Educação: dos cueiros aos bancos amarelos!

Waldson de Almeida Dias – OPINIÃO

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ELEIÇÕES 2024, NOVOS TEMPOS?! Tempos velhos na política, embora tenhamos uma percentagem muito grande da campanha eleitoral efetuada nas redes sociais. Conhecemos os candidatos através das redes sociais, embora o boca a boca de todo dia contribua para que muitos escolham em quem votar, mesmo sem um estudo melhor sobre os candidatos, suas histórias de vida e contribuições para sociedade em que vivem.

Em minha nada modesta opinião, tudo começa pela educação! Educação de qualidade forma cidadãos de qualidade que possuem um olhar diferenciado para os seres humanos que os cercam e procuram pautar suas vidas em prol de uma sociedade melhor.

 Resolvi analisar qual o futuro da cidade onde vivo, a cidade das águas, Foz do Iguaçu, começando pela educação e não pelos candidatos que vão concorrer ao pleito de outubro de 2024. O que está feito está feito, cabe ao munícipe escolher pautado no histórico dos que estão postulando chegar ao legislativo e ao executivo. Temos de tudo, de aventureiros sem escrúpulos com vídeos bonitos na internet aos experientes sempre candidatos de quatro em quatro anos e os que realmente merecem ser vistos e escutados, pois nosso futuro está ligado as suas ideias e ideais.

 Mas, e os que ainda estão nos cueiros como dizia minha avó? Ou seja, os nossos estudantes de hoje que povoam nossa educação básica? Antes que que me chamem de velho, ancião ou algo parecido, principalmente por usar a palavra “cueiro”, que para quem não sabe se refere aos paninhos em sua maioria de flanela, que servem para embalar e proteger os bebês.

Estes futuros cidadãos é que me preocupam no momento, o que está sendo ensinado para eles em termos de educação para que se tornem pessoas melhores, homens e mulheres que no futuro possam vir a dirigir nossa cidade.

Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de maneira crítica!”

                    (Paulo Freire)

 Não me considero ancião ou velho, mas o FOZTRANS, órgão municipal responsável pelo gerenciamento e fiscalização dos serviços relacionados aos transportes públicos e ao trânsito de Foz do Iguaçu, me considera um cidadão Sênior. Pelo menos é o que diz no monitor de bilhetagem eletrônica do transporte coletivo da cidade quando passo meu cartão.

Tenho mais de sessenta anos e ao começar a utilizar este sistema para me locomover pela cidade, comecei a perceber que o transporte coletivo publico da cidade é ruim. (falarei sobre o transporte coletivo nesta série de crônicas seguintes)

Mas, mesmo o transporte coletivo sendo ruim, ele reserva um certo número de acentos, bancos de cor amarela, para pessoas idosas ou sênior, para pessoas portadoras de alguma discapacidade e um espaço para cadeira de rodas que tem ao lado um banco de cor amarela para o acompanhante do cadeirante, caso exista.

Pois, no trajeto que faço de minha residência até o trabalho, percebo um grande número de estudantes, jovens ainda nos cueiros, meninos e meninas sentados nos lugares em amarelo que não lhes pertence, enquanto pessoas idosas ficam em pé segurando como podem para não irem ao chão em cada curva que os ônibus efetuam. Alguns solicitam os lugares que lhes são de direito, mas na grande maioria das vezes não logram sucesso.

No meu trajeto, a grande maioria dos jovens descem do transporte coletivo em uma parada junto a uma instituição municipal de ensino em cujo um dos artigos consta que a instituição visa conscientizar  os adolescentes, a respeito do exercício da cidadania, seus direitos e obrigações, valores éticos e morais, preparando-os para ingresso no mundo do trabalho, na condição de aprendiz, conforme legislação vigente.

Pois bem, já virei figurinha carimbada neste trajeto e horário e a maioria dos estudantes aprenderam um pouco de cidadania. Mas, e os demais itinerários da cidade? Quantos e quantas pessoas são transportadas em ônibus tal qual sardinhas em lata sem poderem ao menos sentar-se por alguns minutos, enquanto a juventude está nem aí! Aprendi que a educação vem de berço e que a escola aprimora e o que as escolas de educação básica de nossa cidade está nos preparando?

Muitos dos pré-candidatos para as eleições de outubro deste ano têm a fórmula mágica para a educação, mas a quantas anda nossa educação? Trata-se de uma educação inclusiva? Os alunos, desde tenra idade já percebem as injustiças sociais de maneira crítica ou são vítimas destas mesmas injustiças? A Lei n° 10.639 e a 11.645 estão sendo cumpridas?

Estes pré-candidatos sabem que leis são estas e a que se destinam? Entendem do assunto? Os futuros dirigentes que serão colocados em cargos de confiança na secretária de educação estão preparados ou em sua maioria são comissionados que ignoram as salas de aula?

Quantos dos pré-candidatos não são ou foram em um passado não muito distante os adolescentes sentados nos bancos amarelos do transporte coletivo de nossa cidade e por se acostumarem a tirarem o lugar do trabalhador agora com nossa ajuda vão continuar sentados em cadeiras confortáveis no legislativo ou no executivo?

Não sou candidato a nada, mas questiono todos os pré-candidatos que de mim se aproximam para conversar, pedir votos ou simplesmente se vangloriar de que já se acham eleitos. E posso lhes dizer baseado em minha nada modesta opinião, tal qual já afirmei, é um verdadeiro circo dos horrores!

Por isso a primeira pergunta que lhes faço é, caso sejam eleitos, que educação é a que temos? E que educação almejamos? Os que começam a respostas me dizendo: “Bão, nóis vai…” e acreditem são muitos, já recebem minha total indiferença e desprezo.

Vamos eleger nosso futuro em outubro de 2024, na verdade, essa educação está em nossas mãos, saibamos separar o joio do trigo ou continuaremos em pé no transporte coletivo enquanto os que estão sentados vão ditar o que devemos aprender e como devemos ser.

Dito isso, vou retornar a minha leitura, no momento estou relendo aquele que abre as mentes, o Machado, de Assis é obvio e, casualmente estou relendo “Quincas Borba”, escrito em 1892, onde ele diz: “Ouça-me este conselho: em política, não se perdoa nem se esquece nada”.

Machado serve para mim e para você também! Pense nisso!


Waldson de Almeida Dias é servidor público municipal.

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