Bancos: o que esperar dos efeitos da “Super-Quarta”?

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As instituições financeiras, ao contrário do que acredita o senso comum, são algumas das empresas que mais têm a perder com os juros altos. Por isso, se as expectativas lançadas sobre a “Super-Quarta” se confirmarem, os bancos podem sentir os efeitos positivos no futuro.

Durante a  “Super-Quarta”, o mercado aguarda as decisões dos comitês dos bancos centrais do Brasil e dos EUA sobre suas respectivas políticas monetárias. No caso do Fed (Federal Reserve), a expectativa para um corte de juros ainda este ano aumentaram e, nesta reunião, espera-se possíveis indicações de quando isso deve ocorrer.

A redução do risco de inadimplência e a facilidade na concessão de crédito são dois dos fatores citados pelo analista Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments, considerando um corte de juros pelo Fed. 

Isto pela diminuição dos custos de financiamentos aos consumidores e empresas, o que também deve melhorar a qualidade geral dos ativos dos bancos, disse ele.

“No entanto, a queda dos juros também tende a reduzir o spread bancário, impactando negativamente a margem de lucratividade das instituições financeiras”, destacou Redivo em resposta ao BP Money.

Na visão de Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital, os spreads  independem do patamar dos juros, porém, com a maior concessão de crédito devido aos juros baixos, as instituições geram mais receita.

“Os bancos nacionais vêm batendo recordes de lucratividade, mesmo com juros altos […] Algumas pessoas defendem que, quando os juros estão altos, a concessão de crédito é mais lucrativa e ela até poderia ser mais lucrativa, mas, em contrapartida, perde-se no volume”, afirmou.

Já no quadro brasileiro, Redivo chamou atenção ao fato de que o BC (Banco Central) se prepara para uma mudança de comando, visto que a gestão de Roberto Campos Neto, presidente da autarquia, encerrará em dezembro deste ano. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicará um substituto até lá, mas as apostas mais fortes são em Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do banco.

“Este ano tem sido marcado por muita volatilidade na curva de juros, devido à comunicação frequentemente ruidosa entre o Governo e o Banco Central. Esse ambiente desafiador tem levado a uma alta recente do dólar, uma abertura da curva de juros e NTN-B pagando IPCA+6,5%”, comentou Gabriel. 

“Em resumo, enquanto o cenário de incerteza persiste, os bancos devem enfrentar desafios, mas também podem encontrar oportunidades em um ambiente de taxas elevadas e volatilidade cambial”, explicou. 

O que os bancos devem fazer para manter a atratividade?

Até que a “Super Quarta” confirme, de fato, as apostas do mercado, o que resta aos bancos é firmar suas estratégias em ações que atraiam os investidores, mesmo com o cenário negativo dos juros altos. 

Um dos principais movimentos para tal seria apresentar aos investidores um portfólio diversificado de produtos e serviços, pois torna as instituições mais fortes em meio às flutuações do mercado. 

O compromisso com a eficiência operacional, com a redução de custos desnecessários e melhora na produtividade são outros caminhos, apontou Gabriel. 

“Investir em inovação e tecnologia também é fundamental, pois pode aumentar a produtividade, melhorar produtos e serviços, e automatizar rotinas custosas”, frisou.

No desempenho do começo deste ano até o pregão de sexta-feira (26), as ações dos principais bancos se dividiram entre leves valorizações e fortes quedas. 

O Banco do Brasil (BBAS3) e o Itaú Unibanco (ITUB4) avançaram 3,03% e 5,97%, enquanto o Bradesco (BBDC4) e o Santander (SANB11) recuaram 23,99% e 12,60%, conforme dados da plataforma TradingView.

“O Itaú tem demonstrado melhorias significativas em processos, tecnologia e gestão de crédito ao longo deste ciclo de crédito. As receitas totais continuam a crescer, enquanto as despesas administrativas foram mantidas sob controle”, destacou Redivo. 

Em sua análise, o papel também despontou pela expansão da rentabilidade, pela redução do custo de crédito, junto com a falta de resiliência de seus pares no setor.

Para uma empresa ter facilidade em captação, acrescentou Corano, não tem a ver também com a oscilação de juros, mas sim por ela ter um bom uma boa administração, geração de caixa, ser uma boa pagadora. 

“Seria impossível uma empresa ter sucesso em captação, se os juros base do Brasil caíssem muito, enquanto os juros americanos não caiam”, disse o investidor da Corano Capital. 

Ninguém teria interesse em comprar esse tipo de papel, segundo ele. O Copom (Comitê de Política Monetária) vem cortando a taxa de juros desde agosto de 2023, quando a Selic (taxa básica de juros) caiu de 13,75% para 13,25%. 

A redução vinha em um ritmo de 0,50 pontos percentuais, desacelerou para 0,25 p.p. na reunião de maio e manteve-se sem cortes em junho.

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