Dólar fecha em alta, a R$ 6,03, mesmo com intervenção do BC

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Dólar / Foto: Pixabay

Na sessão desta sexta-feira (13), o dólar à vista e o comercial fecharam em alta, ampliando os ganhos da véspera, mesmo com a intervenção do BC (Banco Central) no câmbio. O leilão realizado pela autarquia, no entanto, ajudou a arrefecer o avanço da moeda, que já chegadava R$ 6,07 nesta tarde.

No leilão de dólar à vista realizado pelo BC foram vendidos US$ 845 milhões. O movimento do mercado em busca da moeda norte-americana ocorre em refleto à situação fiscal do Brasil, que fortalece projeções de piora econômica no futuro, enquanto o Copom (Comitê de Política Monetária) também decidiu aumentar a taxa de juros em 1 ponto percentual, chegando a 12,25% ao ano.

Além da decisão, o Copom comunicou que haverá elevação da mesma magnitude nas duas próximas reuniões, o que deve levar a Selic (taxa básica de juros) a 14,25% ao ano. O cenário acentua a diferença de juros entre o Brasil e seus pares.

No lado dos dados, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), que serve como prévia do PIB (Produto Interno Bruto), registrou avanço de 0,10% em outubro ante o mês anterior, bem acima da queda de 0,20% prevista pelo consenso da “Reuters”.

Na semana, mesmo tendo renovado a máxima histórica na segunda-feira (09), o dólar está a caminho de uma perda, recuando 0,81% ante à cotação de fechamento da semana anterior.

Dólar pode bater R$ 7 em cenário de dominância fiscal, diz Morgan Stanley

Na avaliação do Morgan Stanley, mesmo que o dólar venha acumulando forte valorização contra o real, ainda há espaço para mais desvalorização da moeda brasileira. 

O banco norte-americano indicou que, em um ambiente de dominância fiscal – que acontece quando as contas públicas alcançam um nível em que a política monetária perde a eficácia e a alta de juros acaba alimentando a inflação – o dólar pode atingir níveis de R$ 6,70 a R$ 7,00. 

“Na ausência de medidas fiscais que aliviem as preocupações com a trajetória da dívida pública, mais prêmios de risco podem ser precificados tanto no câmbio quanto nos juros”, relatou o Morgan.

Para a estrategista Ioana Zamfir apontou que, historicamente, o desempenho do real tem alguma relação com o “carry” (carrego do diferencial de juros). 

O intervalo entre 2015 e 2016 foi uma exceção, pois na época as preocupações fiscais provocaram uma forte depreciação cambial, mesmo com os aumentos contínuos das taxas. No campo do risco riscal, algo semelhante começou a ser observado agora, segundo o “Valor”.

“Até agora, o real não conseguiu responder aos contínuos aumentos de juros”, diz Zamfir.

“Tomando o período de 2015 como ponto de referência para uma perspectiva ‘bear’ (de desvalorização) que poderia ser precificada num cenário de dominância fiscal, chegamos à leitura de que os preços podem sofrer mais ajustes [de queda]”, projetou o Morgan Stanley.

Na hipótese do real depreciar ainda mais com outras divisas, chegando a níveis observados em 2015, “seria consistente o dólar atingir algo entre R$ 6,70 e R$ 7,00, sendo níveis que sugerem que os riscos de dominância fiscal estão largamente precificados”. 

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