Japonesa Daikin avalia que 50% das residências do Brasil terão ar-condicionado em 10 anos

Clima é favorável ao setor de ar-condicionado – com o perdão do trocadilho. O Departamento de Economia e Estatísticas da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento) projeta crescimento de 12% de faturamento para o segmento no País em 2024, com previsão de R$ 41,3 bilhões em vendas. Segundo dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), de janeiro a agosto deste ano, a produção de condicionadores de ar do tipo split system aumentou 62,80%, enquanto aparelhos de ar-condicionado de janela ou de parede de corpo único registrou evolução de 161,68% em unidades fabricadas.

A japonesa Daikin tem aproveitado esse momento do mercado nacional. Com receita global na casa dos US$ 22 bilhões, a líder mundial em setores de aquecimento, ventilação e ar-condicionado (HVAC) dobrou o faturamento no Brasil nos últimos cinco anos e planeja dobrar novamente nos próximos cinco. “Somos recentes no país, mas mesmo assim, em pouco tempo, conseguimos alcançar uma presença no mercado bem notável. Somos líderes em segmento comerciais”, disse Roberto Yi, presidente da Daikin Brasil.

A companhia completou 100 anos de atividades em 2024, sendo 14 anos em território brasileiro. São 98 mil funcionários nos 170 países do mundo em que a empresa atua, 500 deles aqui, onde a fabricante tem feito investimentos constantes, na ordem de 5% da receita local – que não é divulgada.

A planta de produção localizada em Manaus (AM) era alugada, com equipamentos da Daikin em funcionamento, e foi adquirida em 2019, antes da pandemia. São 80 mil metros quadrados construídos, além de um terreno da mesma dimensão ao lado, onde será erguida uma nova unidade. Quando ainda não se sabe. Mas a depender da demanda local e da perspectiva da empresa, deve ocorrer em curto prazo.

Segundo avaliação da Daikin sobre o mercado brasileiro, 20% das residências possuem ar-condicionado. Nos próximos 10 anos, esse índice deve subir para 50%. Na comparação com geladeira e fogão, por exemplo, que estão em 90% dos imóveis, há uma via de crescimento importante para o setor.

“Temos feito nossos investimentos em cima dessa perspectiva. O Brasil é o maior mercado da América Latina e vemos um grande potencial”, afirmou Roberto, que é sul-coreano, e recebeu o epíteto de uma tia, fã do cantor Roberto Carlos, quando ele chegou ao Brasil ainda criança.

Companhia possui três centros de treinamento – em São Paulo (foto), Rio de Janeiro e Salvador – para capacitar profissionais e credenciar empresas parceiras (Crédito: Divulgação) (Crédito:AFP)

Pioneirismo

Além da fábrica manauara, a Daikin possui a sede comercial em São Paulo e filiais administrativas em Recife, Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Atua nos três subsegmentos do setor: residencial (responsável, por 40% das vendas), comercial (40%) e industrial (20%).

No residencial, o destaque fica por conta da tecnologia inverter, criada e patenteada pela companhia cinco décadas atrás e hoje disseminada por praticamente todas as concorrentes. O dispositivo ajusta a velocidade do compressor, que fica sempre em funcionamento, levando menos tempo para atingir a temperatura desejada, sem aquele ‘liga-desliga’ dos modelos sem o inverter, que causa maior consumo de energia.

A empresa tem desenvolvido equipamentos cada vez mais eficientes nesse sentido, ao alcançar a classificação A1 de economia de consumo – inclusive, auxiliou o governo brasileiro, com atuação também do governo japonês, a fazer a reclassificação de consumo dos produtos. “Nosso ar-condicionado chega consumir R$ 0,14 por hora de uso, enquanto um ventilador consome mais do que isso”, discorreu Roberto Yi, ao ressaltar ainda que, na linha de sustentabilidade, a companhia tem apostado em um novo gás para funcionamento dos produtos chamado R32, muito menos agressivo ao meio ambiente e com ganhos de eficiência energética. Esses são alguns diferenciais apontados pelo executivo para disputar espaço com marcas como Carrier, Midea, Springer, Samsung e LG, por exemplo.

No segmento comercial, tem soluções para hotéis, com equipamentos inteligentes que desligam com a saída dos hóspedes do quarto, e para hospitais, que precisam de temperaturas precisas em centros cirúrgicos, além de filtros especiais que evitam infecção – essa é outra linha de negócios da Daikin.

No ramo industrial, um mercado que tem despontado para a fabricante japonesa é o de data centers. Com o avanço computacional a partir de tecnologias emergentes como Inteligência Artificial, cloud computing e computação quântica, é necessário o resfriamento do equipamentos. “Nesses casos, nossas soluções são importadas para o Brasil. Encontramos a melhor solução para os clientes e trazemos para cá”, explicou o presidente. “A estimativa é de que esse mercado cresça ainda mais. É bem promissor.”

“Somos recentes no País, mas mesmo assim, em pouco tempo, conseguimos alcançar uma presença bem notável”, diz Roberto Yi presidente da Daikin Brasil (Crédito: Paulo Uemura Fotografo)

Outro diferencial da Daikin é a formação de analistas de projetos e técnicos de manutenção. São três centros de treinamento da companhia no Brasil: em São Paulo, no Rio de Janeiro e um mais recente, inaugurado em Salvador.

Na unidade paulistana, são oferecidos cursos para até 4 mil profissionais por ano. Na estrutura carioca um pouco menos e na soteropolitana a expectativa é de 1 mil pessoas treinadas anualmente. Os centros de treinamento servem para certificar os trabalhadores e credenciar empresas parceiras da Daikin.

Sem muita exposição publicitária, a companhia aposta nesse modelo para garantir qualidade dos produtos e a instalação o que, consequentemente, reflete nas vendas. “Já temos equipamentos confiáveis e precisamos crescer junto com instaladores e vendedores para gerar um ecossistema de negócios. Essa é uma das missões que temos”, frisou o executivo, ao citar ainda as parcerias com o Senai de todo o País para desenvolver a mão de obra qualificada.

Daikin adquiriu a fábrica de Manaus (AM) em 2019 e dobrou sua receita nos últimos cinco anos. No plano está a construção de mais uma unidade fabril no mesmo local (Crédito: Divulgação)

(Divulgação) (Crédito:AFP)

A Daikin ainda está envolvida no Airtech Challenge, realizado ao lado da incMTY, uma das plataformas de inovação, negócios, investimento e empreendedorismo mais importantes da América Latina. O projeto visa buscar startups com atuação no Brasil e em outros países da região, dentro do setor de HVAC, para mostrar suas ideias disruptivas, principalmente voltadas para ofertas de melhorias significativas na experiência do usuário, considerando os desafios de ESG, e aplicações de Inteligência Artificial (IA). O programa está em sua terceira edição.

Dessa forma, a Daikin avança em soluções e capacita a força de trabalho do setor para refrescar seus resultados em um mercado brasileiro aquecido – mais uma vez com o perdão do trocadilho.

O post Japonesa Daikin avalia que 50% das residências do Brasil terão ar-condicionado em 10 anos apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.