Dólar sobe a R$ 5,55 e Ibovespa recua com fiscal e inflação no radar

O dólar operava em alta nesta segunda-feira, 23, à medida que investidores fazem ajustes após a “euforia” da semana passada com o aumento do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, demonstrando aversão ao risco antes da divulgação de mais dados de inflação de ambos os países nos próximos dias.

Por volta de 11h40, o dólar à vista subia 0,64%, a R$ 5,55 na venda, após chegar a subir 1%, passando dos R$ 5,57, na abertura da sessão.

Nesta sessão, o dólar se recuperava de forma acentuada das perdas acumuladas na semana passada, quando o início de um ciclo de afrouxamento monetário no Federal Reserve, somado à alta da Selic, valorizou o real frente à moeda norte-americana, que chegou a 5,42 reais, menor valor em um mês.

O aumento do diferencial de juros entre Brasil e EUA, que deve aumentar ainda mais nos próximos meses com as próximas decisões de política monetária, torna a moeda brasileira mais atrativa para investidores estrangeiros, que a utilizam em operações de “carry trade”.

No entanto, o mercado vem realizando ajustes nas posições desde sexta-feira, enquanto acirra os temores com a dinâmica da inflação brasileira e o cenário fiscal e opta por movimentos defensivos antes de uma nova bateria de dados econômicos nesta semana.

Na sexta-feira, o dólar à vista fechou o dia em alta de 1,84%, cotado a 5,521 reais, encerrando uma sequência de sete sessões consecutivas de perdas.

“Teve uma certa euforia com o corte do Fed, embora amplamente esperado, e acho que isso vem se dissipando”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

“E hoje acho que a turma está em compasso de espera defensivo, aguardando agenda da semana que é importante”, completou.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na sexta que “não há razão” objetiva para os recentes movimentos dos mercados, após uma sessão ruim para os ativos brasileiros no geral.

Ao longo desta semana, os mercados globais aguardam comentários de autoridades do Fed, incluindo o chair Jerome Powell, e números do índice de inflação PCE, a ser divulgado na sexta-feira, para obter novos sinais sobre a trajetória dos juros nos EUA.

No cenário nacional, agentes financeiros voltarão suas atenções para a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária na terça-feira e para os dados do IPCA-15 na quarta.

Mais cedo, economistas consultados pelo Banco Central na pesquisa Focus passaram a ver a Selic em um patamar mais alto ao fim deste ano, em 11,50%, de 11,25% na semana anterior. A expectativa é de que haja alta de 50 pontos-base na próxima reunião do Copom.

No cenário externo, por outro lado, o dólar perdia ante os pares emergentes do real, recuando ante o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.

O desempenho da moeda norte-americana em mercados emergentes ocorre na esteira da expectativa por novos estímulos econômicos da China, maior importador de matérias-primas do planeta, o que beneficiaria os países exportadores de commodities.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,19%, a 100,970.

Ibovespa

O Ibovespa recuava nesta segunda-feira, estendendo as perdas registradas na semana passada, apesar do clima mais favorável no exterior, com avanço dos índices acionários norte-americanos.

Às 10h40, o índice referência do mercado acionário brasileiro exibia queda de 0,26%, a 130.690,29 pontos. O volume de negócios era de cerca de 2,67 bilhões de reais. A baixa nesta sessão, se sustentada até o fim do pregão, marcará a quinta queda consecutiva do Ibovespa.

De acordo com o analista Renato Nobile, da Buena Vista, um tom “mais duro” do Comitê de Política Monetária (Copom) ao subir a Selic e a redução pelo governo do montante a ser contigenciado no Orçamento têm contribuído para o sentimento interno negativo.

Os ministérios do Planejamento e da Fazenda apontaram na sexta-feira que a contenção total de verbas de ministérios para respeitar regras fiscais será reduzida de 15 bilhões de reais para 13,3 bilhões de reais, com ganhos de arrecadação compensando uma alta de gastos obrigatórios.

As atenções agora se voltam para a entrevista coletiva do relatório de receitas e despesas nesta segunda-feira, às 11h.

Análise gráfica da equipe do BB Investimentos também apontou uma piora da percepção dos investidores com os temas domésticos, apesar do bom desempenho das bolsas norte-americanas.

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários abriram em alta, com investidores mudando seu foco para comentários de autoridades do Federal Reserve e dados econômicos na semana, após a decisão do banco central de iniciar o afrouxamento monetário.

 

DESTAQUES

– SANTOS BRASIL ON avançava 15,66%, em meio ao anúncio de que a gigante francesa do transporte marítimo CMA CGM acertou acordo para comprar 47,6% da companhia por 6,3 bilhões de reais. A empresa francesa também se comprometeu a lançar uma oferta pública de aquisição das ações remanescentes da Santos Brasil.

– VALE ON caía 0,35%, conforme os futuros do minério de ferro na China recuaram nesta sessão, com o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrando as negociações diurnas em queda de 4,5%, a 658,5 iuanes a tonelada. A mineradora também anunciou na sexta-feira que seu novo presidente, Gustavo Pimenta, assumirá o cargo em 1º de outubro.

– PETROBRAS PN subia 1,6%, em dia de leve alta dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent apontava avanço de 0,11%.

– ITAÚ UNIBANCO PN caía 0,7%, após cinco pregões consecutivos de queda. No setor, BRADESCO PN perdia 1,9%, também depois de cinco sessões seguidas de declínio.

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