Por que os títulos IPCA+ viraram os preferidos no Tesouro Direto e quanto rendem

O Tesouro Direto bateu recorde de investimentos em junho e os títulos atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) têm sido os mais procurados. No mês passado, representaram 53,8% do total de vendas.

Analistas explicam que a grande procura pelo Tesouro IPCA+, também chamado NTN-B, está relacionada às taxas extremamente atrativas oferecidas por estes papéis nos últimos meses. Em alguns dias, é possível encontrar títulos que remuneram, por ano, o IPCA somando a um prêmio superior a 6%.

+Tesouro Direto bate recorde de investimentos em junho

“São taxas que são pouco vistas no mercado”, explica a sócia da HCI Invest e planejadora financeira, Nayra Sombra. “É uma baita oportunidade e os investidores estão aproveitando este momento.”

Qual o rendimento dos títulos IPCA+?

Títulos do Tesouro Direto são um tipo de investimento de renda fixa. Funcionam como uma espécie de “empréstimo” ao Tesouro Nacional: o investidor aplica o dinheiro por um prazo e recebe uma remuneração de acordo com cada tipo de título.

IPCA é o índice considerado a inflação oficial do país, calculado a partir do preço médio de uma série de itens. Assim, os títulos do Tesouro Direto IPCA+ remuneram a taxa IPCA do período, mais uma porcentagem extra prefixada.

Nos últimos meses, o valor adicionado à inflação no rendimento dos títulos NTN-B está acima de 6%.

Quais as vantagens do Tesouro IPCA+ em relação a outros títulos?

Além do NTN-B, existem títulos atrelados à Selic (ou seja, remuneram a taxa básica de juros) e títulos prefixados (com o prêmio de uma taxa determinada, informada antes do investimento).

Sombra sintetiza em dois pontos os atrativos do Tesouro IPCA+ em relação aos seus pares: com a proteção do Tesouro Nacional que todos possuem, o NTN-B oferece proteção contra a inflação, com ganho real garantido.

“O pré-fixado e a Selic sempre estão sujeitos ao cenário e à inflação”, comenta o estrategista-chefe da Constância Investimentos, Carlos Paiva, ao comparar o IPCA+ com os outros dois tipos de títulos do Tesouro Direto. A vantagem do título está assim no modo como ele garante sempre um ganho acima do aumento dos preços.

“O IPCA é mais sólido do que a Selic em termos de variação”, explica Pedro Afonso Gomes, presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-SP). “Para quem quer guardar dinheiro a longo prazo é ideal.”

Por que a taxa do Tesouro IPCA+ subiu tanto?

Carlos Paiva, estrategista-chefe da Constância Investimentos, lembra que os títulos do Tesouro IPCA+ começaram a apresentar taxas atrativas no começo do ano e estão neste patamar elevado desde então.

“O motivo disso é que há diversas pressões inflacionárias recentes, que podem fazer inclusive com que o Copom tenha em algum momento que subir a taxa de juros”, afirma o diretor de Investimentos da Nomos, Beto Saadi.

Saadi aponta alguns motivos para estas pressões: a alta forte do dólar, o consumo forte em um cenário de desemprego baixo e ruídos políticos, principalmente relacionados à questão fiscal.

Economista-chefe da Monte Bravo Corretora, Luciano Costa lembra que há também incertezas globais a pressionar a inflação. “A gente teve um período de aumento de juros lá fora, que agora está refluindo.”

Vale a pena investir nos títulos IPCA+ agora?

“O título oferece oportunidades de investimento atrativas, mas o investidor precisa se atentar para os prazos de vencimento”, afirma o analista de renda fixa da Levante Corp, Fabrício Silvestre.

O motivo da chamada de atenção é que, ao ser vendido antes do prazo, os títulos IPCA+ ficam sujeitos a precificação do mercado secundário, um processo denominado “marcação a mercado”.

Neste movimento, o título será comercializado pelo preço que o mercado considerar adequado naquele momento, o que pode ser inclusive inferior ao valor investido e acarretar em perdas para o investidor.

Silveira explica ainda que títulos com prazos mais longos, por exemplo, vencimento em 2055 ou 2060, apresentam maior volatilidade na marcação a mercado do que aqueles com vencimento mais próximo, como em 2026 ou 2029.

Para quem necessita maior liquidez, os especialistas destacam que é melhor buscar o título atrelado à taxa básica de juros, o Tesouro Selic.

Até quando o Tesouro IPCA+ será a bola da vez?

“Enquanto esses títulos continuarem apresentando taxas tão altas, eles vão continuar atraindo parte da população que pode deixar o dinheiro investido até o vencimento do título”, afirma Sombra.

Costa, da Monte Bravo Corretora, afirma ainda que investir no IPCA+ agora é uma oportunidade, pois acredita que as taxas cairão em breve. “Conforme o governo entregue a agenda fiscal que está prometendo e, lá fora, o Fed comece a cortar juros, a gente imagina que isso vai tirar pressão”, explica.

No entanto, os analistas destacam que sempre haverá atrativos no NTN-B. Para quem pode manter a aplicação durante todo o prazo, “o título serve para garantir o poder de compra do investidor, de modo que sempre terá espaço na carteira dos investidores”, conclui Silvestre.

O post Por que os títulos IPCA+ viraram os preferidos no Tesouro Direto e quanto rendem apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.