REDES: NOVOS MITOS

E os algoritmos? Eles funcionam como os donos da caverna, projetando apenas o que querem que você veja.

Por Professor Caverna | OPINIÃO

Imagina o seguinte: você e seus amigos estão presos numa sala de realidade virtual. Desde sempre, vocês vivem ali, vendo imagens projetadas em alta definição, ouvindo áudios e interagindo com avatares perfeitos. Essa é a única realidade que vocês conhecem. Um belo dia, alguém desliga o sistema e abre uma porta. Você sai e percebe que tudo o que achava ser “a vida real” era só uma simulação. Bem-vindo ao Mito da Caverna de Platão, versão 2024!

Platão, filósofo grego de mais de dois mil anos atrás, criou essa história para explicar como enxergamos e interpretamos o mundo. Na versão original, era uma caverna onde prisioneiros viam sombras projetadas na parede por objetos carregados por pessoas atrás deles. Essas sombras eram tudo o que conheciam, até que um deles escapava, descobrindo a luz do sol e o mundo real. Hoje, podemos traduzir isso para o nosso universo de redes sociais, fake news e tecnologias imersivas.

Dentro da caverna de Platão, os prisioneiros só enxergavam sombras. Agora, pensa nas redes sociais: o que você vê no Facebook ou no Instagram? Não é a vida real das pessoas, mas sim uma versão editada e filtrada. São sombras modernas. Alguém posta um “dia perfeito” na praia, mas não mostra o perrengue da fila para comprar água de coco. Outro compartilha uma opinião polêmica, mas não reflete sobre os fatos por trás do assunto. Tudo vira um espetáculo de sombras, igualzinho aos prisioneiros da caverna.

E os algoritmos? Eles funcionam como os donos da caverna, projetando apenas o que querem que você veja. Afinal, se você só consome memes e vídeos engraçados, dificilmente verá algo fora dessa bolha. Assim, a caverna digital prende todo mundo no que parece ser real, mas na verdade é só um recorte do mundo.
Agora vem a parte mais interessante: e se você fosse o prisioneiro que escapou? No mito, o caminho para fora da caverna é difícil e doloroso. É como quando você percebe que muito do que acreditava sobre o mundo era fake ou superficial. Exemplo: lembra do impacto das fake news nas últimas situações? Muitas pessoas acreditaram em sombras (informações falsas) sem questionar as fontes. Sair da caverna exige coragem para encarar a luz, ou seja, a verdade. No mundo moderno, isso pode significar buscar informações confiáveis, aprender a checar fontes e até reduzir o tempo em bolhas digitais. É como desligar o modo automático e começar a enxergar a realidade de forma mais ampla e crítica.

No mito de Platão, o prisioneiro que sai da caverna e descobre o mundo real tem uma missão: voltar e contar aos outros. Só que, quando ele faz isso, os prisioneiros acham que ele ficou maluco. Isso não soa familiar? Tenta explicar para alguém viciado em teorias conspiratórias que ele está equivocado. A resistência é gigante! Mas, se a gente traduz essa ideia para 2024, a missão de quem “acorda” é criar um conteúdo mais consciente, compartilhar perspectivas reais e incentivar os outros a saírem de suas próprias cavernas. É tipo quando você mostra um documentário ou indica um livro transformador para um amigo que só vê entretenimento raso. É um trabalho lento, mas necessário!

O Mito da Caverna continua a cada ano que se passa mais atual, porque nos faz refletir sobre como interpretamos o que é real. Em um mundo onde o metaverso e as redes sociais criam tantas sombras, sair da caverna significa aprender a questionar, buscar conhecimento verdadeiro e ajudar os outros a fazerem o mesmo. Afinal, na luz da verdade, você encontra algo que nenhum filtro ou algoritmo pode oferecer: LIBERDADE!!!!

Obs. Caro leitor, o objetivo aqui é estimular a sua reflexão filosófica, nada mais! mais nada!

“Tiraram o primata da selva, mas não a selva do primata” Prof Caverna

Caverna é professor de Filosofia, criador de conteúdo digital e coordenador do projeto “Café Filosófico” em Foz do Iguaçu.

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