Rojões e chumbinho. A quem interessa?

Chumbinho e rojões, qualquer pessoa consegue comprar

Aida Franco de Lima – OPINIÃO

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No último dia 13, o Brasil ficou atônito pelos atos cometidos em Brasília, em que um homem lançou rojões na direção da Praça dos Três Poderes para, em seguida, pôr fim à própria vida. De outro modo, na mesma data, descobriu-se também que os meninos que morreram envenenados no início de outubro, em Cavalcante, Zona Norte do Rio de Janeiro, foram vítimas de chumbinho.

O ex-padrasto de um deles, Rafael Alves da Rocha, colocou o veneno em uma garrafa de açaí. O plano era provocar um mal-estar na criança, socorrê-la e, ao passar-se por herói, reatar a relação com a mãe da vítima. O plano fugiu do controle, pois, ao compartilhar a bebida com um amigo, as duas crianças foram envenenadas, vindo a falecer.

Rojões e chumbinho são uma mistura que sempre causa tragédias, a pessoas e animais. Há um bom tempo tem havido campanhas no Brasil para eliminar os fogos com estampido, que tanto incomodam pessoas e animais. O que é motivo de festa para uns é agonia para muitos outros. Uma prática que envolve cultura e dinheiro. Existe toda uma engrenagem que movimenta a indústria da pólvora, e não é de uma hora para outra que ela será silenciada.

De outro modo, a venda de chumbinho acontece de forma sorrateira, e há inúmeras denúncias de empresas do ramo de agroquímicos que escondem o produto da fiscalização, mas o fornecem de modo escamoteado para quem precisa do veneno.

De acordo com nota técnica do IAT (Instituto Água e Terra), do Paraná, esse produto teve seu registro cancelado pela Anvisa em 6/7/12 e dessa forma não pode ser utilizado em todo o território nacional, mesmo com a finalidade agrícola. Usado como raticida, não tem antídoto.

  • Rojões são uma espécie de arma branca. A diferença é que podem ser comprados com a justificativa de servir como artefato de comemoração. Mesmo que do outro lado alguém sofra as consequências. E enquanto são vendidos, por que não estipular uma legislação que controle sua venda?

O homem que planejou o atentado em Brasília investiu, apenas em uma loja, R$ 1.500 em fogos. Deixou inclusive explosivos em uma gaveta, na quitinete alugada, para ferir quem adentrasse no local.

Rafael, que comprou o chumbinho, fez isso ilegalmente. Quem vendeu será responsabilizado pelo duplo homicídio também?

  • No último dia 30 de outubro, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), do Senado, aprovou o PL 5/2022, que proíbe fogos de artifício com barulho acima de 70 decibéis, exceto os destinados à exportação. O projeto segue para a Câmara dos Deputados, caso não haja recurso para votação em plenário.

Esse é um grande avanço para o nosso Brasil, e é necessário que haja barulho por parte da sociedade para fazer com que essa legislação seja aprovada e implementada. Tal proibição não vai impedir que outras pessoas tentem matar e matar-se por conta de desequilíbrios ideológicos. Mas ao menos quem sofre com o excesso de barulho será menos incomodado.

Quanto ao chumbinho, é preciso estimular as denúncias e começar a fechar as empresas, que muitas vezes ostentam remédios ou carvão aditivado, que ajuda o animal a expelir o veneno mas não garante sua salvação, no balcão e escondem o chumbinho sob o manto da impunidade.

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