CEO global da Enel reitera intenção de renovar concessão de distribuição em São Paulo

O CEO global do grupo italiano Enel, Flavio Cattaneo, reiterou nesta segunda-feira, 18, a intenção de obter a renovação das concessões de distribuição no Brasil e elogiou o decreto com as diretrizes para as renovações dos contratos, que classificou como uma “lei inteligente e astuta”.

Segundo ele, a intenção da companhia, em todos os países da America Latina onde a empresa atua, “e especialmente no Brasil, é ‘fazer dinheiro’ e lucratividade com as novas atividades, sem reduzir valor nos ativos existentes”.

“O valor da concessão no Brasil precisa de investimento, e eu confirmei investimento para reter e obter a renovação da concessão”, disse o executivo durante evento com analistas e investidores, em Milão.

Ele explicou aos profissionais do mercado financeiro europeu que o governo brasileiro propôs aos concessionários de distribuição com contratos que vencem nos próximos anos antecipar a renovação da concessão, por 30 anos, tendo contrapartida o compromisso de investimentos na melhoria da qualidade. “Na minha opinião essa é a boa forma de preservar o valor do ativo”, disse.

A Enel possui no Brasil três concessões de distribuição: Enel Ceará, cujo contrato atual vence em 2026, Enel Rio e Enel São Paulo, com contratos que expiram em 2028.

Enel São Paulo

Cattaneo foi questionado particularmente sobre a situação da concessão de distribuição em São Paulo, tendo em vista o apagão ocorrido em outubro e que deixou mais de 3 milhões de consumidores sem energia, muitos dos quais por mais de cinco dias, o que gerou diversas críticas da população e do poder público e levou à abertura de um processo de fiscalização que pode resultar na caducidade do contrato.

“Quero salientar que quando Enel conquistou a concessão em São Paulo, depois de uma disputa com outra companhia a espanhola Iberdrola, essa é a situação: essa concessão expira em três ou quatro anos, meu objetivo é renovar essa concessão, isso para preservar o valor do ativo da Enel”, reforçou a analistas.

Posteriormente, a jornalistas, ele lembrou que o apagão de outubro foi mais severo que o anterior (de novembro de 2023, quando 2,1 milhões de consumidores ficaram sem energia, alguns por até 7 dias), e citou que a ocorrência se deu entre o primeiro e o segundo turno das eleições municipais, gerando maior debate e críticas.

Cattaneo lembrou, porém, que a companhia já havia se comprometido com investimentos, que estão em andamento. “Esses investimentos começaram apenas alguns meses antes, então era impossível se beneficiar dos efeitos positivos daquele plano”, disse.

O executivo admitiu que são necessários investimentos para melhorar a qualidade do serviço e lembrou que as diretrizes para a renovação da concessão apontam para novos critérios de qualidade, que exigem desembolsos mais elevados. “Acho que faz total sentido”, afirmou.

Cattaneo comentou que eventos climáticos adversos têm provocado blecautes com duração de dias em diversas localidade do mundo. “Tem redes que foram construídas 40 ou 50 anos atrás e são bastante obsoletas, requerem grandes investimentos”, disse, sem se referir diretamente ao Brasil.

Investimento em Redes

A Enel anunciou nesta segunda-feira um plano de investimentos de 43 bilhões de euros para o período 2025-2027, dos quais 26 bilhões devem ser destinados ao segmento de “redes”. Não foram relevados dados específicos para o Brasil. Para a América Latina como um todo estão planejados cerca de 6 bilhões de euros, acima dos 3,5 bilhões de euros indicados para o período 2024-2026.

O principal executivo da Enel no mundo negou interesse em vender ativos de distribuição. “Não estamos interessados em vender ativos regulados, mas comprar ativos regulados – a menos que ofereçam 30 vezes, aí é uma força maior”.

Segundo ele, casos particulares poderão ser avaliados, mas do contrário o interesse da companhia está em avaliar compra de ativos, incluso no segmento de transmissão.

Argentina

Cattaneo também foi questionado por jornalistas sobre eventual saída da Enel da Argentina. Ele disse que jamais afirmou que a companhia deixaria o país, mas alertou no passado que se o país interviesse nas tarifas de energia, como o governo local havia prometido anteriormente, o grupo teria de deixar o país. Ele considerou, porém, “que foram feitos ajustes tarifários e que tudo está indo melhor”.

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