Boletim Focus: mercado aumenta previsão de inflação em 2024

O mercado financeiro revisou sua previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil, elevando-a de 4,05% para 4,10% em 2024. Essa estimativa foi divulgada no Boletim Focus ontem, uma pesquisa semanal do Banco Central (BC) que coleta as expectativas de instituições financeiras sobre os principais indicadores econômicos.

Para 2025, a projeção de inflação aumentou de 3,9% para 3,96%, e para 2026 e 2027, as previsões são de 3,6% e 3,5%, respectivamente.

A estimativa para 2024 supera a meta de inflação estabelecida, mas ainda se encontra dentro do intervalo de tolerância, que deve ser mantido pelo BC. O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu a meta de inflação para este ano em 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, resultando em limites de 1,5% a 4,5%.

Inflação

A partir de 2025, será implementado o sistema de meta contínua, eliminando a necessidade do CMN de definir uma meta de inflação anual. Em junho deste ano, o conselho estabeleceu o centro da meta contínua em 3%, com a mesma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Em junho, a inflação no país foi de 0,21%, influenciada principalmente pelo setor de alimentos e bebidas, após registrar 0,46% em maio. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumula alta de 4,23% nos últimos 12 meses.

Juros básicos

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central utiliza a taxa básica de juros, a Selic, como principal ferramenta, atualmente fixada em 10,5% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Devido à recente valorização do dólar e ao aumento das incertezas econômicas, o BC interrompeu o ciclo de cortes na taxa de juros iniciado há quase um ano. Na última reunião, em junho, a Selic foi mantida nesse patamar por unanimidade, após sete cortes consecutivos.

Entre março de 2021 e agosto de 2022, o Copom elevou a Selic em 12 ocasiões consecutivas, em um ciclo de aperto monetário iniciado em resposta à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis. De agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa permaneceu em 13,75% ao ano, sendo reduzida posteriormente com o controle dos preços.

Antes do ciclo de alta, a Selic havia sido reduzida para 2% ao ano, o menor nível da série histórica iniciada em 1986, em resposta à contração econômica causada pela pandemia de covid-19. Esse patamar mínimo foi mantido de agosto de 2020 a março de 2021.

Mercado financeiro

Para o mercado financeiro, a Selic deve permanecer em 10,5% ao ano até o final de 2024. A expectativa é de que a taxa caia para 9,5% ao ano em 2025 e para 9% ao ano em 2026 e 2027.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda, encarecendo o crédito e incentivando a poupança, o que pode impactar os preços. Contudo, além da Selic, os bancos consideram outros fatores ao definir as taxas de juros para os consumidores, como o risco de inadimplência, lucros e despesas administrativas. Portanto, taxas mais altas podem também limitar o crescimento econômico.

Quando o Copom reduz a Selic, o crédito tende a ficar mais acessível, incentivando a produção e o consumo, o que pode reduzir o controle sobre a inflação e estimular a atividade econômica.

PIB e câmbio

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira em 2024 subiu de 2,15% para 2,19%. Para 2025, a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é de 1,94%. Para 2026 e 2027, o mercado financeiro estima um crescimento de 2% para ambos os anos.

Em 2023, a economia brasileira cresceu 2,9%, superando as projeções, com um valor total de R$ 10,9 trilhões, conforme o IBGE. Em 2022, o crescimento foi de 3%.

A previsão para a cotação do dólar é de R$ 5,30 para o final deste ano e de R$ 5,25 no final de 2025.

(Com Agência Brasil).

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