A dor e o suicídio: Quando estar vivo não basta!!!

“ Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.” ( Madre Teresa de Calcutá ) 

Reflexões do ponto de vista da Psicanálise e da Medicina à respeito do tema suicídio e da dor mental.

O tema da dor e do suicídio é muito complexo porque envolve diversos olhares de áreas de estudos diferentes, por isso nós podemos tentar estuda-lo de um ponto de vista filosófico, sociológico, antropológico, moral, religioso, biológico, econômico, psicológico, psicanalítico, dentre muitos  outros olhares inter e multidisciplinares. O Profissional da área faz uma pequena reflexão escrevendo não como uma definição pragmática sobre o assunto mas apenas tendo um olhar psicológico e psicanalítico, com a intenção de apresentar que quando o suicídio acontece, ele não foi um evento que surgiu de maneira repentina, ou seja o indivíduo que faz a opção por seu auto extermínio, provavelmente a pessoa já vem em um sofrimento mental tão intenso e que por causa disso talvez já venha pensando e até tentando tirar sua própria vida de uma maneira bastante sutil para poder fugir aos olhares do clínicos mais perspicazes.

Observa-se de acordo com a literatura psicanalítica que podem haver diversos tipos de suicídio, consequentemente também ocorrem diversas facetas. A civilização humana desde os seus primórdios, por conta do seu sofrimento mental, busca maneiras de aplacar esta dor,nesse caso é que estaremos aqui adentrando em um outro terreno, que é o da dor mental, psíquica, e um grande exemplo disto, é a dor profunda de uma tristeza, por conta de um evento traumático em nossas vidas, e infelizmente uma das soluções que o ser humano encontra para aplaca-la, é interrompendo sua própria vida em alguns casos; no entanto podemos sempre compreendermos que certamente existem outras maneiras de nos matarmos, é nesse momento que o olhar à respeito do tema se amplia um pouco mais.

Convém sempre salientar de que existem aqueles, que mesmo estando doentes, com alguma cardiopatias graves ou câncer, optam em fazer o uso de alguma substância nociva à sua condição clínica, fazendo uma espécie de ”suicídio parcelado”, como o tabagismo, por exemplo.No entanto também outros, que sentem prazer em viver perigosamente e não são conscientes dos riscos que correm ou se sentem imunes a eles, como no caso dos motoristas que não respeitam às leis de trânsito. Já há aqueles que se voluntariam para arriscar a vida, como é o caso dos soldados que vão para uma missão em que não há muitas chances de sobrevivência e mesmo assim, seguem em sua fé cega para proteger sua pátria, também existem pessoas que fazem greve de fome por um ideal ou qualquer indivíduo que corre risco de vida por conta do seu altruísmo em excesso.

Devemos lembrar de que ainda teríamos mais dois exemplos para serem abordados com um olhar mais profundo, que seriam as pessoas que se envolvem em situações de risco e se acidentam com facilidade, além daqueles que possuem doenças mentais e que por causa disso autodestroem o próprio corpo, como pode ser visto nos transtornos alimentares, no entanto esse é um assunto que irá envolver uma discussão sobre autodestruição mais prolongada e muito mais complexa.

A pergunta que se faz é afinal que dor mental é esta que irá nos levar a buscar ignorá-la em muitos casos como a única  forma de lidar com a sua intensidade e em tantos outros não suportarmos ela ao ponto de tirarmos nossa própria vida?

Inicialmente devemos referir de que a pessoa tira sua própria vida por conta da dor e não pelo desejo de parar de viver, além do que o desejo de parar de viver, é devido à intensidade da dor que está sentindo, ou seja é o desejo de parar com aquela dor de um jeito ou de outro  que leva a tentativa de suicídio. Isto também pode ser explicado em relação àqueles que buscam se “suicidar” de maneira parcelada e não total.

Mas a questão é a dor, quer ela, seja física ou mental, sendo portanto um fenômeno-limite, entre o corpo e a mente, um complexo de emoções e sensações de ansiedade, de aflição ou de sentimento de abandono, quando então a pessoa não encontra palavras para representar falando ou nem sequer imaginar de onde vem o que está sentindo.

O trabalho clínico com casos de sofrimento psíquico severo é de auxílio diário com esses pacientes ajudando-os na construção de uma mente que seja mais tolerável, no sentido de conter emoções de experiências que possam trazer uma dor intensa, que até então não pôde ser representada, significada e simbolizada. Além disso, o desenvolvimento e trabalho desses casos, é algo artesanal e lento, que encontrará diversos obstáculos pelo caminho, porém apresenta muitos resultados satisfatórios com o tempo, ajudando o indivíduo a atingir uma condição de vida mental que vá mais além da pura sobrevivência à essas dores e dê um sentido à sua própria existência, inibindo o desejo de autoextermínio.

Uma  Boa e agradável Semana, que sempre lhe proporcione um forte Sentido de Viver…

Co-Autor: Erik Dória

Psicanalista/Psicólogo

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