pelos estados por eles governados, certamente impactam as decisões de investidores sobre esses ativos”.

Por outro lado, vale lembrar que, após o “susto” da véspera, as criptomoedas já recuperaram parte das perdas. O BTC chegou a registrar altas de mais de 6% no pregão desta terça-feira (6), e o ETH, altas de mais de 3%.

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